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Post de símbolo nazista em rede social de alunos revolta pais

Senha da conta no Instagram é compartilhada entre colegas e escola afirma ser difícil identificar o autor

5 abr 2022 - 18h56
(atualizado às 19h31)
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Pais cobram punição após postagem de suástica em rede social de alunos do Colégio Bandeirantes
Pais cobram punição após postagem de suástica em rede social de alunos do Colégio Bandeirantes
Foto: Unsplash

Pais e alunos do Colégio Bandeirantes, na zona sul paulistana, pressionam a escola para tomar providências depois de uma postagem com a suástica nazista ter sido feita em um perfil nas redes sociais administrado por uma turma do ensino médio. O Bandeirantes diz investigar o caso.  

Os estudantes do 3º ano se depararam nesta terça-feira, 5, com uma foto de um tênis com o símbolo nazista e a mensagem: "importei um nike da alemanha, gostaram?". O perfil do Instagram da sala foi criado pelos alunos e a senha foi compartilhada entre os colegas. O Bandeirantes afirma também trabalhar o assunto na sala, mas não sabe quem foi o autor. 

Segundo famílias ouvidas pelo Estadão, os adolescentes estão com medo porque dizem que um dos alunos da turma já teria defendido o youtuber Bruno Aiub, conhecido como Monark, que foi desligado do Flow Podcast depois de defender a formalização de um partido nazista no País, o que é proibido. Além disso, esse mesmo aluno também teria desenhado a suástica na lousa quando estava no 9º do ensino fundamental na mesma escola, conforme os relatos.

A veiculação de símbolos, ornamentos, emblemas, distintivos ou propaganda relacionados ao nazismo é crime previsto em lei federal. "Os pais e os alunos esperam mais do que uma nota de repúdio da escola", afirmou um pai da turma, que é judeu e pediu para não ter seu nome publicado. Ele conta que sua filha se assustou ao ver a postagem pela manhã e lhe mandou um print da tela, perguntando o que deveria fazer.

Outra mãe, que também pediu para não ser identificada, defende uma "medida disciplinar contra o aluno", como suspensão ou expulsão. Muitas famílias escreveram para a direção pedindo providências. "Os alunos estão indignados porque acreditam que sabem quem fez postagem", completa. Segundo a legislação, uma escola não pode sozinha expulsar um aluno. O estudante tem direito à ampla defesa com garantia da participação dos responsáveis legais ou de advogados no processo e com a possibilidade de recurso.

A diretora de convivência do Bandeirantes, Maria Estela Benedetti Zanini, disse que soube do episódio da suástica desenhada na lousa, mas que não pode acusar um estudante agora por algo que fez no passado. Como todos tinham a senha do perfil da sala no Instagram, a investigação é complicada, afirma. A conta na rede social não é oficial da escola e foi criada pelos próprios alunos.

"Somos contra qualquer discurso de ódio e preconceito, trabalhamos isso no Bandeirantes, pavimentando a diferença entre liberdade de expressão e discurso de ódio. Mas não posso acusar sem provas", afirma a diretora. Estela e a orientadora da turma tiveram diversas conversas com os alunos durante o dia. Segundo ela, os estudantes acusam diretamente um dos colegas, que nega que tenha feito a postagem. "Estamos trabalhando também na relação entre os alunos da sala."

Famílias da comunidade judaica que têm filhos no Bandeirantes comunicaram o caso à Federação Israelita do Estado de São Paulo. A entidade afirmou que mandará mensagem à escola para pedir atenção especial ao problema. "Não se sabe quem foi ainda. Em um primeiro momento, a ideia é tentar colaborar para uma solução educativa que faça com que isso não volte a acontecer", disse Ricardo Berkiensztat, presidente executivo da Federação Insraelita.

A postagem da imagem do tênis com a suástica foi apagada do perfil da classe algumas horas depois por um dos alunos. Os estudantes, então, avisaram à direção da escola. "Nós, pais, manifestamos nosso repúdio, mas a medida que será tomada cabe à coordenação pedagógica e demais setores do Bandeirantes", disse outra mãe da turma. A escola afirmou que não pretende, por enquanto, denunciar o caso à polícia.

Estadão
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