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SP registra 5,6 mil casos de covid nas escolas e 39 mortes; incidência é maior entre professores

Governo mudou metodologia e passou a considerar teste PCR positivo como caso 'provável'

7 mai 2021 - 18h18
(atualizado às 20h23)
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Após mudar a metodologia na divulgação de infecções pela covid-19 nas escolas, o governo de São Paulo informou nesta sexta-feira, 7, que foram registrados 5.651 casos "prováveis" da doença entre professores, alunos e servidores desde janeiro e 39 óbitos, sem detalhar quantas mortes foram de docentes ou estudantes. A incidência da covid-19 é maior entre professores.

Segundo a pasta, foram 1.229 infecções de professores para cada 100 mil docentes. O universo de docentes considerado engloba todos os professores da rede estadual ativos no ano de 2021, mesmo que não tenham ido à escola. Entre os alunos, são 27 casos para cada 100 mil e, entre os servidores, a incidência é de 719 casos para cada 100 mil. Considerando toda a comunidade escolar, a incidência é de 98 casos para cada 100 mil pessoas. Na população paulista como um todo, a incidência é de 3.132 casos por 100 mil habitantes.

O novo balanço da Secretaria Estadual da Educação, apresentado pelo secretário Rossieli Soares e pelo epidemiologista Wanderson de Oliveira, coordenador da Comissão Médica da Educação do Estado de São Paulo, leva em conta os registros de 3 de janeiro a 1.º de maio. O levantamento foi apresentado um mês após a última divulgação dos dados. Naquela época, havia 4.084 casos confirmados entre alunos, professores e funcionários e 21 mortes (dois estudantes e 19 servidores).

As escolas estaduais foram reabertas no Estado de São Paulo no dia 8 de fevereiro, mas as aulas acabaram suspensas um mês depois com o recrudescimento da pandemia. Em abril, a rede estadual retomou as classes presenciais, com frequência de 35% dos alunos. Para monitorar infecções tanto na rede pública quanto na rede privada, o governo criou o Sistema de Informação e Monitoramento da Educação para Covid-19 (Simed), que reúne dados sobre a covid-19 na comunidade escolar informados pelas escolas.

Para o novo levantamento, a pasta passou a chamar de casos "prováveis" os registros de alunos, professores e funcionários que apresentam testes positivos do tipo RT-PCR (considerado padrão-ouro) ou de antígeno, mas cujos dados ainda não foram validados pela Secretaria da Saúde. Quando o registro provável na escola é confirmado pela Saúde, o caso passa a ser chamado de "confirmado". A pasta, no entanto, não apresentou quantos são os registros confirmados, além dos 5,6 mil "prováveis".

Há ainda, segundo a Seduc, 8.010 casos "em investigação", assim chamados quando há campos em aberto no preenchimento pela escola, e 7.844 registros inconclusivos, quando o teste feito foi o sorológico (que não detecta a infecção ativa) ou quando o registro está em aberto por mais de 60 dias. Outros 6.559 casos foram descartados. Entre prováveis, inconclusivos, descartados e em investigação, são 28.064 notificações no Simed. A linha do tempo das notificações no Simed mostra que houve um pico de registros nos períodos de 21 de fevereiro a 6 de março nas escolas.

A rede estadual concentra 65,6% das infecções pela covid-19, enquanto a rede privada tem 1.764 casos (31%). Entre os 5.651 casos prováveis da doença, 2.300 são de professores, 2.798 são de alunos e 553 são de servidores. O número de óbitos passou de 21 para 39, mas, diferentemente do que ocorreu na última divulgação, o governo informou não ser possível detalhar quantos óbitos são de professores. "Nos reservamos o cuidado de não informar esse dado agora até que tenhamos a certificação de todos os casos graves que evoluíram para óbito", disse Oliveira.

Questionado sobre por que os casos confirmados não aparecem na conta do total de infecções nas escolas, Oliveira disse que houve "muita confusão" após o primeiro boletim e os números informados nas escolas não batiam com os da Saúde. "Se a escola tiver falado a verdade, esses casos (prováveis) todos são potencialmente confirmados. O problema é que a escola é leiga, ela não é da área da saúde, não é a escola que classifica os casos. Quem tem de fechar os casos é a Saúde", disse Oliveira.

O epidemiologista defendeu a manutenção da abertura das escolas e rebateu comentários de quem acompanhava a transmissão ao vivo. "Vamos parar com essa coisa de achar que escola não pode ser aberta. Vamos tirar a politização desse debate, isso não leva para lugar nenhum e quem sofre são as crianças", disse Oliveira, que destacou o caso da filha, com deficiência, que, segundo ele, "não pode se dar ao luxo de não ter aula presencial".

Oliveira disse que a criança está frequentando a escola, pegou covid e os parentes estão em isolamento. "Fizemos o teste de RT-PCR, fizemos tudo o que tinha que ser feito", disse. Ele também chamou quem não acredita que criança pega menos covid-19 e tem menor risco de "tão negacionista quanto quem acredita que cloroquina é tratamento".

Defendida pelo secretário Rossieli, a reabertura das escolas enfrenta resistência de professores, que temem contaminação nas escolas. A categoria pede a vacinação dos profissionais com menos de 47 anos, mas, apesar de ter sido o primeiro Estado a vacinar professores no País, o governo de São Paulo não tem qualquer previsão para continuar a imunizar os trabalhadores de educação mais jovens.

Governo estuda mudar regra de ocupação de escolas

O secretário Rossieli Soares disse ainda, durante a coletiva de imprensa para apresentar os dados, que estuda mudar as regras de ocupação das escolas para passar a considerar a capacidade dos prédios e não mais o total de matrículas. Hoje, se uma escola tem mil matriculados, só pode receber 350 alunos, respeitando o limite de 35% definido pelo Plano São Paulo, que orienta a reabertura das atividades econômicas na pandemia. Com a mudança, uma escola com mais espaço físico poderia passar a receber mais alunos.

Estadão
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