Processos envolvendo dívidas do Fies triplicam de 2022 para 2023
Programa de financiamento estudantil pode ser utilizado em cursos de graduação em instituições que não são gratuitas
O número de processos envolvendo dívidas do programa Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) triplicou entre 2022 e 2023, de acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por meio da ferramenta DataJud.
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O programa, criado pelo Ministério da Educação (MEC), permite o financiamento de cursos de graduação, que são pagos após o aluno concluir sua formação. O DataJud mostra que, em 2022, eram 8,9 mil processos envolvendo dívidas de Fies. O número saltou para 31,3 mil em 2023.
Camila Ramos, de 41 anos, é uma das brasileiras que tem processo em andamento. Ela cursou Biomedicina de 2003 a 2007. Por meio do Fies, ela pagava 30% do valor da mensalidade, de R$ 1 mil, e os outros 70% foram financiados pelo programa do governo federal. Em entrevista ao g1, ela afirma que não conseguiu entrar no mercado da biomedicina até hoje, contudo, a cobrança pela dívida do financiamento ainda está ativa.
"Quando eu terminei a faculdade, era um valor bem alto para a minha renda. Eu acabei não conseguindo arcar com os valores", diz. Apesar de ter pagado R$ 10 mil após a conclusão da sua graduação, ela fala que não conseguiu continuar arcando com os custos, já que as contas apertaram. Em 2014, o banco cobrou R$ 42 mil de Camila, o valor total do financiamento.
Em novembro de 2023, o governo federal promoveu o Desenrola Fies, com o objetivo de renegociar dívidas dos estudantes - e até mesmo liquidar. Até o momento, são cerca de R$ 15 bilhões em dívidas atrasadas, de acordo com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).