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Prefeitura de SP adia decisão sobre autorizar volta às aulas

Bruno Covas vai resolver o assunto apenas na semana que vem, quando sai o resultado do censo sorológico

13 out 2020 - 19h31
(atualizado às 19h33)
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A Prefeitura de São Paulo adiou a decisão sobre autorizar a volta às aulas em 3 de novembro para a rede pública e privada na cidade porque pretende aguardar o resultado do censo sorológico, com testes de covid que estão sendo feitos com professores e alunos da rede municipal. O prefeito Bruno Covas (PSDB) havia dito anteriormente que confirmaria o retorno das aulas após o resultado do inquérito sorológico das crianças que foi divulgado nesta terça-feira, 13. A diferença entre os dois exames é que o primeiro será feito em todas as crianças e profissionais que quiserem, já o inquérito é por amostragem. O censo deve testar 777 mil pessoas e cerca de 90 mil já passaram pelos exames.

Foto: Werther Santana / Estadão Conteúdo

Segundo o Estadão apurou, a ideia da Prefeitura é dar prioridade para a volta às aulas dos que já tiverem anticorpos para o vírus na rede municipal. O resultado desses testes - chamado de censo sorológico - deve sair na semana que vem. "Ninguém aqui discute a importância da educação na vida dessas crianças, mas a saúde vem em primeiro lugar. Somente quando a vigilância sanitária disser que pode se dar essa retomada é que ela será aprovada", disse Covas, em entrevista coletiva, ao comentar os dados do inquérito sorológico, que indica que quase 65% das crianças que apresentaram anticorpos são assintomáticas. Para o prefeito, este é o "cerne da preocupação da volta às aulas".

Ele ainda confirmou a informação adiantada pelo Estadão. "Devemos ter para a próxima semana, na quinta-feira da semana que vem, o resultado do censo que estamos realizando com todos os professores e alunos da rede municipal e a decisão sobre as aulas no dia 3 de novembro", disse o prefeito. Questionado, o secretário municipal da Educação, Bruno Caetano, também falou sobre o assunto. "A Prefeitura tem informado nas últimas coletivas que a decisão se dá por um contexto de informações, como inquérito e censo, e outros indicadores da cidade de São Paulo". Segundo ele, a Prefeitura vai se pronunciar novamente no dia 22. "Não há atraso ou adiamento dessa manifestação", disse Caetano.

as escolas particulares teriam autonomia para decidir como voltar com as aulas, depois de autorizadas por Covas. Desde 7 de outubro, elas já vêm oferecendo atividades extracurriculares para 20% dos alunos, por dia, conforme norma da Prefeitura. Segundo estimativas do sindicato das escolas, 80% delas reabriram na semana passada.

Como esse retorno também era voluntário para a rede pública, apenas uma creche municipal foi aberta dia 7. Segundo Caetano, no dia 19, mais 14 escolas municipais devem reabrir. "Repassamos recursos para que elas pudessem se preparar. Elas não estão deixando de retomar por falta de estrutura na cidade de São Paulo", disse Covas. Cerca de 300 escolas estaduais na capital voltaram a funcionar.

A expectativa para novembro é de que a Prefeitura autorize uma quantidade maior de crianças nas escolas, já que a cidade passou para a fase verde na semana passada. Pelo plano do Estado, depois de 14 dias nessa fase, 70% dos alunos já poderiam estar na escola presencialmente. Mas as cidades podem ser mais restritivas e por isso que a decisão de Covas, que concorre à reeleição, é importante.

Resultados do inquérito sorológico

O inquérito sorológico apresentado nesta terça-feira mostrou que os alunos testados e que tinham anticorpos para covid-19 se deu na seguinte porcentagem, sendo maior a proporção na rede pública: 15,4% nos da rede estadual, de 17,6% na rede municipal e de 12,6% entre os alunos da rede particular. Com isso, de acordo com os resultados, 236.841 alunos já teriam anticorpos para a doença. No inquérito anterior, o resultado de prevalência havia sido menor entre os alunos da rede particular: 9,7%.

Como em outros inquéritos, a taxa de assintomáticos é alta entre os estudantes, ficando em 64,9% no geral e chegando a 71,3% na rede municipal. O índice é maior que o registrado em adultos, que gira entre 35% e 40%, de acordo com a Secretaria Municipal da Saúde. Os dados também mostram que 30% dos alunos da rede privada vivem com pessoas com mais de 60 anos, que compõe o grupo de risco para a doença. Na rede pública, esse índice varia entre 26% a 29,6%.

"Este é cerne da preocupação da volta às aulas. Foi isso que fez com que, até agora, a Prefeitura restringisse as medidas, até para evitar que os estudantes levem a doença para dentro de casa e contaminem outras pessoas. Por isso que estamos fazendo tudo com cautela, porque quando houver a retomada, ela deve ser feita de forma modular, para que não tenhamos um segundo pico na cidade e para que não coloquemos em risco crianças, professores e familiares", disse o prefeito sobre as crianças assintomáticas.

O inquérito feito em adultos mostrou que a prevalência da doença em professores é de 7,8%. Esse número é de 12,5% em outras profissões.

Censo sorológico

A Prefeitura já tem à disposição 180 mil testes para a primeira fase do censo, que tinha previsão de duração de 15 dias. É essa etapa que Covas está esperando para decidir sobre a volta no dia 3 de novembro.

Depois disso, serão feitos acordos com laboratórios para examinar um total de 102 mil professores e 670 mil alunos da rede. O procedimento total deve durar cerca de 40 dias. Os bebês e crianças de 0 a 3 anos são as únicos que farão os testes em unidades de saúde, onde também terão a carteira de vacinação atualizada.

Durante a entrevista coletiva, a secretária-adjunta de Saúde, Edjane Maria Torreão Brito, fez uma apresentação também sobre a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica, doença rara que pode estar associada, em crianças, com a covid. "Ressalto aqui que, apesar da maioria das crianças ter quadro leve, há carga viral alta e revela-se potencial fonte de contágio". Ela também reforçou que o retorno da escola deve ser feito com testes, isolamento e monitoramento de contatos, o que, segundo a secretária, já está sendo feito na cidade.

Estadão
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