SP: governo rebate críticas sobre reorganização educacional
Secretaria da Educação do Estado de São Paulo diz que informações equivocadas "prejudicam uma medida boa para os estudantes"; APEOESP reage
Na tarde desta quinta-feira (15), um protesto de estudantes e professores contra a mudança da reorganização no sistema de ensino estadual terminou em confronto com a polícia militar (PM), em frente ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual de São Paulo.
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Manifestações de alunos da rede estadual estão tomando força após o anúncio do governo de Geraldo Alckmin de ampliar o número de escolas de ciclo único. A proposta é que, a partir de 2016, as unidades selecionadas atendam apenas um dos três ciclos (do 1º ao 5º ano, 6º ao 9º ou o Ensino Médio). A estimativa é que 1 milhão de alunos sejam transferidos .
Outros exemplos são os protestos que ocorreram no último dia 9, em que estudantes se reuniram em frente à Secretaria de Educação para mostrar indignação contra a medida, e um ato simbólico na última quarta-feira (14), em São Bernardo do Campo, em que alunos abraçaram a escola e pediram para que ela não fosse fechada.
O medo de professores e estudantes é que a mudança na estrutura educacional acarrete no fechamento de escolas, demissões, superlotação das salas e uma maior precarização do serviço educacional estadual.
Porém, em nota, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo afirma que "qualquer informação dita neste momento não é oficial e só visa prejudicar uma medida boa para os estudantes paulistas". Quanto aos temores de demissão, ela argumenta: "foi publicada hoje, no dia do professor, a nomeação de mais de 6 mil funcionários para atuarem nas escolas da rede estadual de ensino".
O governo organizará no dia 14 de novembro o "Dia E", um encontro em todas as escolas para que pais e alunos possam tirar suas dúvidas em relação às mudanças na educação.
Confira o comunicado na íntegra:
São Paulo tem atuado pela melhoria da educação, não apenas com mudanças que visam a entrega de escolas melhores aos estudantes, mas também com a contratação e valorização de profissionais. Foi publicada hoje, no dia do professor, a nomeação de mais de 6 mil funcionários para atuarem nas escolas da rede estadual de ensino. São mais 5.187 professores do Ensino Fundamental. A proposta, assinada ontem pelo governador Geraldo Alckmin, corrobora com a valorização do profissional.
A reorganização de algumas escolas da rede possibilitará um ambiente escolar melhor para alunos e funcionários. Não há qualquer compromisso com o fechamento de escolas, mas na criação de salas e segmentação dos ciclos, mantendo alunos da mesma idade juntos. Os educadores da rede têm até o final desta semana para finalizarem o estudo proposto pela Pasta. Qualquer informação dita neste momento não é oficial e só visa prejudicar uma medida boa para os estudantes paulistas.
Em conversa com o Terra, a assessoria de imprensa também afirma que as manifestações organizadas são precipitadas, já que as diretorias de ensino ainda estão estudando a situação das escolas para indicar quais poderiam passar pela reestruturação.
Segundo informações da secretaria, a mudança não envolverá todas as unidades neste primeiro momento. O órgão também insiste que os alunos só poderão ser transferidos até 1,5 quilômetro de distância e que a capacidade máxima de estudantes por sala será mantida, tendo 30 alunos para o ciclo I do Fundamental, 35 para o Ciclo II e 40 para o Ensino Médio.
Porém, o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP) refuta os argumentos do governo. Maria Izabel Azevedo Noronha, presidente do sindicato, afirma que as manifestações não são precipitadas, "estão à altura das preocupações que pais e alunos estão tendo. Vai haver uma grande mudança (no sistema educacional estadual) e não tem transparência, as pessoas querem saber o que está acontecendo".
Noronha ainda indaga sobre o limite de transferência. "Se um aluno já anda 1,5 quilômetro de distância para chegar a sua escola, caso seja transferido terá que andar mais 1,5 quilômetro? Então ele terá que se locomover 3 quilômetros?"
Ela ainda chama a atenção para o fechamento de classes que teria ocorrido neste ano e o problema da superlotação em um post que fez no site do sindicato. "Em 2015, verificamos o fechamento de pelo menos 3390 classes, ao mesmo tempo em que nas escolas estaduais o ano letivo foi iniciado com 45, 50 e até mesmo 60 estudantes em classes do ensino regular e até 100 estudantes em classes da Educação de Jovens e Adultos. Uma situação inaceitável", escreveu.
Para a presidente da APEOESP, a reorganização é um desrespeito do governo estadual com a comunidade escolar.