Por que é importante ler e escrever na idade certa
Programa Alfabetização Responsável oferece formação de professores em 424 cidades de SP; redes de ensino públicas que mais avançarem nos índices serão premiadas
Reconhecido por oferecer cursos de qualificação profissional, o Sesi São Paulo lançou, no ano passado, o Programa Alfabetização Responsável (PAR) para também apoiar municípios na alfabetização de crianças até o 2.º ano do ensino fundamental.
No Brasil, segundo dados mais recentes divulgados pelo governo federal, em 2023, somente 56% das crianças matriculadas nas escolas públicas atingiram o patamar de alfabetização definido pelo Ministério da Educação (MEC) para o 2.º ano do ensino fundamental. O índice é o mesmo registrado anteriormente à pandemia.
A previsão do MEC é alfabetizar mais de 80% das crianças até o final de 2030. Especialistas apontam que, quando o aluno não consegue ler e escrever plenamente na idade correta, todo o seu desenvolvimento escolar ao longo dos anos é prejudicado.
"Temos 143 escolas de educação básica, mais de 90 mil alunos em uma rede própria, mas atendemos cerca de 10% dos filhos dos industriários. Queríamos atender outros filhos dos industriários que não estão nas nossas unidades e sim na rede pública. Precisávamos ajudar a escola pública a conseguir melhorar os seus índices, houve um chamado do governo federal para a construção de um pacto para a alfabetização na idade correta", afirma Karina Drumond, supervisora técnica educacional do Sesi São Paulo.
O Programa Alfabetização Responsável oferece formação de professores da educação infantil, que atendem crianças de 4 e 5 anos até os do 2.º ano do ensino fundamental, quando os alunos têm por volta de 8 anos. Neste ano, a iniciativa atendeu 424 municípios, alcançando 26.414 docentes e 8.827 gestores da rede pública. São 517.601 estudantes impactados em 4.269 escolas.
A formação tem carga horária de 30h, sendo 18h presenciais e 12h a distância. Na educação infantil, alguns dos temas trabalhados são consciência fonológica e o despertar da leitura pelo prazer. Já entre os professores do ensino fundamental, há discussões voltadas aos desafios da alfabetização. Os diretores escolares também são atendidos.
"A formação potencializa a ação do professor como protagonista desse processo. Esta é uma profissão de intelectualidade, de criatividade, e que muitas vezes não é valorizada no Brasil. O que a gente mais faz nessas formações é dizer o quanto ele é importante para a sociedade que queremos construir, o quanto passa pela mão dele essa mudança no País", diz Karina.
Professora do 1.º ano do ensino fundamental recém-concursada da rede municipal de Ribeirão Preto, no interior do Estado, Monica Nunes Fagundes lembrou a importância da formação continuada e de conhecer novas abordagens pedagógicas. "Acredito que a metodologia do curso foi significativa para os professores em formação, pois nas dinâmicas podemos nos colocar no lugar do aluno entendendo e respeitando sua maneira de pensar. A formação me mostrou que posso fazer uma alfabetização prazerosa, participativa, desafiadora e, principalmente, respeitosa", disse.
Os oito municípios do PAR que mais avançarem nos índices de alfabetização serão premiados com uma sala maker instalada em uma escola. O espaço será equipado com computadores, ferramentas e itens como impressora 3D para permitir que o estudante desfrute de experiências pedagógicas mais exploratórias. Haverá suporte de um profissional do Sesi.
Serão usados como critério de avaliação a pontuação de leitura, escrita e letramento matemático no Saresp, além dos níveis socioeconômicos das cidades. Os premiados serão anunciados no dia 3 de dezembro.