Sem royalties, Rio suspende salários para 1 mil professores da Uerj
Além dos professores, estudantes bolsistas estão sem receber auxílio de R$ 400. O governo promete regularizar a situação até quarta
Pelo menos 1 mil professores contratados da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) tiveram seus salários congelados por causa da decisão do governador Sérgio Cabral de interromper todos os pagamentos à universidade depois que o Congresso Nacional derrubou o veto da presidente Dilma Rousseff sobre a distribuição dos royalties do petróleo. A estimativa é da Associação de Docentes da Uerj (Asduerj), que questiona a decisão do governo estadual.
Segundo a associação, foram atingidos pelo bloqueio dos empenhos cerca de 900 professores substitutos e 116 docentes visitantes. Apenas os concursados estão com o salário do mês garantido. Também estão incluídos no corte os professores que possuem uma modalidade de bolsa científica, para pesquisas, que complementa o rendimento.
De acordo com o presidente da associação, Guilherme Mota, a decisão do governador mostra a falta de zelo com o ensino superior. "É uma demonstração da completa falta de prioridade com a educação no Rio de Janeiro. A receita que o Estado vai deixar de receber, pelo que vi, seria de R$ 1,4 bilhão, não é tanto em comparação com os R$ 70 bilhões de orçamento previsto para o ano que justificasse esse corte no salário dos professores", afirmou Mota.
Ele ainda disse que a direção da associação vai se reunir na quarta-feira para apresentar um documento ao reitor da Uerj pedindo providências. Os professores não descartam entrar na Justiça para cobrar o pagamento dos salários.
Em nota divulgada na sexta-feira, o reitor da Uerj, Ricardo Vieiralves, informou que desde o dia 7 de março os empenhos estão bloqueados por determinação do governador. "Como reitor, estou agindo no sentido de minimizar danos, de modo que sejam os menores possíveis para a comunidade universitária. Neste momento estou em tratativa com o governo do Estado para que a situação da universidade volte à normalidade o mais rápido possível. Espero contar com a compreensão e a solidariedade de todos".
Protesto de estudantes
Além dos docentes, alunos da Uerj também são prejudicados com o congelamento dos gastos, já que deveriam ter recebido, na última semaa, uma ajuda de custo de R$ 400. Os estudantes se mobilizam pelas redes sociais e já marcaram dois protestos, um para a noite de hoje na Uerj e outro na quarta-feira, junto ao prédio da Assembleia Legislativa.
Rose Angela Naiff, aluna do 9º período de Ciências Sociais e que entrou na universidade pelo sistema de cotas, disse que o corte prejudica a permanência dos alunos na universidade. "O dinheiro já não é muito, e ainda é cortado de repente dessa forma? As pessoas têm compromissos, contas a pagar. Muitos vão deixar de vir à universidade essa semana simplesmente porque não podem pagar as passagens."
A secretaria de Ciência e Tecnologia confirmou que houve suspensão nos pagamentos, com excessão dos salários dos servidores públicos, mas assegurou que até quarta-feira o valor devido a todos os docentes e bolsistas da Uerj será depositado pelo governo estadual.
O montante programado para os pagamentos do dia 7 de março era de R$ 82 milhões e a previsão para o mês é de R$ 470 milhões, valor que não incorpora a folha de ativos e inativos (R$ 1,7 bilhão) e as transferências para municípios (R$ 922 milhões), a serem executados normalmente.