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Ômicron já faz governos adiarem volta das aulas presenciais

No Tocantins e em ao menos quatro capitais do Brasil o retorno foi prorrogado

30 jan 2022 - 14h42
(atualizado às 15h36)
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Grande parte das redes públicas já iniciou ou prevê retomar aulas presenciais nas próximas semanas, mas a variante Ômicron atrasará a volta às escolas em ao menos uma rede estadual (Tocantins) e de todos ou parte dos alunos de quatro capitais (Belo Horizonte, Manaus, Belém, São Luís), além de Teresina, que terá rodízio. No interior e em regiões metropolitanas, há adiamentos do ensino presencial para abril.   

Apesar da escalada do coronavírus no País, especialistas apontam que a educação deve ser priorizada - a maioria dos governo não tem adotado restrições mais duras em relação a shows, festas e jogos de futebol, por exemplo. Pesquisas mostram que é possível reduzir o risco de transmissão com protocolos sanitários, como testagem e máscaras reforçadas. O Brasil foi um dos que ficaram mais tempo com colégios fechados, com grandes prejuízos de aprendizagem.  

Alunos em escola da rede municipal de São Caetano do Sul (SP)
Alunos em escola da rede municipal de São Caetano do Sul (SP)
Foto: Danilo M Yoshioka / Futura Press

Em São Paulo e no Rio, por exemplo, as aulas presenciais voltam em fevereiro - isso vale para as redes municipal e estadual. Já o prefeito de BH, Alexandre Kalil (PSD), adiou a volta presencial das redes públicas e privada do dia 3 para o dia 14 nas turmas entre 5 a 11 anos, sob argumento de que é preciso avançar na vacinação e "proteger a saúde de alunos, familiares, professores e funcionários de instituições de ensino".

O sindicato de trabalhadores da rede municipal havia pedido o adiamento. Já a entidade local de colégios particulares criticou. A prefeitura destacou ainda que vai pagar R$ 100 às crianças da rede pública, que vão ficar sem merenda.

Tocantins adiou do dia 1.º para o dia 14. Além da alta da covid, as enchentes foram apontadas como motivo. Segundo o secretário da Educação, Fábio Vaz, o ensino será prioridade, mas é preciso mais tempo para preparar a estrutura escolar, sobretudo em cidades menores. "Será feito diagnóstico em cada ciclo de ensino para definir o nível que o aluno está e serão oferecidos conteúdos para a recomposição", diz ele, que descarta adiar de novo.

A diarista Vânia Lopes, de 50 anos, tem sentimento dividido sobre a ida do filho Geovanne, de 16. "A gente fica com medo, porque cada dia é um tipo de variante que está vindo', conta ela, do Tocantins. "Mas voltar pra escola é melhor, porque aula presencial tem mais rendimento. Em casa, ele olhava na internet, tirava dúvidas e tudo, mas é complicado aprender", conclui. 

Os alunos de Belém retornaram dia 24, de forma remota, e é prevista volta escalonada nas próximas semanas. "A adoção do retorno gradual das aulas é necessária enquanto não se conclui o processo de imunização contra a covid-19 de crianças de 5 a 11 anos", escreveu o prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL) nas redes sociais.

Em Manaus, a rede municipal começa dia 7, no modelo online. No anúncio da decisão, a prefeitura disse seguir orientações dos órgãos de saúde e cuidar da segurança de todos.

São Luís empurrou a volta do dia 1.º para o dia 22, sob justificativa da covid e outras doenças gripais. Segundo informe da capital maranhense, a decisão foi tomada em conjunto com representantes da área da Saúde e do Ministério Público e o ano letivo será cumprido.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Em Teresina, o modelo será híbrido, a partir do dia 7. Segundo a secretaria local, é cedo para o retorno 100% presencial, pois crianças de 5 a 11 anos ainda não estão vacinadas.

Em algumas cidades, o adiamento foi por tempo ainda maior. Jaboatão dos Guararapes - segundo município mais populoso de Pernambuco - passou a volta presencial para abril.

A imunização do grupo de 5 a 11 anos começou quase um mês após o aval da Anvisa, por causa da resistência da gestão Jair Bolsonaro em iniciar a campanha na faixa etária. Júlia Ribeiro, porta-voz de educação da Unicef no Brasil, braço das Nações Unidas, defende que a vacinação não pode condicionar a volta às aulas. "É preciso que as escolas estejam preparadas para ir atrás das crianças que não conseguiram estar ou deixaram a escola na pandemia; que deixaram de aprender", diz.

A epidemiologista Ethel Maciel diz que é possível pensar em volta escalonada, iniciando por adolescentes para esperar avanço da vacinação infantil, mas critica a falta de planejamento. "Não tivemos investimento, como Estados Unidos e Europa. Aqui o protocolo é verificar temperatura - e no pulso. O valor é quase zero, já que muitas crianças são assintomáticas. Além de estarmos até hoje com professores com máscaras de tecido. Se houvesse distribuição de máscaras melhores e testes, já melhoraria."

Com a Ômicron ainda em alta, serão desafios o cancelamento de aulas das classes onde houver alunos infectados e o afastamento de professores doentes, o que já dificultou a manutenção de escolas abertas no Reino Unido e nos EUA.

No interior de SP, São Roque posterga início em uma semana

No interior paulista, São Roque postergou o início das aulas em uma semana, para 7 de fevereiro. "A data foi adiada a pedido da empresa responsável pela manutenção das escolas", disse a prefeitura em postagem em canais oficiais no dia 25, atribuindo o adiamento a melhorias e reformas. Como o Estadão mostrou, São Roque era uma das 23 cidades do Estado que ainda não tinham retomado as aulas presenciais em outubro.

Em Brodowski, a 28 km de Ribeirão Preto, a secretária de Educação, Clea Posses, antecipou o recesso de abril, adiando o início das aulas de 1.º para 7 de fevereiro. "Na nossa cidade teve avanço muito grande da covid", diz. "Nesses dias, tentaremos fazer convencimento dos pais da importância de vacinar." / COLABORARAM ALINE RESKALLA, EVERTON SYLVESTRE E LAILTON COSTA, ESPECIAIS PARA O ESTADÃO

Estadão
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