Depois de 13 dias de ocupação, estudantes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) decidiram deixar o prédio da reitoria da instituição, em Campinas (SP). A decisão foi tomada em assembleia nesta quarta-feira, que registrou 231 votos pela saída e 159 pela continuidade da invasão.
O edifício da reitoria teve as paredes pichadas, portas quebradas e vidros estilhaçados. Os estudantes falaram que precisam de alguns dias para fazer a limpeza e entregar o espaço em ordem. A decisão de sair foi tomada após representantes da universidade terem apresentado a intenção de retirar a proposta inicial de colocar a Polícia Militar em patrulhamento dentro do campus.
Apesar de ter o documento de reintegração de posse, a universidade optou em estabelecer um diálogo com os alunos. Houve três encontros entre as partes. "Há outras questões a serem discutidas, como a não criminalização daqueles que invadiram a reitoria e dos organizadores da festa. Mas avançamos muito nesta questão da PM", disse a coordenadora do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Carolina Filho.
A presença dos policiais militares havia sido anunciada no final de setembro, duas semanas após a morte do estudante de automação Denis Casagrande, 21 anos, em uma festa não autorizada dentro do campus. O estudante foi esfaqueado e espancado por pessoas de fora do quadro de alunos da universidade.
A festa, organizada por alunos, teria reunido cerca de 3 mil pessoas. A Unicamp havia se pronunciado que, apesar de clandestina, a reunião de jovens era de conhecimento e que saiu do controle.
O caso foi apurado pela Polícia Civil que apontou cinco responsáveis pela agressão e morte do universitário. O Ministério Público acatou e a Justiça decretou prisão temporária de Maria Teresa Peregrino e Anderson Mamede, ambos com 20 anos, e André Ricardo de Souza Motta, 22 anos, além de adolescentes encaminhados para a Vara de Infância e Juventude.
9 de outubro - Estudantes de artes cênicas fazem protesto bem-humorado na Unicamp
Foto: Rose Mary de Souza / Terra
9 de outubro - Com perucas coloridas, lençóis amarrados ao corpo simbolizando a Roma Antiga, fantasias diversas e rostos pintados, os estudantes chegaram entoando canções de crítica à presença da Polícia Militar dentro do campus da Unicamp anunciada no final de setembro
Foto: Rose Mary de Souza / Terra
9 de outubro - Dois jovens se equilibravam em perna de pau e se denominavam autoridades como "o grande governador" e o "magnífico reitor". Em certo momento, estudantes jogaram para o alto balas e chicletes e ao mesmo tempo estouraram bexigas de ar simulando uma rajada de tiros: "bala perdida, bala perdida", gritaram chamando a atenção
Foto: Rose Mary de Souza / Terra
9 de outubro - Manifestantes a favor da ocupação da reitoria da Unicamp simulam "batida" policial. Dois grupos - de contrários e de favoráveis à ocupação do prédio - bateram boca
Foto: Rose Mary de Souza / Especial para Terra
9 de outubro - Funcionários que organizaram o protesto disputaram o microfone de um carro de som. Alguns servidores reclaram da reitoria sem a presença dos "mascarados" no prédio da reitoria, já que suas mesas de trabalho estão sendo "compartilhadas" por jovens "pichadores, anarquistas e perturbadores da ordem"
Foto: Rose Mary de Souza / Especial para Terra
9 de outubro - Servidores também protestaram em favor da ocupação
Foto: Rose Mary de Souza / Especial para Terra
9 de outubro - Manifestante usa cartaz durante protesto
Foto: Rose Mary de Souza / Especial para Terra
9 de outubro - Do alto do prédio, estudantes que participam da ocupação aplaudiam ou vaiavam as manifestações dos servidores
Foto: Rose Mary de Souza / Especial para Terra
7 de outubro - Pelo menos cerca de 300 estudantes participaram de assembleia que decidiu pela manutenção da ocupação
Foto: Rose Mary de Souza / Especial para Terra
7 de outubro - Alguns alunos taparam os rostos durante a reunião que definiu os rumos do movimento
Foto: Rose Mary de Souza / Especial para Terra
7 de outubro - A ocupação da reuitoria foi iniciada na última quinta-feira
Foto: Rose Mary de Souza / Especial para Terra
7 de outubro - Cartazes e faixas foram dispostas no prédio da reitoria ocupada
Foto: Rose Mary de Souza / Especial para Terra
7 de outubro - Lençóis foram usados para impedir imagens de cinegrafistas
Foto: Rose Mary de Souza / Especial para Terra
7 de outubro - Os alunos cobram a retirada da Polícia Militar do campus
Foto: Rose Mary de Souza / Especial para Terra
4 de outubro - Desde a noite da invasão, a vigilancia é feita por seguranças da reitoria e não há presença policial no campus
Foto: Rose Mary de Souza / Especial para Terra
4 de outubro - Pelo menos 100 alunos passaram a noite do dia 3 de outubro no prédio da reitoria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em manifestação contra a abertura do campus para a patrulha da Polícia Militar
Foto: Rose Mary de Souza / Especial para Terra
4 de outubro - Pelo menos duas vidraças foram quebradas e um muro foi pichado com mensagens como "Pelo Denis, pelo Amarildo, pela perifa" e "Fora PM do Haiti"
Foto: Rose Mary de Souza / Especial para Terra
4 de outubro - A Unicamp ainda não se manifestou sobre a ocupação, mas um boletim de ocorrência foi registrado e um pedido de reintegração de posse deve ser impetrado na Justiça na manhã desta sexta-feira