Script = https://s1.trrsf.com/update-1725976688/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Pesquisa: diversidade sexual não chegou aos livros didáticos

Pesquisa: diversidade sexual não chegou aos livros didáticos

24 jul 2009 - 07h56
(atualizado às 12h34)
Compartilhar

O debate incipiente sobre diversidade sexual nas escolas atinge tambémos materiais didáticos. Segundo pesquisa da doutora em psicologia Tatiana Lionço, da Universidade de Brasília (UnB), os livros usados em sala de aula pelos alunos da rede pública ignoram a temática da homossexualidade.

Estudo financiado pelo Programa Nacional de DST e Aids do Ministérioda Saúde e pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc) analisou 67 das 99 obras mais distribuídas pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). O programa, do Ministério da Educação(MEC), é responsável por fornecer os materiais a todos os estudantes da educação básica da rede pública.

Tatiana Lionço ressalta que as comissões formadas pelo MEC paraselecionar as obras conseguem impedir que conceitos discriminatórios cheguem até aos alunos, uma vez que a análise não constatou a presença de "injúria homofóbicas" nas obras. Mas a diversidade sexual, no entanto, não é retratada nos livros. "Existe um silêncio absoluto sobre essetema, o que é insuficiente para uma política que sepropõe a enfrentar a homofobia", aponta a pesquisadora.

De acordo com ela, esse silêncio também produz o preconceito e prejudica o desempenho do estudante homossexual. "O silêncio tem uma dimensão produtiva porque ele diz quenão se pode falar sobre homossexualidade na sociedade. Ahomofobia é uma experiência de extrema solidãoporque os espaços que seriam de proteção social,como a escola, mantêm a dinâmica homofóbica."

Segundoa coordenadora-geral de Direitos Humanos do MEC, RosiléaWille, as dimensões da diversidade já foram incluídasno PNLD. Segundo ela, é preciso elaborar editais "cada vezmais qualificados" para que as editoras sejam incentivadas aincluir a temática da homossexualidade nas obras.

"Temosum instrumento poderoso nas mãos. Se colocamos como regra queo livro precisa representar a valorização dadiversidade, pela qual nós temos trabalhado muito noministério, as editoras vão se adequar porque nóssomos os maiores compradores de livros", diz. O ministériotambém tem investido na produção de materiaisespecíficos para que as escolas trabalhem o tema.

O estudo ressalta que outros temas ligados à diversidade, comoquestões de gênero, etnorraciais e das pessoas comdeficiência, já aparecem nos livros didáticos."Mas a homossexualidade é como se não existisse",observa Tatiana Lionço. "Nos livros já existe umaconcepção de família bastante diversa, sãoretratadas famílias chefiadas por mulheres, mas não porpais gays ou mães lésbicas. Existem vários contextos emque a questão poderia estar incluída, a ideia étrabalhar a diversidade sexual com naturalidade", diz.

Apsicóloga acredita que a dificuldade para abordar o tema nasobras está ligada à própria resistênciaque existe em relação à educaçãosexual, especialmente dos pais. "É um tabu que contraria ospróprios dados epidemiológicos da gravidez nãodesejada na adolescência, por exemplo. A escola pode terdificuldades para inserir o tema, mas isso se justifica por umaquestão de saúde pública e de proteçãodos direitos humanos", defende.

Agência Brasil Agência Brasil
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra