Vaga júnior com experiência anterior: por que as empresas cobram histórico do profissional iniciante?
Exigência de experiência para vagas destinadas a iniciantes é prática comum no mercado; veja as alternativas adotadas pelas empresas
A exigência de experiência anterior para vagas de nível júnior, destinadas a iniciantes, é uma prática comum no mercado de trabalho, embora possa parecer contraditória à primeira vista. Afinal, como um profissional em início de carreira pode acumular a experiência necessária se todas as posições exigem um histórico prévio?
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Um dos motivos pelos quais as empresas exigem experiência prévia, mesmo para vagas de nível iniciante, é a redução de riscos. As empresas buscam minimizar os riscos ao contratar alguém que já demonstrou suas habilidades em contextos profissionais.
Na avaliação de Daniele Malafronte, especialista em gestão de pessoas e consultora de RH, a matriz curricular desatualizada e pouco desenvolvida da maioria das instituições de ensino no País faz com que os empregadores hesitem em contratar profissionais sem experiência prévia.
"Muitas vezes o currículo 'escolar' são muito teóricos, pois as faculdades e cursos profissionalizantes têm dificuldade em acompanhar a atualização do mercado de trabalho, em especial, as novas tecnologias", explica.
Portanto, um histórico de experiência serve como uma forma de garantia de que o candidato pode desempenhar as funções exigidas pela vaga.
Além disso, profissionais com alguma experiência anterior geralmente necessitam de menos treinamento e adaptação, o que significa que podem começar a contribuir de forma produtiva mais rapidamente, algo especialmente importante em ambientes de trabalho dinâmicos onde o tempo é um recurso valioso.
O requisito também é impulsionado pela intensa competitividade do mercado, onde as empresas podem exigir experiência mesmo para posições iniciantes. Isso acontece devido ao menor número de vagas disponíveis em comparação com o grande número de candidatos que já possuem alguma experiência profissional, seja por meio de estágios, projetos acadêmicos ou trabalhos temporários.
Veja a seguir os principais prós e contras de exigir experiência anterior para vagas voltadas a iniciantes:
Prós
- Qualidade assegurada: A experiência anterior pode ser um indicador da qualidade do trabalho do candidato, facilitando a seleção de profissionais competentes;
- Menor custo de treinamento: Com menos necessidade de treinamento inicial, as empresas podem economizar tempo e recursos;
- Rapidez na adaptação: Candidatos experientes tendem a se adaptar mais rapidamente ao novo ambiente de trabalho, compreendendo as dinâmicas e expectativas do mercado.
Contras
- Barreira de entrada: Exigir experiência anterior pode criar uma barreira para jovens profissionais que ainda não tiveram a oportunidade de ingressar no mercado de trabalho;
"A exigência de experiências prévias, assim como de idiomas ou de intercâmbios, excluem grande parte de candidatos que poderiam, com tempo e investimento, se desenvolverem dentro da empresa, gerando senso de pertencimento e aculturamento", diz Malafronte.
- Perda de talentos: Empresas podem perder a chance de descobrir talentos promissores que, apesar da falta de experiência, possuem potencial e habilidades que poderiam ser desenvolvidas com o treinamento adequado;
- Diversidade: Contratar sempre com base na experiência anterior pode limitar a diversidade de dentro da empresa, algo que jovens profissionais podem trazer de maneira única.
Alternativas
Se por um lado a exigência de experiência para vagas iniciais oferece mais segurança para a empresa contratante, ao estabelecer a comprovação de habilidades anteriores como critério para a contratação, por outro lado, a prática cria uma barreira de entrada para jovens profissionais que ainda não tiveram a oportunidade de ingressar no mercado de trabalho.
Como alternativa, empresas têm desenvolvido programas de estágio e trainee com o objetivo de preparar novos profissionais sem experiência antes de efetivar a contratação. No entanto, a iniciativa possui elevados custos para a empresa, o que faz com que a prática seja uma exceção entre as organizações.
"O processo seletivo, por exemplo, pode contemplar etapas que permitem aos profissionais demonstrarem as competências necessárias para exercer a função. Dinâmicas de grupo e testes práticos são alternativas para isso. Já em relação ao desenvolvimento, pode-se considerar treinar as novas pessoas de acordo com as necessidades da função, ao invés de esperar que elas cheguem gerando resultados. Programas de jovem aprendiz, estágio e trainee são excelentes portas de entrada e atraem profissionais que buscam sua primeira experiência no mercado de trabalho", completa a consultora.
Veja algumas iniciativas:
- Programas de treinamento e mentoria: Investir em programas estruturados de treinamento e mentoria pode ajudar a preparar novos profissionais sem experiência, tornando-os aptos para contribuir de maneira efetiva;
- Estágios e Programas de Trainee: Oferecer estágios e programas de trainee é uma maneira de desenvolver talentos internos e avaliar seu desempenho antes de efetivar a contratação;
- Flexibilidade nos requisitos: Revisar as descrições de vagas para distinguir entre requisitos essenciais e desejáveis, e ser mais flexível em relação à experiência anterior para posições iniciais.