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Polêmica Dell: empresa pode barrar promoção de empregados no regime remoto?

Gigante da tecnologia teria atrelado critérios de promoção à presença na empresa, o que dificultaria reconhecimento a quem está remoto

10 abr 2024 - 05h00
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Resumo
Empresa Dell envolvida em polêmica sobre regime de trabalho nas últimas semanas, com alegação de critérios de promoção atrelados a presença na empresa. Segundo empregadores, intuito é estimular demissões e adaptação ao novo modelo.
Dell adotou modelo de trabalho híbrido
Dell adotou modelo de trabalho híbrido
Foto: Reprodução/AFP

Gigante do ramo de tecnologia, a empresa Dell se envolveu em uma polêmica em torno do atual regime de trabalho nas últimas semanas. Segundo publicações do portal Business Insider, alguns empregados da empresa alegaram que os critérios de promoção estariam atrelados à presença da equipe na empresa, o que prejudicaria os trabalhadores em regime remoto. 

Além disso, o cenário teria como objetivo estimular demissões e forçar a adaptação ao novo modelo de trabalho. Na prática, os empregados afirmam que ocorre o seguinte: os empregados que optarem por continuar no formato remoto total não vão poder disputar promoções e obter avanços de carreira na empresa.

"Não se trata de cultura. Ponto final", disse um funcionário da Dell, que não teve o nome divulgado, ao Business Insider. "Há cortes de pessoal que precisam acontecer, e estamos sofrendo. Se as pessoas saírem por conta própria, eles não precisam pagar indenização".

Por outro lado, a Dell informou ao Terra que compartilhou com os membros da equipe a "política de trabalho híbrido" atualizada. Assim, os profissionais estarão presentes na empresa pelo menos 39 dias por trimestre, o que corresponde a 3 dias por semana, em média.

"Na atual revolução tecnológica global, a empresa acredita que as conexões pessoais aliadas a uma abordagem flexível são essenciais para impulsionar a inovação e promover diferenciais", argumenta.

Mas, segundo resgatado pelo Business Insider, o novo posicionamento da companhia se contrapõe ao que vinha sendo proposto nos últimos anos. Em 2021, o fundador da empresa, Michael Dell, chegou a defender a permanência do trabalho remoto.

No ano seguinte, a Dell afirmou que a meta era ter 60% da equipe atuando no modelo remoto em algum dia. Entretanto, a flexibilidade começou a mudar em março de 2023.

Michael Dell, fundador da companhia de tecnologia
Michael Dell, fundador da companhia de tecnologia
Foto: Reprodução/AFP

Assim como a Dell, outras empresas de tecnologia têm abandonado o modelo remoto após a pandemia de covid-19. A plataforma Zoom, que se popularizou pela facilidade na realização de videoconferências, também adotou a retomada do modelo presencial para que os profissionais possam atender às expectativas dos clientes.

E o que diz o direito trabalhista?

Diante da possibilidade de mudança no regime de trabalho, o professor Paulo Renato Fernandes da Silva, que dá aula de Direito na Fundação Getulio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro, explica que a decisão pode ser tomada de forma unilateral pelo empregador. Contudo, a questão precisa ser avaliada a depender do contrato firmado entre as partes.

"Isso é algo novo para todo mundo. O regime normal é o presencial. Então, se você quer praticar o regime telepresencial, isso seria meio que uma experiência no nosso sistema. Isso pode ser feito para os atuais empregados, mas isso deve ser acordado entre as partes", afirma.

O especialista avalia que a adoção do modelo remoto foi necessária para o ecossistema das empresas devido às medidas de segurança durante a pandemia. Após esse período, ele acrescenta, é natural que as empresas desejem retornar ao regime presencial.

Quanto aos avanços na carreira dos trabalhadores relacionados à escolha do regime, o professor pontua que a legislação admite que a empresa estabeleça os critérios adotados nesse processo. 

"A empresa pode criar esses critérios. Eu entendo que ela pode criar uma política que valorize as pessoas que estão presentes. E há a possibilidade também de trabalho híbrido. Nesse caso, não há só um regime e isso tem que ser negociado", acrescenta.

Fonte: Redação Terra
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