Pai vende lanches e marmitas nas ruas para ajudar filha a estudar
Homem transita pela região da zona sul para arrecadar dinheiro que paga mensalidades de faculdade
-1h7lxuebals1i.png "Pai vende lanches e marmitas de porta em porta por mais de 5 bairros da zona sul para pagar faculdade da filha, que estuda publicidade")
Para arrecadar dinheiro e pagar a faculdade de sua filha, Eduardo Zeiner, de 58 anos, circula 4 horas por dia, no mínimo, para vender lanches naturais, panquecas artesanais e marmitas de porta em porta por algumas regiões de São Paulo.
Vestido com uma camisa branca estampada com a foto da filha - e com os dizeres: "Ajude-me a pagar a faculdade da minha filha. Compre lanche natural" -, ele sai de casa todas as manhãs e circula por ruas do centro e da zona sul de São Paulo, além de Embu-Guaçu, na Região Metropolitana. Dessa forma, ele tenta garantir a continuidade dos estudos da filha, bolsista recém-ingressante do curso de Publicidade.
Eduardo trabalha com culinária desde os seus 19 anos e já foi dono de duas lanchonetes, mas precisou parar de trabalhar por questões de saúde após a retirada de um câncer no intestino. Recebendo o dinheiro do Bolsa Família no valor de R$ 600, que não supria as despesas da casa e prevendo a entrada da filha na faculdade, ele resolveu investir mais uma vez no seu talento para a cozinha. "Eu já precisava pensar em alguma coisa para a faculdade dela, precisava de algo para dar o ponto pé inicial para ela não parar de estudar. Um dia ela fez um lanche e eu gostei, então resolvi sair para vender", conta.
Em 2022, na época que ele começou a comercializar os alimentos que produz manualmente e de maneira caseira, a renda da sua esposa --que trabalhava como diarista-- ajudava a pagar os gastos da casa, mas um problema de saúde impediu que ela seguisse trabalhando. Ainda assim o valor da faculdade da filha (R$ 350) sempre foi prioridade para a família.
"Primeiro a gente paga a faculdade dela e depois as outras coisas", afirma. "Eu faço meus lanches e saio de manhã. Vendo e volto pra casa. Se eu ver que o movimento foi fraco, eu tento vender mais na parte da tarde", acrescenta.
Dentre os quitutes que ele vende, o hot dog no pote chama atenção pelo nome, porém, o carro chefe é o lanche de frango desfiado com requeijão, cenoura, alface lisa e tomate cereja. Também chamam atenção da clientela as marmita com 3 panquecas com recheio de carne - bovina ou de frango - e molho branco, acompanhadas com sobremesa e bebida. O valor cobrado é de R$ 20 a 25. O montante arrecadado no final do mês chega entre 1.200 a 1.300.
Hoje, tratando um novo câncer, agora alojado no fígado, Eduardo se programa financeiramente para levantar uma reserva para se manter, já que em breve vai passar por um processo cirúrgico. "Vou ao hospital nos dias que tenho que ir e, nesse meio tempo, estou juntando dinheiro para quando operar, pois vou ter que parar de trabalhar por conta da recuperação", explica.
Durante esse um ano como autônomo, o pai já contabiliza 50 clientes fixos. Para pressionar as vendas online e aumentar a divulgação dos seus produtos, ele criou uma página no instagram chamada Delícias do Edu, o qual usou os ensinamentos da sua filha publicitária para criar o logo da marca que estampa o perfil da conta.
Todos os dias, Eduardo posta nos stories da conta o que está levando para os seus clientes e também recebe encomendas via redes sociais. Para a produção, ele gasta um dia inteiro, o qual divide entre saídas para compras de mantimentos e confecção dos produtos alimentícios.
Ele também revela que não se vê parando de trabalhar, mesmo quando a filha se formar, no futuro. "Ainda que ela trabalhe, eu vou continuar. Enquanto eu tiver força e saúde eu vou continuar. Eu gosto do que eu faço e não quero parar".
Além da habilidade com a cozinha, Eduardo comenta que está aberto para ofertas de freelancer como cozinheiro, churrasqueiro, entre outros serviços da área de culinária.
