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Produção científica brasileira cai pela primeira vez desde 1996

Com a pandemia e diminuição no incentivo financeiro à ciência, número de artigos científicos publicados no Brasil em 2022 apresentou queda de 7,4%

24 jul 2023 - 17h58
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Um levantamento publicado nesta segunda-feira (24) e realizado pela Agência Bori, agência brasileira que conduz pesquisas sobre o universo científico, mostra que a quantidade de artigos acadêmicos publicados no Brasil caiu - e no mesmo nível que o da Ucrânia, país que está em guerra desde o início do ano passado. A queda, segundos os dados obtidos, foi de 7,4%; uma redução não apenas preocupante, mas também inédita. É a primeira vez que o país apresenta uma diminuição na produção acadêmica desde 1996, ano em que se iniciou este tipo de registro.

Cientista brasileira em procedimento de extração de DNA
Cientista brasileira em procedimento de extração de DNA
Foto: Camila Boehm/Agência Brasil/Reprodução / Guia do Estudante

O levantamento foi feito com a base de dados da Elsevier, uma das maiores editoras de artigos científicos do mundo. O estudo, realizado anualmente, leva em conta sempre o ano anterior; neste caso, 2022. Os dados foram coletados usando o Scopus, a busca de artigos da Elsevier. Foi considerado brasileiro todo artigo vinculado a uma instituição de ensino superior brasileira, ainda que publicado em periódicos estrangeiros.

Em 2020, o número de artigos científicos publicados no Brasil foi de aproximadamente 77 mil; em 2021, 80 mil. No último ano, este número caiu para 74 mil.

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A queda assusta os especialistas. Por mais que houvesse uma clara desaceleração no crescimento, o país até então nunca havia apresentado uma redução de fato. Nos últimos anos, o crescimento era pouco, mas nunca negativo. "Desde 1996, que é quando essa base da Elsevier foi criada, é a primeira queda do Brasil", destacou Estêvão Gamba, cientometrista da Agência Bori e um dos nomes por trás do levantamento, ao jornal Folha de S. Paulo. 

Pandemia e falta de investimento são principais causas

Para o especialista, os principais motivos por trás da redução são os impactos sofridos pela pandemia da Covid-19 no país, somados à falta de investimento financeiro nas áreas ligadas à ciência e educação brasileira. O tímido crescimento observado entre 2020 e 2021, os dois primeiros anos da pandemia, pode contradizer a queda de 2022, mas é preciso lembrar que um artigo científico leva anos para ser concluído e posteriormente publicado. O que significa que, muito provavelmente, os artigos publicados nos dois anos já estavam em produção avançada.

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Gamba destacou à Folha de S. Paulo que a queda de 2022 é reflexo das pesquisas iniciadas por volta de 2019 e 2020. "A gente ainda vai continuar possivelmente observando a queda", afirmou.

Uma redução na produção acadêmica foi observada em outros 22 países, além do Brasil - incluindo países com um forte histórico de produção acadêmica, como Estados Unidos, Inglaterra e França. Ainda assim, de forma geral, a produção global de artigos cresceu 6,1% em relação a 2021. O pódio é ocupado por China, Estados Unidos e Índia; o Brasil mantém o seu lugar na 14ª posição.

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