PM usa spray de pimenta em tumulto com professores na Câmara do Rio
Em novo confronto, professores tentam impedir entrada de policiais para ajudar no isolamento do prédio da Câmara de Vereadores
Depois de fechar uma rua lateral à Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro e fazer o isolamento do prédio para impedir nova invasão de professores da rede municipal em greve, policiais militares entraram em confronto com manifestantes na tarde desta segunda-feira. O fato ocorreu na parte de trás da Câmara, quando um grupo de policiais alfa-numéricos (que não usam a identificação nominal) se dirigiu ao local para reforçar o cordão de isolamento.
Os professores e demais manifestantes, impedidos de passar pelo bloqueio, tentaram bloquear a entrada dos policiais. Para liberar a passagem, a PM usou o spray, o que provocou tumulto no local. Por volta das 18h45, manifestantes bloqueavam o cruzamento da avenida Rio Branco. Uma pessoa foi detida.
Por volta das 17h, representantes do Sindicato dos Professores (Sepe) reuniram-se com Luiz Antônio Guanará, líder do PMDB na Câmara de Vereadores. A categoria exige a retirada de projeto de lei apresentado pelo prefeito Eduardo Paes na última semana, com um novo plano de carreira para a categoria, e que motivou a ocupação da Câmara pelos manifestantes.
Os professores estão acampados em dez barracas na lateral do Palácio Pedro Ernesto, sede do Legislativo do Rio, após ação da Polícia Militar para a desocupação do plenário da Casa, na noite de sábado. Houve confronto e, segundo o sindicato, dois professores foram autuados e levados para a 5ª Delegacia de Polícia e quatro ficaram feridos.
O grupo de manifestantes pretende ficar de vigília na Câmara Municipal pelo menos até a manhã de terça-feira, quando o Sepe promoverá outra assembleia sobre os rumos da greve, às 10h. A coordenadora do Sepe, Suzana Gutierrez, se mostrou pessimista em relação às exigências da categoria, já que Paes conta com ampla maioria nas quatro comissões da Câmara que precisam analisar o novo plano de carreira (comissões dos Servidores, de Cultura e Educação, de Constituição e Justiça e de Fiscalização, Orçamento e Assuntos Financeiros). "Tudo indica que a votação (do plano) ocorrerá amanhã mesmo", disse Suzana, resignada, mesmo que a Justiça tenha pedido esclarecimentos à Casa sobre o projeto.
Paes diz que não vai retirar de votação plano de carreira dos professores
Os protestos no Legislativo do Rio começaram na semana passada como forma de pressionar os vereadores a vetar o projeto apresentado pelo prefeito, Eduardo Paes, do novo plano de carreira dos professores. Em entrevista à rádio CBN esta manhã, Paes disse que não vai retirar a proposta de votação, já que teria sido amplamente dialogada com a categoria.
O projeto foi encaminhado à Câmara de Vereadores na quinta-feira, mas a votação foi suspensa após a invasão do plenário pelos docentes. Uma nova votação pode ocorrer amanhã. "Eles (professores) exigiram que eu enviasse o plano em 30 dias e exigiram que eu mandasse em regime de urgência. Cumpri exatamente o que eles exigiram de mim. Agora, compete à Câmara. A gente tem que entender que as propostas têm que ser racionais. Não adianta acertar um salário que a prefeitura não poderá pagar", afirmou o prefeito à CBN.
O sindicato argumenta que o plano proposto pela prefeitura não foi dialogado com a categoria e afirma que 90% dos educadores não serão beneficiados pelas medidas.