Trend do 'corte seco' faz crianças 'comerem' sílabas ao falar e preocupa pais e professores: 'Posso ir ao banhê?'
Crianças entre 6 e 12 anos falam "estou com fó" e "vou para escó", por exemplo
Com o acesso cada vez maior de crianças até 12 anos às redes sociais, um fenômeno tem afetado a fala de crianças de 6 a 12 anos e preocupado pais e professores: o "corte seco". Isso tem feito com que elas pronunciem as palavras sem falar a última sílaba.
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“Preciso pegar o livro”, por exemplo, vira “Preciso pegar o lí”, ou "Estou com fome" vira "Estou com fó", "Posso ir ao banheiro" vira "Posso ir ao banhê?", e assim por diante. Os adultos se vêem precisando adivinhar qual foi a palavra encurtada na frase.
A nova "mania linguística" tem preocupado as famílias. No TikTok, pais filmam os próprios filhos falando desse jeito e publicam as gravações, alguns para efeito de humor, outros para compartilhar a angústia. Um vídeo chegou a alcançar 3 milhões de visualizações.
Segundo especialistas, a moda pode comprometer o desenvolvimento infantil, especialmente porque ela indica que as crianças estão passando mais tempo expostas às telas. Além disso, quem "come" as sílabas pode comprometer a clareza da comunicação, dificultando o diálogo.
O "corte seco" pode prejudicar as crianças na fase de alfabetização e os processos de formação de palavras e fluência na leitura. Por outro lado, caso a criança já domine essas habilidades, pode ser encarado como uma brincadeira de estímulo cognitivo, desde que não ocorra o tempo inteiro.
De onde veio a trend?
Professores notam que alunos mais velhos, na faixa dos 12 anos, com acesso a celulares, acabam sendo os que mais falam desse jeito. Alguns youtubers e tiktokers produzem vídeos para esse público, com um estilo de edição para que os posts fiquem mais dinâmicos. Dessa forma, fazem cortes secos no final das frases, antes de terminarem de falar as palavras por inteiro.
Para imitar a forma como os criadores de conteúdo falam, as crianças deixam de pronunciar sílabas inteiras, criando um hábito. Especialistas recomendam que os pais controlem o tempo de tela e o conteúdo que é consumido pelos filhos, para garantir que a brincadeira seja feita em um nível saudável, e não prejudique a comunicação.