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Nobel de Economia defende mais ambição na educação

Para Eric Maskin, governos precisam investir mais em treinamento de mão de obra e na primeira infância para diminuir desigualdade de renda

12 mar 2014 - 23h17
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Vencedor do Prêmio Sveriges Riksbank (Banco Central da Suécia) de Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel, popularmente conhecido como Nobel de Economia, de 2007, Eric Maskin afirmou nesta quarta-feira que os países têm que ter mais ambição em relação à qualidade da educação de seus cidadãos e que a desigualdade de renda está intimamente ligada ao nível de conhecimento da educação e da força de trabalho. 

Em palestra na Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro, o economista defendeu as políticas de transferência de renda como uma maneira de diminuir as diferenças entre ricos e pobres, mas disse que elas têm efeito temporário. "Sou a favor das políticas antipobreza, mas devemos lembrar que, seja nos Estados Unidos, no Brasil, ou em qualquer outro país, não estamos lidando com o que está por trás do problema. Quem não tem uma boa qualificação, não tem boa qualidade de vida. Os governos têm que ter mais ambição a respeito do nível educacional", disse Maskin.

Segundo Maskin, as desigualdades de renda podem desestabilizar um país social e politicamente. Na opinião dele, cabe principalmente aos governos trabalhar para treinar os trabalhadores menos educados, para que eles consigam melhorar de vida. "A desigualdade não vai acabar sozinha. Temos que dar treinamento aos trabalhadores, para melhorar o nível educacional deles, para que os menos qualificados, que chamo de categoria D, fiquem em um nível acima de qualificação, que chamo de C. Mas quem vai pagar essa conta? Os trabalhadores são pobres e não podem pagar. E se as empresas treinarem os menos qualificados, elas terão que arcar com salários maiores. Então é o governo ou alguma fundação que tem que pagar a conta", disse.

Ele sugeriu que os governos ofereçam incentivos fiscais à iniciativa privada para que ela invista mais no treinamento da mão de obra menos qualificada. Na opinião dele, por mais que existam empresários que apliquem recursos em educação, o que eles fazem não tem escala suficiente para atingir toda a população que precisa ser qualificada. "Os governos podem dar subsídios para as empresas treinarem seus trabalhadores, diminuindo impostos, por exemplo", disse.

Na opinião do economista, políticas de transferência de renda, como o Bolsa Família (em que as famílias recebem renda vinculada à frequência dos filhos na escola), ajudaram o Brasil a diminuir a desigualdade de renda nos últimos dez anos. Mas ele acredita que é preciso fazer mais do que dar dinheiro para os pobres. "Sou a favor da transferência de renda quando necessário, mas acho que parar por aí significa desistir muito facilmente", afirmou.

Maskin deu uma sugestão de política que o Brasil poderia adotar para diminuir sua desigualdade de renda ainda mais: aumentar os investimentos na primeira infância, matriculando mais crianças na educação infantil. "Estudos mostram que a educação infantil, desde cedo, pode surgir efeito no longo prazo. Se você matricular na pré-escola uma criança que normalmente não teria direito a isso, ela pode não ter desempenho melhor de imediato, mas quando ela entrar no mercado de trabalho, ela terá salário maior do que se não tivesse frequentado a escola desde cedo", disse, citando política adotada nos Estados Unidos.

Em debate promovido pela FGV, Maskin concordou com Rubens Cysne, diretor da faculdade de Economia da FGV, sobre a importância do conhecimento de idiomas para os trabalhadores. "Na Índia, funcionários de call centers só conseguiram seus empregos porque sabem inglês. Foi a habilidade na língua que trouxe a felicidade do emprego para eles", disse o vencedor do Nobel.

Fonte: Terra
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