Professor leva projeto de músicas antirracistas para escolas e propõe nova MPB
Allan Perviguladez tem se apresentado de forma gratuita, com os próprios recursos, em escolas públicas do Rio de Janeiro
A história do professor Allan Perviguladez, 41, com a música é de longas datas. Mesmo lecionando português e literatura, ele sempre deu um jeito de encaixar música em suas aulas. Fosse em forma de Rap, estilo a que recorria quando ensinava a adolescentes, ou em forma de um novo gênero musical, criado por ele próprio: a Música Popular Brasileira Infantil Antirracista, também chamada de MPBIA.
Tudo começou quando Allan escreveu a música 'Meu Cabelo é Bem Bonito', em que enaltece todos os tipos de cabelo, crespos, lisos, cacheados. A canção fez sucesso não só na escola. A composição viralizou nas redes sociais depois que o professor postou um vídeo da sua turma, composta por alunos da faixa dos 5 anos de idade, soltando a voz em um hino aos cabelos.
"Muita gente compartilhando, eu cheguei até um determinado momento que, no Instagram, deve ter tido mais de 50 milhões de visualizações. E muitos canais começaram a pegar o vídeo e repostar", conta.
A publicação foi feita em agosto de 2022. Hoje, são mais de 30 mil curtidas apenas na publicação original, feita no Instagram. O vídeo também foi postado depois no Youtube, com uma animação infantil.
"Viralizar com conteúdo voltado para educação, principalmente educação antirracista, uma temática infantil, é muito importante e necessário nesse País que tem uma herança racista muito grande", analisa Allan.
De música a turnê
Com a sementinha plantada, Allan decidiu criar a turnê #meucabeloébembonitotour, levando para outras escolas músicas com temática antirracista. As músicas que ele apresenta nesse projeto fazem parte da chamada MPBIA.
"A ideia da MPBIA é levar essa mensagem de empoderamento, de educação antirracista, em forma de música para escolas, a princípio do Rio de Janeiro todo, mas hoje eu tenho diversos pedidos de São Paulo, Belo Horizonte, Rio Grande do Sul, também querendo MPBIA", conta.
Vontade para levar a turnê para escolas de fora do Rio de Janeiro não falta, o que falta é dinheiro. As apresentações feitas até agora foram todas com seus próprios recursos enquanto professor ou palestrante.
"Eu tenho financiado essa ideia, porque não dá para a gente ficar esperando, às vezes, edital, ou ser contemplado em algum projeto. Eu tinha necessidade de colocar isso de pé, de fazer isso acontecer e estou conseguindo levar isso pra frente, mesmo com as dificuldades que aparecem", afirma. Apesar disso, Allan já publicou uma vaquinha online para quem quiser ajudar a manter o projeto ativo.
Além das apresentações em escolas, Allan tem em mente criar um disco de MPBIA, para que educadores de escolas de todo o País possam acessar e distribuir as músicas antirracistas.