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Texto-base que altera Novo Ensino Médio ainda precisa de melhorias, avaliam entidades

Grupos atentos à educação reconheceram os avanços do projeto, mas afirmaram que algumas mudanças são necessárias; entenda

21 mar 2024 - 14h21
(atualizado às 14h48)
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Resumo
A Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei que redefine a Política Nacional do Ensino Médio, aumentando a porcentagem de carga horária obrigatória para componentes obrigatórios.
Sala de aula
Sala de aula
Foto: archideaphoto/GettyImages

Após a Câmara dos Deputados aprovar, nesta quarta-feira, 20, o texto-base do PL 5230/23, que redefine a Política Nacional do Ensino Médio, entidades ligadas à educação se posicionaram, reconheceram mudanças positivas, mas afirmaram que o Projeto de Lei 5.320/2023 ainda precisa de melhorias. Agora, a proposta será apreciada pelo Senado.

Em nota, a organização Todos Pela Educação afirmou que a aprovação é um avanço na reforma do Ensino Médio, e permite mais flexibilidade e autonomia de escolha para os estudantes. Entre os pontos positivos estão a recomposição da carga horária e a definição dos componentes curriculares.

No entanto, a entidade apontou a necessidade de estabelecer um mínimo de formação geral básica em escolas de tempo integral. A organização também enfatizou a importância de uma tramitação rápida no Senado, para possibilitar a implementação das mudanças a partir de 2025.

Já a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) afirmou que a formação propedêutica avança, mas que o ensino técnico continua sob ataque privatista. Em outras palavras, a entidade afirmou que diversos pontos do projeto original foram incorporados, mas ainda há ênfase na privatização da educação profissional técnica (EPT).

Entre os pontos aprovados pela Câmara, a CNTE ressaltou a elevação da carga horária da formação geral básica, o fim da obrigatoriedade exclusiva de português e matemática, a reformulação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a regulamentação dos itinerários formativos. No entanto, eles alertaram para questões pendentes, como a defasagem na formação geral básica para o ensino técnico, a contratação de profissionais sem formação pedagógica e as parcerias público-privadas na oferta da educação profissional técnica.

Outros aspectos problemáticos

Já a Campanha Nacional pelo Direito à Educação expressou "profunda preocupação" em relação ao futuro do Ensino Médio no País. O grupo reconheceu a vitória da garantia das 2.400 horas mínimas para a formação geral básica, mas destacou diversos aspectos que consideram problemáticos com relação ao texto aprovado.

Entre eles: 

  • Falta de garantia de uma formação geral comum para estudantes de cursos técnico-profissionais; 
  • Reducionismo curricular vinculado à Base Nacional Comum Curricular (BNCC);
  • Possibilidade de privatização da educação; 
  • Precarização do trabalho docente, entre outros pontos.

O coletivo comparou o projeto a políticas educacionais do passado que institucionalizaram um sistema que agravou as desigualdades sociais e educacionais. Para o grupo, é preciso resistência e mobilização para garantir um ensino médio público, democrático e de qualidade para todos os estudantes.

As entidades estudantis União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), União Nacional dos Estudantes (UNE) e Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) postaram uma nota conjunta em que reconheceram os avanços do projeto, mas afirmaram que ainda há muito a se consolidar.

As três sugeriram o estabelecimento do Espanhol como 13ª disciplina obrigatória, o fim do notório saber na grade técnica, além da necessidade de regulação e acompanhamento do Ministério da Educação na discussão dos componentes curriculares. 

O que diz o MEC

O ministro da Educação, Camilo Santana, acompanhou a votação da proposta e disse que o diálogo garantiu o retorno das 2.400 horas de formação geral básica. Segundo ele, essa é a essência do projeto.

"Garantimos a formação geral básica boa, retomando a carga horária, e também garantimos o ensino técnico profissionalizante, que é o que queremos avançar no Brasil", disse à Agência Câmara de Notícias.

Camilo afirmou ainda que, durante a consulta pública feita pelo Ministério da Educação em 2023, 80% dos estudantes defenderam o ensino técnico profissionalizante integrado com o ensino médio.

O projeto

O projeto é de autoria do Poder Executivo, e foi relatado pelo deputado federal Mendonça Filho (União-PE), que era o ministro da Educação durante a gestão do ex-presidente Michel Temer. Dentre as principais alterações ao que havia sido estabelecido na reforma de 2017 está a composição da carga horária dos estudantes.

Mantendo as 3 mil horas de ensino ao longo do ensino médio, o projeto aumenta a porcentagem destinada aos componentes obrigatórios. Sendo assim:

  • A formação geral básica será de 2.400 horas para estudantes do curso regular, somadas a 600 horas destinadas aos itinerários formativos.

O relator também acolheu emendas e alterou a carga horária dos componentes obrigatórios para os estudantes que optarem pelo ensino técnico.

  • No texto original do projeto, a carga das disciplinas obrigatórias era de 1.800 horas para alunos do ensino técnico, mas passou para 2.100.
Deputado Mendonça Filho, relator do PL
Deputado Mendonça Filho, relator do PL
Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

Mendonça Filho, porém, abriu um parêntese para a possibilidade de uma "intersecção" entre curso técnico e de formação geral, quando houver necessidade de expandir as horas destinadas ao ensino técnico.

"Teríamos que compatibilizar parte da formação geral básica com a formação técnica, numa interseção e numa conciliação permitindo que esses cursos permaneçam sendo ofertados", disse durante a apresentação da emenda.

Itinerários a serem aprofundados

Nas horas destinadas aos itinerários formativos, o estudante irá escolher entre essas quatro áreas para se aprofundar:

  • Linguagens e suas tecnologias;
  • Matemática e suas tecnologias;
  • Ciências da natureza e suas tecnologias;
  • Ciências humanas e sociais aplicadas.

Um dos pontos de maior descontentamento por parte do governo foi a retirada da língua espanhola como obrigatória. O texto-base considera que, agora, as secretarias estaduais poderão definir se o espanhol será incluído como língua preferencial.

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Fonte: Redação Terra
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