Paulo Freire não era comunista, era crítico, diz biógrafo
De acordo com o pesquisador Sérgio Haddad, o educador era uma pessoa de esquerda mas não se alinhava a nenhum governo autoritário
O pesquisador Sérgio Haddad, biógrafo de Paulo Freire, acredita que os ataques que surgiram no governo de Jair Bolsonaro ajudaram a impulsionar a busca por conhecimento sobre o educador.
Há um entendimento equivocado de quem foi Paulo Freire?
Tem muita desinformação na crítica, por exemplo, ele nunca foi comunista. Era, sim, uma pessoa de esquerda, estava do lado dos mais pobres, mas não se alinhava a nenhum governo autoritário, foi crítico com os comunistas. Mas há aqueles que não querem saber, criticam porque foi secretário do PT.
Onde é possível ver Freire nas escolas atuais?
Nas escolas mais participativas, que trazem o conhecimento dos alunos para a sala de aula. Freire fala que se um professor passa um ano dando a sua aula e no fim ele é o mesmo, algo está errado. Esse estímulo a refletir no processo educativo é freireano.
Os ataques o enfraqueceram?
Acho que a quantidade de eventos, de textos, que vem sendo feitos foi também muito impulsionada por essa conjuntura. Desde a campanha, com ministros da Educação atuais, foi surgindo um movimento em defesa do legado de Freire e de debate sobre seu pensamento e obra. Se ele estivesse vivo, seria uma voz muito forte para confrontar o que está ocorrendo. Ninguém é obrigado a gostar dele, mas respeitar seu reconhecimento internacional seria uma forma de respeito à ciência.
O que será que ele diria sobre Bolsonaro?
Ele estaria muito bravo, estaria verbalizando uma raiva, mas também o 'esperançar'. A importância de saber que o futuro não é inexorável.