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Rota alternativa para USP, Unicamp e Unesp, olimpíada ganha atenção de colégios privados

Essas competições - que envolvem áreas diversas como Física, Química e Matemática - agora também são um passaporte alternativo para o ingresso na faculdade

12 nov 2019 - 09h10
(atualizado em 13/11/2019 às 20h49)
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SÃO PAULO - As olimpíadas do conhecimento não são novidade, mas passaram a ter apelo extra para os participantes nos últimos anos. Essas competições - que envolvem áreas diversas como Física, Química e Matemática - agora também são um passaporte alternativo para o ingresso na faculdade. Com isso, escolas particulares de São Paulo dedicam cada vez mais atenção à preparação para esses torneios.

Três das mais importantes universidades brasileiras - USP, Unicamp e Unesp - passaram a reservar parte das vagas para medalhistas ou participantes destes torneios. Este ano, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) recebeu os primeiros alunos selecionados pelo rendimento em olimpíadas: foram 90 vagas em 22 opções de cursos.

A Universidade de São Paulo (USP) abriu inscrições para 113 vagas em 60 cursos e a Universidade Estadual Paulista (Unesp) decidiu ofertar 195 vagas extras para participantes dos torneios. Os selecionados começam a frequentar as instituições no ano que vem.

Além de reconhecer o potencial de essas competições revelarem talentos, a iniciativa mostra a reação das universidades brasileiras ao fato de muitos premiados deixarem o Brasil rumo a universidades de ponta no exterior. Em Yale ou Harvard (EUA), por exemplo, um histórico de participação em olimpíadas de conhecimento pode valer créditos preciosos como critério para ingresso.

De olho na tendência, colégios particulares de São Paulo passaram a dedicar formações extras ou reforços na grade regular. Para transformar seus alunos em medalhistas, o Vital Brazil, no Butantã, zona oeste paulistana, oferece módulos em horários extracurriculares do 6º ao 9º ano, abrangendo Física, Matemática e Química,

Já no ensino médio, o preparo está inserido de forma mais fluida na grade curricular. "Damos carga extra de preparo aos alunos do fundamental, para que já cheguem ao ensino médio mais afiados para as olimpíadas, sem necessidade de reforços", explica Roberto Leal, coordenador pedagógico do ensino fundamental.

A escola já tem medalhistas, como Matheus Franco, do 3º ano do ensino médio. Só em 2018, ele acumulou quatro medalhas, duas delas de ouro, obtidas na Olimpíada de Química do Estado de São Paulo e na Canguru de Matemática Brasil (em que participam alunos desde os anos iniciais do ensino fundamental). "Gosto da experiência. Tenho até amigos que sempre vão comigo e competimos para ver quem resolve as questões mais difíceis", comenta Franco.

Competições são estratégia para caçar talentos

Além dos reforços curriculares para fazer seus alunos brilharem nas disputas, as escolas acreditam que as olimpíadas são formas de encontrar jóias brutas: alunos brilhantes que ainda não estão inseridos nos trabalhos preparatórios.

O Poliedro, por exemplo, tem uma equipe direcionada ao tema. "Divulgamos as olimpíadas em murais e vamos de sala em sala explicar que as provas não são somente para os 'nerds' ou aqueles que só tiram nota 10", explica Thiago Cardoso da Costa, coordenador da Turma de Olimpíadas da instituição.

Cabe à equipe explicar aos alunos o próprio conceito das olimpíadas, para mostrar que é mais do que uma alternativa de acesso ao ensino superior de qualidade. "Não queremos que o aluno pense que é só mais uma prova para acontecer em um sábado ou em uma tarde da semana. Queremos mostrar que é algo lúdico, que desenvolve a capacidade de vencer desafios, além de uma oportunidade de conhecer pessoas e o ambiente universitário, uma vez que algumas provas ocorrem nos câmpus da USP e da Unicamp", completa Costa.

Em cada unidade do Poliedro, há um funcionário dedicado ao assunto. Além coordenar a divulgação dos exames, cabe a ele ajudar em todo o processo burocrático necessário para as provas, como os cadastros, contatos com organizadores e envio de documentações.

As ações deram resultados. Em 2012, antes da criação da equipe dedicada às olimpíadas de conhecimento, o colégio teve 35 premiações. No ano passado, foram 600.

Nessa lista, está o aluno Juan German Cornelio, do 3º ano do ensino médio. Ele participa das competições desde o 5º ano do fundamental, quando experimentou a Olimpíada Brasileira de Astronomia. Desde essa época, seu interesse só aumenta e, a cada ano, se inscreve em mais torneios.

Só em 2019, ele participou de 11 provas - de temas que foram de Ciências da Natureza a Exatas. No total, nesses oito anos de experiência em olimpíadas, já tem 8 medalhas - de ouro, prata e bronze.

"Comecei e não parei mais. Gosto bastante das olimpíadas por conta da experiência e da sensação constante de desafio", conta Juan, que sonha em cursar Física na USP. Sua meta é fazer das medalhas o passaporte para a matrícula. Mas, caso não consiga, não se arrepende de ter participado de tantas competições. "Em algumas, encontro os próprios profissionais que organizaram a prova."

Torneios começaram no Brasil há quatro décadas

As olimpíadas de conhecimento são provas teóricas e práticas, nas quais as pontuações podem render medalhas de bronze, prata ou ouro. Comuns no exterior há muitas décadas, começaram a ser realizadas no Brasil em 1979, com a Olimpíada Brasileira de Matemática. Desde essa época, as competições se multiplicaram e hoje há cerca de 20 provas nos campos de Humanas, Exatas e Biológicas.

Dentre as competições nacionais, algumas das mais valorizadas são a Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM), Olimpíada Brasileira de Física (OBF) e a Olimpíada Brasileira de Informática (OBI).

Em edital, cada instituição estabelece as olimpíadas que serão consideradas e um ranking de acordo com a prova e com a medalha que o estudante possui - o aluno selecionado fica isento do vestibular convencional.

As vagas olímpicas também não contemplam todas as graduações - no edital de cada universidade constam os cursos contemplados. Por enquanto, a maioria deles se concentra nas áreas de Exatas e Biológicas.

Estadão
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