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Tech for Good: iniciativas que usam a tecnologia para a inclusão social

A tecnologia é uma ferramenta que muda o mundo, mas deve ser reorientada na direção certa: resolver problemas sociais

2 ago 2023 - 04h00
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Foto: VaiNaWeb

Segundo o World Economic Forum, a capacitação de profissionais na área de sistemas de informação é, hoje, tão primordial quanto o impacto das tecnologias nos negócios. A escassez de profissionais qualificados é provocada de um lado pela falta de educação tecnológica inclusiva, infraestrutura digital e instabilidade socioeconômica. E do outro, pela demanda crescente da indústria por profissionais altamente experientes. Diante deste cenário: como a tecnologia pode contribuir para a inclusão social e reduzir as desigualdades?

De fato, o Brasil é um país com enormes desigualdades. 62,5 milhões de pessoas vivem na linha da pobreza, segundo dados da UNESCO. Enquanto 8,9 milhões de pessoas estão desempregadas, a indústria de tecnologia enfrenta escassez de talentos que ameaça a posição do país como o 10º maior mercado mundial de TI.

Programas de formação e empoderamento de jovens como Vai na Web, e a Escola 42 ou projetos de inclusão digital como e-Dinheiro, são exemplos de iniciativas desenvolvidas por empreendedores sociais e comunidades locais com objetivo de mudar a realidade de grupos vulneráveis em favelas e comunidades carentes.

Vai na Web, criada em 2017, é um programa gratuito de formação de programadores com foco em valores humanos que prepara jovens de favelas e periferias para a economia digital. O programa ensina linguagem de programação, aulas de inglês e habilidades socioemocionais. Os alunos também contam com acompanhamento psicológico. Segundo um dos fundadores, "temos um modelo de impacto social regenerativo multistakeholder. A identidade do programa é baseada no poder da rede. É um movimento aberto e inclusivo". Segundo a diretora de relações institucionais, "é preciso organizar a mente dos jovens. Eles precisam aprender a estudar e refletir criticamente neste processo. Esta é a primeira etapa da nossa jornada". Em 2021, o programa inscreveu 346 alunos, dos quais 47,7% eram mulheres. 50% do ex-alunos estão hoje inseridos no mercado de trabalho.

3 lições valiosas sobre como a tecnologia contribui para a inclusão social

1 - Soluções tecnológicas inclusivas devem ser orquestradas pelas populações vulneráveis e para as populações vulneráveis

Programas como Vai na Web nos mostram que é possível quebrar o ciclo vicioso de desigualdades e empoderar populações vulneráveis se elas estiverem no core business do negócio. Assim, escolas de tecnologia inclusivas devem adaptar os métodos de ensino para 1) atender os desafios da economia digital, e 2) empoderar alunos com pedagogia emancipatória crítica entendendo as limitações e realidades de pessoas que vivenciam a pobreza e a desigualdade diariamente no Brasil: "O maior legado que posso deixar para o Vai na Web são 100 alunos que podem formar 1.000 alunos, que vão formar 10.000 alunos." (Diretora de Relações Institucionais, Vai na Web)

2 - A educação tecnológica inclusiva deve ser humanizada

Embora pesquisas indiquem que a educação é um antecedente crucial à mobilidade social, muitos sistemas educacionais dependem de formas passivas de educação que se concentram em hard skills – design de tecnologia ou análise de dados – em vez de habilidades centradas no ser humano como cooperação, empatia, consciência social e cidadania global – que são fundamentais para moldar sociedades equânimes.

3 - Soluções tecnológicas sustentáveis de impacto social levam tempo

É preciso tempo para criar grandes coisas. Enquanto a desigualdade avança, empresas de tecnologia concentram riquezas e consideram áreas de pobreza e exclusão social como mercados a serem explorados construindo narrativas de sustentabilidade (diversidade, cota, doações). No entanto, os impactos positivos e o valor local destes projetos 'sustentáveis' pode ser questionado: "A prática comum é fazer projetos de um ano, que é muito pouco tempo para gerar impacto social". (Empreendedora Social, Vai na Web)

Através de iniciativas de impacto social é possível aspirar uma sociedade menos desigual. Entender a relevância das tecnologias e as habilidades individuais para capacitar pessoas é fundamental na promoção da mobilidade social de grupos vulneráveis. Dessa forma, podemos prever impactos futuros genuinamente sustentáveis para todos.

Esses e outros temas serão abordados na 7° edição do Rio.Futuro, dia 15 de agosto de 2023, da qual o Terra é parceiro. O tema 2023 da conferência é Um Outro Mundo É Possível, para oferecer pontos de vistas diferentes e mais positivos sobre as mudanças que vivemos. O evento é totalmente gratuito e on-line.

Fonte: Ana Paula Tavares e Xavier Leclerc
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