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Oferta de empregos para profissionais trans cai 57% em 2023, mostra levantamento

Estudo da TransEmpregos aponta ainda queda de 7% entre os profissionais empregados; especialista dizem que cenário reflete amadurecimento da pauta de diversidade nas empresas

29 jan 2024 - 19h44
(atualizado às 20h53)
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3,2 milhões de trabalhadores devem perder o emprego
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Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil / Estadão

As oportunidades de emprego oferecidas a profissionais transgênero, termo considerado um guarda-chuva para pessoas que fogem dos papéis sociais de gênero, caíram 57% em 2023, em comparação com o ano anterior. A conclusão é do levantamento sobre empregabilidade para pessoas trans divulgado pela plataforma gratuita TransEmpregos, uma das poucas instituições brasileiras a mapear esses dados anualmente, realizado para o Dia Nacional da Visibilidade Trans, que acontece nessa segunda-feira, 29. No ano passado, foram oferecidas 2.549 vagas para esse público.

A plataforma, que nasceu em 2013, por iniciativa de mulheres trans e travestis que buscavam preencher a lacuna da qualificação profissional entre pessoas transsexuais com cursos gratuitos, aponta também uma queda de 7% entre os profissionais empregados em relação a 2022. Eram 1.040 no total, no ano passado.

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Os dados demonstram que, mesmo com a ascensão da agenda ESG (sigla em inglês para boas práticas em meio ambiente, social e governança), que impulsionou a pauta de diversidade nas empresas, ainda são poucos os programas e trainees focados em públicos socialmente minorizados — que, por algum motivo ligado ao preconceito de cor, etnia, classe social ou gênero, ficaram excluídos historicamente.

Embora os dados demonstrem uma queda — a primeira na década, desde quando a plataforma foi criada, em 2013 —, Maitê Schneider, uma das fundadoras da TransEmpregos, analisa que o cenário ainda é positivo.

Ela aponta que o nível de contratação em si não sofreu uma queda tão expressiva. Para ela, a mudança demonstra que as empresas estão sendo mais propositivas ao criarem vagas afirmativas.

Schneider destaca que ainda existem barreiras e preconceitos a serem enfrentados, com as companhias facilitando a contratação de pessoas mais "passáveis", ampliando a exclusão em alguns grupos.

"Considerando as mesmas soft skills, senioridade e grau de especialização, um homem trans vai ser mais facilmente contratado do que uma mulher trans. Se for uma mulher trans, preta e PcD (pessoa com deficiência), eu não consigo colocar nem nas empresas premiadas por diversidade e exclusão", afirma Schneider.

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A especialista aponta que o número pequeno de vagas destinadas a uma determinada população muitas vezes gera a sensação de ter que provar a sua competência, o que acaba sendo um fator de estresse e uma carga emocional a mais para o profissional que afeta diretamente o psicológico das pessoas trans.

"Sempre ouço que, com as vagas afirmativas, as empresas vão ter que baixar o filtro, baixar a régua. Eu me pergunto: 'Baixar onde?'. A régua é muito mais alta para pessoas trans. Além de ter todas as competências, a autoprovação vai ser muito mais ferrenha para provar para os outros que você merece aquela vaga", disse Schneider.

Estadão
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