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Primeiras universidades: entenda as origens do ensino superior

6 jan 2012 - 12h49
(atualizado às 12h58)
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Parte da vida de milhões de pessoas pelo mundo, as primeiras universidades surgiram durante a Idade Média na Europa e eram ligadas à igreja ou à corte real. Também não existia idade para ingresso. Em alguns casos, até mesmo analfabetos participavam das atividades, segundo conta a pesquisadora Terezinha Oliveira.

A Universidade de Paris é considerada uma das mais antigas do mundo em funcionamento
A Universidade de Paris é considerada uma das mais antigas do mundo em funcionamento
Foto: AFP

Séculos de saber: conheça algumas das primeiras universidades do mundo

Na maioria das vezes, as pessoas ingressavam nas universidades porque isto propiciava inserção política e cultural na sociedade. Mesmo sendo doutrinárias, foram nesses espaços que se formalizaram os primeiros avanços do desenvolvimento do pensamento científico (ou investigativo).

Elas não possuíam autonomia no âmbito da lei, pois dependiam diretamente do bispo local e os universitários tinham imunidades similares às dos clérigos (que eram os homens letrados e não, necessariamente, religiosos), desde que adotassem algumas práticas destes, como as vestimentas, assim como fórum privilegiado (o julgamento era realizado pela Corte dos Bispos) e imunidade contra perda de propriedade em virtude de dívidas de seus conterrâneos.

Antes do surgimento destas instituições, eram os mosteiros que desempenhavam papéis essenciais na preservação e difusão de conhecimentos. Com as universidades, o conhecimento torna-se mais livre e coloca-se na ordem do dia a importância dos saberes científico. "Não é gratuito que, no século XIII, verificamos o florescimento das universidades, o início da formação dos estados modernos e, concomitantemente, é o século da alta Escolástica", lembra Terezinha Oliveira.

Período medieval

As universidades medievais (1300-1500) estavam ora sob a chancela do papado ora do poder laico. Mesmo assim, elas foram essenciais para a construção do conhecimento ocidental porque havia estudiosos nelas preocupadas prioritariamente com o desenvolvimento da ciência. Elas eram ligadas à Igreja, sendo autorizadas por bulas papais.

De acordo com o professor do Grupo de Estudos em Ensino Superior da Unicamp, Renato Pedrosa, nos currículos eram encontrados as sete artes liberais (Aritmética, Geometria, Astronomia, Lógica, Gramática, Música e Retórica), responsáveis pela formação profissional nas áreas de Teologia, Direito e Medicina.

Período moderno

O nascimento das universidades modernas (1500-1800) ocorreu a partir de 1520, com o movimento da Reforma se espalhando pelos países do norte europeu e o início do envolvimento das instituições não católicas nas universidades. Isso ocorre também nos Estados Unidos.

As chamadas universidades modernas, segundo o professor da Unicamp Renato Pedrosa, estão mais vinculadas à pesquisa. A partir de 1700, as principais universidades europeias inclusive já publicavam suas próprias revistas científicas.

Também a ideia de unir o conhecimento científico ao desenvolvimento tecnológico se faz presente com a Escola Normal Superior e Escola Politécnica, fundadas em 1794 na França, sob estrito controle governamental; e com a Universidade de Berlim (hoje conhecida como Universidade de Humboldt), em 1810, que pregava a necessidade das universidades desenvolverem pesquisas e a primazia da liberdade acadêmica.

O modelo da universidade de pesquisa se estabelece entre 1800 e 1900 e o bem sucedido modelo alemão se espalha pela Europa e chaga aos Estados Unidos. Em 1876, surge a americana Universidade de Johns Hopkins. Pedrosa afirma também que é a partir de 1850 que mais e mais universidades incorporam o ensino de Matemática e de Ciências da Natureza em seus currículos, o que origina os bacharelados científicos.

As pioneiras

Bolonha foi criada no fim do século XI e é considerada por muitos como a "mãe das universidades". Contudo, há autores com Jacques Verger e Walter Rüegg, que afirmam que não se pode conceituar como universidade, as escolas que existiram antes do século XIII porque elas não possuem características do que se entende por este tipo de instituição atualmente.

"Bolonha ou Paris podem ser consideradas como as mais antigas universidades, dependendo do peso que cada um atribuir a um ou outro dos vários elementos que constituem uma universidade. Se considerarmos a existência de uma entidade corporativa como o único critério, então Bolonha é a mais antiga, ainda que por uma margem muito ligeira. Foi em Bolonha que, nos fins do século XII, os estudantes estrangeiros de Direito se agruparam em 'nações', desenvolvendo, a partir daí, uma forma organizacional básica, própria das universidades europeias medievais. Mas se considerarmos a associação de professores e estudantes de várias disciplinas numa corporação como um critério decisivo, a mais antiga Universidade será a de Paris, datando de 1208", explica Rüegg em seu livro Uma História da Universidade na Europa.

A concepção de universidade que temos hoje, com concessão de graus, tem sua origem na Europa, mas é bom lembrar que existiram vários centros de ensino superior em todo o mundo, que buscavam avançar o conhecimento antes das universidades medievais. O professor da Universidade de São Paulo, Gildo Magalhães dos Santos Filho, lembra que na Antiguidade já havia lugares e encontros destinados a discussão livre do conhecimento, como Museum de Alexandria e Academia de Platão.

Ainda nessa época, Academia de Gundishapur foi estabelecida na Pérsia (atual Irã) para ensinar estudantes de medicina, filosofia e outras disciplinas - que muito se parecia com as universidades da Idade Média. Assim também no Oriente existiram centros de aprendizagem há milhares de anos que possuíam os princípios das universidades de avançar no conhecimento científico, porém não exatamente nos moldes europeus.

Fonte: Terra
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