O drama da 2ª Guerra Mundial retratado por uma fábula em quadrinhos
Em Maus, Art Spiegelman, de família judaica, narra a história de seus pais em meio à guerra, numa fábula na qual os personagens são animais
O quadrinista norte-americano Art Spiegelman conseguiu uma proeza em 1992, quando venceu o Prêmio Pulitzer com sua história em quadrinhos Maus. Foi a primeira vez que uma HQ ganhou o prêmio, referência mundial em jornalismo, literatura e música. Maus é uma obra-prima, que merece ser lida por quem queira conhecer melhor o horror da guerra.
Maus (rato, em alemão) narra a saga dos pais do autor, judeus poloneses, para sobreviver ao Holocausto - o extermínio nos campos de concentração nazistas -, no cenário terrível da Segunda Guerra Mundial. Com base nos relatos que recolheu do pai, Vladek, Spiegelman constrói uma alegoria, em que os judeus são ratos; os poloneses, porcos; os alemães, gatos; e os norte-americanos, cachorros.
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Com essa maneira original e singular de abordar uma duríssima realidade, Spiegelman elabora uma narrativa atraente, quase impossível de não ser lida de uma só vez. Mesmo retratadas como animais, as personagens são construídas de forma profunda e complexa. Têm personalidades marcantes, graças à brilhante associação que o autor faz entre texto e imagem.
A história começa antes mesmo de o nazismo emergir na Europa, seguindo a narrativa feita por Vladek, já idoso. Ele conta como conheceu a esposa, Anja, e tiveram o primeiro filho. No período pré-guerra, a família ouvia os boatos terríveis sobre os nazistas na Alemanha, até o conflito engolfar a Polônia e, ao final, a família ser enviada para o campo de concentração de Auschwitz. Lá, o menino morre. Art Spiegelman, nascido em 1948, não conheceu o irmão mais velho. Seus pais sobreviveram, mas tiveram a vida profundamente marcada pela insana experiência.
Ao lermos Maus, vemos surgir toda a dimensão da opressão e da crueldade nazistas, do horror da Segunda Guerra Mundial e da perseguição e extermínio dos judeus, o que leva o leitor a refletir sobre vários aspectos dos acontecimentos narrados. Originalmente, a obra foi publicada em duas partes, com cinco anos de distância entre elas. A edição brasileira, da Companhia das Letras, traz a história completa.
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