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Presidente do Inep afirma que ainda é cedo para adiar o Enem

Em contrapartida, educadores, estudantes e instituições pedem o cancelamento da prova

15 mai 2020 - 14h00
(atualizado às 14h09)
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O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, não descarta a possibilidade de a data do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ser adiada, mas acredita que ainda é cedo para discutir a questão. O Inep é responsável pela aplicação do Enem.

Foto: fdr

"A data da prova pode ser modificada, mas discutir isso agora ainda é prematuro. Não há elementos suficientes para mudá-la. Precisa ser uma discussão mais serena e mais para o futuro. A data não pode ser mudada várias vezes. De todos os pedidos de adiamento que recebi, não tive nenhuma sugestão de data", disse Lopes nesta sexta-feira, 15, durante uma live promovida pela Evolucional, empresa que utiliza a tecnologia para produzir simulados pedagogicamente alinhados ao Enem.

Usando o mesmo argumento do ministro da Educação, Abraham Weintraub, o presidente do Inep citou que 60% dos candidatos do Enem já concluíram o ensino médio. "A maioria já concluiu. Dificilmente o aluno que sai do ensino médio da escola pública já ingressa direto na faculdade".

Segundo ele, é preciso "dar um norte aos alunos", dizer que o Enem vai será realizado. "Para que, desta forma, os estudantes continuem estudando, mesmo durante a quarentena. A data pode ser modificada, mas asseguramos que vamos realizar o Enem", disse Lopes.

Na quarta-feira, 13, o presidente Jair Bolsonaro deu uma declaração parecida ao dizer que a prova poderia "atrasar um pouco", devendo, no entanto, ser realizada ainda neste ano. "O Enem, estou conversando com o Weintraub, né? Se for o caso, atrasa um pouco, mas tem de ser aplicado esse ano", disse Bolsonaro.

Conforme o cronograma divulgado na segunda-feira, 11, a prova impressa está mantida para os dias 1.º e 8 de novembro. A partir deste ano, o candidato poderá optar pela avaliação digital marcada para os dias 22 e 29 do mesmo mês, com previsão de ser aplicada para 100 mil alunos em laboratórios de faculdades de 15 capitais do Brasil. A previsão inicial era que o Enem digital fosse aplicado nos dias 11 e 18 de outubro.

Também na segunda-feira, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou o pedido de adiamento do Enem, feito pela União Nacional dos Estudantes (Une) e União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes).

Educadores, estudantes e entidades de educação criticam a decisão de o Ministério da Educação (MEC) manter a realização das provas do Enem deste ano. Diante da suspensão de aulas por causa da pandemia do novo coronavírus, ainda sem definição para serem retomadas, a desigualdade de ensino é a principal bandeira levantada por aqueles que pedem o adiamento do exame. Além disso, ainda há incertezas sobre os riscos da covid-19 no País em meados de novembro com as aglomerações provocadas para a realização do exame.

Durante a live, Maria Helena Guimarães de Castro, presidente da Associação Brasileira de Avaliação Educacional (Abave) contestou a definição da data do Enem 2020.

"O mundo inteiro está sofrendo essa situação inusitada que estamos vivendo. É preciso acolher as dificuldades que as pessoas estão passando neste momento", disse ela.

Para Maria Helena Guimarães de Castro, é possível dizer que o País terá o Enem, sem divulgar uma data. "Teremos o Enem, depois vamos ver o melhor momento para definir a data da prova para diminuir a angústia de muitos alunos que estão concluindo o ensino médio neste ano".

A preocupação é com a falta de oportunidades aos alunos mais vulneráveis em estudar em condições 'anormais'. No Brasil, não somente alunos da rede pública, mas também do ensino particular pedem o adiamento do exame. "Todo o calendário deve ser adiado. A China e a França adiaram. A Alemanha manteve, mas está fazendo mudanças no desenho da aplicação, para não prejudicar alunos que estão sem aula e tenham dificuldade de fazer a prova tradicional. Bélgica fará apenas redação. Há processos de mudanças em diferentes países para não afetar o desempenho dos alunos", avaliou a presidente da Abave.

O presidente do Inep argumentou que é necessário discutir com estados o que é possível oferecer a mais além da reposição de aulas. "Se adiarmos por um mês, nas redes municipais, o que poderão fazer para ajudar os alunos nesse meio tempo?", indagou. "Por isso, acho prematuro. Temos ainda que saber quando vamos retomar as aulas, ter mais clareza. Colocar esses pontos para que lá na frente subsidie uma mudança de data do Enem", afirmou.

Também embaixadora do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), Maria Helena Guimarães de Castro disse que países da Europa e Estados Unidos pedem ainda o adiamento do Pisa 2021, exame realizado mundialmente, que oferece informações sobre o desempenho dos estudantes na faixa etária dos 15 anos. "Existe uma preocupação com o desempenho dos alunos que foi afetado neste ano".

Estadão
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