Varíola dos macacos: o que é, os riscos e como pode aparecer nas provas
Autoridades da área da saúde alertam para o risco mundial da doença, que já afetou mais de 18 mil pessoas
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a varíola dos macacos já é uma emergência sanitária global. Em termos práticos, a decisão da OMS de classificar a doença dessa forma significa que a expansão do número de casos e o potencial risco de disseminação internacional são preocupantes e, por isso, os governos devem aumentar as ações de monitoramento. Outras enfermidades que receberam essa classificação nos últimos anos foram covid-19, zika e ebola.
Já são mais de 18 mil casos pelo mundo e, no Brasil, o número já passa de 900. Para te ajudar a entender melhor o tema, separamos informações importantes sobre o vírus, as características da doença e, ainda, como o assunto pode ser cobrado nos vestibulares. Confira:
O vírus
A varíola dos macacos é uma zoonose viral, ou seja, é transmitida de animais para humanos. A doença é causada pelo vírus monkeypox (varíola dos macacos, em inglês), pertence à mesma família (poxvírus) e gênero (ortopoxvírus) da varíola humana - erradicada em 1980.
O primeiro caso da varíola dos macacos em humanos foi registrado na República Democrática do Congo em 1970. Desde então, a doença se tornou relativamente comum na África Central e na África Ocidental e, hoje, é considerada endêmica no continente.
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Surto: ocorre quando há um aumento repentino do número de casos de uma doença em uma região específica.
Epidemia: é o aumento considerável do número de casos de determinada doença em diversas regiões no mesmo país.
Endemia: a questão não é quantitativa. Uma doença é classificada como endêmica quando acontece com muita frequência apenas em um local específico - não atingindo outras comunidades. Existem as chamadas áreas endêmicas: no caso do Brasil, por exemplo, é possível citar a febre amarela na Amazônia.
Pandemia: em uma escala de gravidade é o caso mais delicado. Ela se caracteriza por uma epidemia que se espalha por diversas regiões.
Embora os macacos também sejam afetados pela varíola, os principais hospedeiros da doença são roedores.
Formas de transmissão
A doença é transmitida pelo contato próximo com uma pessoa infectada, especialmente se há contato com lesões de pele, secreções respiratórias ou objetos, tecidos e superfícies utilizados por alguém contaminado.
Um fator que tem chamado a atenção dos especialistas é a relação entre a disseminação da doença e o sexo. Apesar de a varíola dos macacos não ser classificada como uma infecção sexualmente transmissível, uma pesquisa publicada pela revista científica New England Journal of Medicine apontou que, entre os 528 casos analisados, 95% das infecções ocorreram durante o contato sexual.
Sintomas da doença e tratamento
Em um primeiro momento, a pessoa infectada costuma ter febre, dor de cabeça, dores musculares, fadiga e inchaço nos linfonodos (conhecido popularmente como "íngua"). De um a cinco dias após o início desses primeiros sintomas começam a aparecer lesões na pele, que geralmente se concentram no rosto, nas extremidades do corpo, na mucosa da boca, na genitália e nos olhos.
Não há uma medicação específica para a doença. Por isso, o tratamento é feito por meio do suporte clínico e alívio dos sintomas. Os quadros costumam ser leves e os pacientes se recuperam dentro de algumas semanas, pois o próprio sistema imunológico costuma ser capaz de eliminar o vírus.
No geral, os riscos são maiores para pessoas imunossuprimidas com HIV/Aids, leucemia, linfoma, metástase, transplantados, pessoas com doenças autoimunes, gestantes, lactantes e crianças com menos de 8 anos de idade.
Também não foi desenvolvida uma vacina específica para a varíola dos macacos, mas três imunizantes utilizados para prevenir a varíola humana podem ser usados contra a doença pelo fato de ambos os vírus serem da mesma família.
Qual a diferença entre a varíola humana e a varíola dos macacos?
Apesar da grande similaridade genética, de sintomas e de transmissão, o smallpox, vírus da varíola comum, e o monkeypox, responsável pela varíola do macaco, diferem quanto à gravidade de suas infecções.
A varíola humana, considerada erradicada desde a década de 1980 por conta da campanha de vacinação em massa que ocorreu nas duas décadas anteriores, apresenta maior transmissividade e letalidade - cerca de 30% dos casos de infecção.
Nos vestibulares
Para os vestibulares, é importante saber as vias de contágio e os principais sintomas da varíola dos macacos, segundo Gustavo Camacho, professor de Biologia do Curso Pré-Vestibular da Oficina do Estudante de Campinas (SP).
O professor ressalta que questões comparativas também podem ser cobradas, então vale se atentar para outros vírus que possuem mecanismos de transmissão, replicação e medidas de tratamento e profilaxia semelhantes à varíola do macaco. "Por exemplo, é legal saber que o uso de máscaras pode ajudar a minimizar o contágio tanto da covid-19 quanto da varíola dos macacos."
Doenças, no geral, costumam aparecer todos os anos nos grandes vestibulares. Protozooses, viroses e verminoses são comuns tanto em provas de primeira quanto de segunda fase. Então, a dica do professor é recordar, para cada doença, o nome do agente transmissor, os mecanismos de contágio, sintomas mais relevantes e medidas profiláticas. "Organizar essas informações em tabelas ou resumir o ciclo dos parasitas causadores podem ser estratégias bastante eficazes de revisar esse tópico."