Professor usa O Rappa e Imagine Dragons para ensinar 'alegria e beleza' da Física em sala de aula; veja
Bloch dá aulas para o ensino médio há quase 15 anos; além de usar as músicas com seus alunos, ele compartilha os vídeos nas redes sociais
Pescador de Ilusões, do O Rappa, A Thousand Years, de Christina Perri, e Believer, do Imagine Dragons, são algumas canções que têm ajudado o professor Jonatas Carrero Bloch a ensinar Física em sala de aula. O docente, de 39 anos, fez paródias dos hits atemporais para explicar conceitos importantes da disciplina, como o lançamento oblíquo, as Três Leis de Newton e a formação de imagens nos espelhos côncavo e convexo.
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Bloch, como é mais conhecido pelos estudantes, é professor de Física há quase 15 anos e focado na área de vestibulares. Atualmente, ele dá aulas nas três séries do ensino médio de escolas particulares de Ribeirão Preto, cidade no interior de São Paulo.
Ao Terra, ele conta que sempre gostou de Física e Matemática, mas que nunca pensou em ser professor. Isso mudou, no entanto, quando ele pisou em uma sala de aula como docente. Na faculdade, cursou primeiro a graduação e o mestrado em Física Médica pela Universidade de São Paulo (USP) e começou a ministrar aulas em uma instituição de ensino superior. Depois, fez a licenciatura.
"Quando eu entrei em sala de aula, percebi que era justamente o que eu queria. Que eu me sentia bem", recorda o professor. Posteriormente, ele foi convidado para dar aulas no ensino médio e foi outra descoberta: "Gostei muito de trabalhar com essa faixa etária. Me identifiquei muito com eles e aí decidi só dar aulas para esse nível."
E as paródias, como surgiram?
Desde criança, o docente diz que está inserido na área da música, incentivado pelo pai que é pianista, e toca instrumentos -- hoje, violão e bateria -- na igreja. Ao longo dos anos, ele desenvolveu um hábito de fazer uma associação para memorizar determinados assuntos.
"Lembro que quando eu era pequeno, ali no ensino fundamental, eu já fazia músicas para estudar. Quando comecei a dar aula, percebi que era uma linguagem que os alunos gostavam e ajudava. Era mais uma ferramenta", explica. A primeira paródia feita por Bloch para usar nas escolas já tem mais de dez anos.
"Tem muita gente que critica isso de fazer músicas, acha que é banalizar o ensino. Mas acho que é o contrário. Se o objetivo é que o aluno aprenda, quanto mais ferramentas a gente lançar mão, melhor", acrescenta o professor.
Além de usar o método em sala de aula, Bloch compartilha as paródias e outros vídeos sobre Física nas redes sociais para chegar a mais estudantes.
"Eu gosto muito de Física. Para mim, é uma coisa leve, alegre, bonita. Esses vídeos também têm essa finalidade de que as pessoas vejam um pouquinho de como eu vejo a Física."
Processo de criação
Um dos critérios de Bloch para escolher uma música para fazer uma paródia é o de "transpassar gerações". "Eu pego músicas que já estão muito na cabeça de mais de uma geração, que não vão sumir, porque senão a paródia some junto também. Por exemplo, Believer, do Imagine Dragons, que já está bem estabelecida", explica.
Todo o processo de montagem é feito pelo próprio professor em um estúdio. Bloch seleciona a música, escreve a letra, grava, edita e também divulga nas redes sociais. Segundo o professor, como ele dá muitas aulas durante a semana, demora bastante tempo para uma paródia ficar pronta. "Faço de pouquinho em pouquinho, a letra vai vindo, e eu vou anotando."
Uma das principais preocupações do educador é a de colocar bastante conteúdo nas paródias. "Para que o aluno consiga absorver o máximo possível. Tomo um cuidado muito grande de ser fiel à Física, fiel àquilo que eu estou ensinando. Percebo que, com isso, como tem bastante conteúdo nas paródias, eles absorvem mais. Não são poucas às vezes, agora no Enem mesmo, que muitos alunos falaram que lembraram das paródias. Eles falam que ajuda bastante", afirma.
No dia a dia
E as canções de Bloch não ficam só em sala de aula e na internet. Outras músicas também são usadas em casa com os dois filhos, de 6 e 9 anos, para ajudá-los a aprender conceitos ou memorizar dados importantes, como o número de telefone dos pais.
"Teve um dia que minha filha estava estudando pontos cardeais, Norte, Sul, Leste e Oeste. Enquanto estava jantando, eu peguei o violão e fiz uma música. Não era nem uma paródia, mas eu fiz uma música para ela gravar. Então, eu uso isso em casa. Para lembrar a ordem dos planetas no Sistema Solar, eles cantam uma música também, por exemplo", revela.