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Phelipe Siani reflete sobre relação com os livros: ‘Não sou um leitor voraz’

Ao Terra, jornalista explica como aprendeu a gostar da leitura e cita TDAH como divisor de águas

26 jan 2025 - 04h59
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Phelipe Siani, jornalista, influenciador, empresário e autor
Phelipe Siani, jornalista, influenciador, empresário e autor
Foto: @Instagram | Reprodução

Phelipe Siani fez carreira no jornalismo televisivo. Nesses 20 anos dedicados à profissão, ele já teve passagem pelo SBT, pela Rede Globo --contando afiliadas e matriz-- e agora atua como âncora no núcleo de Soft News da CNN Brasil. Paralelo a isso, também é empresário, palestrante, influenciador e irá se lançar como autor de livros. 

  • Esta entrevista faz parte da série Eu Indico!, em que famosos compartilham suas histórias com os livros.

Dividindo-se entre cinco carreiras de forma simultânea, Phelipe Siani raramente encontra tempo vago para se dedicar à leitura. E mesmo que consiga, na contramão do estereótipo que ronda a profissão, ele nem sempre encontra-se motivado para se debruçar sobre algum livro. 

O hábito da leitura para Phelipe Siani atualmente ocorre em doses homeopáticas, ou seja, em pequenos momentos do cotidiano, geralmente quando está no transporte público, tomando um café antes de uma reunião, no carro de aplicativo ou relaxando em casa. Além disso, ele não se apega a periodicidade, pode ler um pouco hoje e amanhã, depois só continuar daqui dois dias, ler uma semana e retomar o livro na outra. Ele segue seu próprio ritmo.

“Eu não gostava de ler”

Phelipe Siani, jornalista, influenciador, empresário e autor
Phelipe Siani, jornalista, influenciador, empresário e autor
Foto: @Instagram | Reprodução

Apesar de ser referência na comunicação, nem sempre teve uma boa relação com os livros. Na infância e juventude, ele se considerava uma pessoa que não gostava de ler. Hoje, entende o motivo, pois foi diagnosticado com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) há pouco mais de três anos. Após passar por um processo terapêutico, considera que aprendeu a gostar do hábito da leitura.

“Nunca fui, e até hoje não sou um leitor voraz, mas sempre me apaixonei por histórias, por aprender sobre elas e por contá-las. Sempre fui hiperativo. Hoje eu entendo e sei que tenho TDAH, mas quando era criança isso não se falava, não se tinha esse diagnóstico. Eu tinha muita dificuldade para sentar e ler. Naquela época, o que acabou me chamando mais atenção foram os gibis da 'Turma da Mônica', que traziam histórias rápidas e fáceis de consumir. Eles ocuparam uma parte importante da minha infância.”

Como a maioria das crianças, foi alfabetizado por volta dos sete anos. Vindo de uma família de classe média baixa, em que sua mãe trabalhava em um shopping para garantir o sustento, ele reconhece que não teve muito incentivo à leitura em casa ou na escola. O interesse surgiu por iniciativa própria. No entanto, a hiperatividade era um fator que dificultava a constância.

Na juventude, já na faculdade, sentia-se frustrado por cursar jornalismo e, teoricamente, não gostar do hábito da leitura.

“Eu me culpava porque achava que não gostava de ler e me perguntava: ‘Cara, como eu quero ser jornalista se não gosto de ler?’. Sentia que não ia dar certo, porque todo mundo fala que precisa ler muito. Mas percebi que não era que eu não gostava, eu apenas não sabia como criar o hábito da leitura. Quando você quer economizar dinheiro, não começa com R$ 5 mil, mas sim com quantias menores que cabem no bolso. Foi o que fiz com os livros: fui escolhendo leituras mais leves.”

Foi nessa época que Phelipe Siani conheceu autores que mudaram sua visão de mundo, como Truman Capote, Mario Sergio Cortella e José Saramago. Trabalhando e estudando para pagar o curso de jornalismo, ele admite que esse foi o período em que mais leu --muitas vezes, mais de um título ao mesmo tempo.

“Eu ia encaixando a leitura onde dava: no ônibus, no horário de almoço no mercado onde eu trabalhava... Alguns livros eu não conseguia ler por completo, então recorria à leitura dinâmica ou a resumos. Foi uma rotina complexa, mas muito importante, porque aprendi que não precisava decorar tudo. Na escola, tínhamos que decorar. Até hoje sei de cor o soneto de Camões, mas naquela época não estudávamos para entender o que ele dizia. Com esses livros, passei a questionar por que a sociedade é como é... E isso mudou minha perspectiva de vida.”

“Chegava em casa e não queria ler mais nada”

Phelipe Siani, jornalista, influenciador, empresário e autor
Phelipe Siani, jornalista, influenciador, empresário e autor
Foto: @Instagram | Reprodução

Ao ingressar no jornalismo televisivo, a frequência da leitura diminuiu, mas dessa vez ele se acolheu e entendeu que isso era uma consequência da profissão.

“A rotina do jornalista exige muita leitura. O processo de estudar as pautas na rua, por exemplo, é uma leitura contínua. Às vezes saía o relatório do Banco Central sobre a taxa de juros. Eu tinha que abrir o documento, ler bastante, traduzir para o público, transformar em reportagem e apresentar. É uma rotina intensa. Então, muitas vezes, eu chegava em casa e não queria ler mais nada, só jogar videogame.”

Já consolidado na carreira, Phelipe Siani decidiu investigar melhor sua dificuldade com a leitura. Desde sempre, notava que tinha problemas para manter o foco, precisando reler parágrafos e até páginas inteiras porque esquecia o conteúdo. Acabou recebendo o diagnóstico de TDAH. A partir disso, ressignificou sua relação com os livros e começou a enxergar sua 'dificuldade' de outra maneira.

“Passei a vida me culpando e tentando me encaixar em padrões que não faziam parte do funcionamento do meu cérebro. Quando descobri o TDAH, foi extremamente libertador. Por incrível que pareça, desde então, passei a ler muito mais, porque comecei a respeitar meu tempo e a criar ferramentas, como carregar o Kindle sempre na mochila ou deixar um livro na mesa de cabeceira.”

“Falo sobre isso porque sei que não sou o único que se sentia mal por não ler. Às vezes, vejo pessoas postando que leram 30 livros no ano. Eu me sentia mal por não conseguir ler tanto. Mas cada um tem seu ritmo, e se você não consegue ler tanto quanto gostaria, leia coisas que façam sentido para você.”

Entre as cinco carreiras que se divide, uma delas é a de escritor. Criador do método Comeduxão, ele planeja lançar um livro sobre comunicação de alta performance. O prazo ainda é indefinido, mas, para aqueles que buscam uma boa leitura, ele deixa uma sugestão.

“Se a pessoa não é uma leitora assídua, indicaria o livro 20 Contos de Truman Capote. É uma leitura interessante porque, apesar de não ser a mais fácil do mundo, traz histórias curtas. Em 15 minutos, você consegue ler um conto e sentir-se satisfeito.”

20 Contos de Truman Capote: o livro que mudou a vida Phelipe Siani 20 Contos de Truman Capote: o livro que mudou a vida Phelipe Siani

Fonte: Redação Terra
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