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'Vi no TikTok que tenho TDAH, é verdade?': Entenda trend que viralizou nas redes

Confirmação do transtorno é clínico, considera diversos fatores e é feito apenas por psiquiatra, neurologista ou neuropediatra

15 jun 2023 - 05h00
(atualizado às 09h28)
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Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade
Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade
Foto: Foto: Free Pik

Já se deparou com diagnósticos de Transtorno do Déficit de Atenção (TDAH) no TikTok? A tendência na plataforma de vídeos é estimulada por influencers que, sem conhecimento técnico no assunto, aplicam diagnósticos falsos para gerar engajamento e lucrar com o tema.

O alerta foi feito por cinco especialistas entrevistados pelo Terra. Foi unanimidade: todos advertiram sobre a prática realizada nas redes sociais. O diagnóstico de TDAH é feito apenas por profissionais da saúde, psicólogos, psiquiatra, neurologista ou neuropediatra.

"O diagnóstico de TDAH é baseado em critérios feitos pela observação de um especialista, então, ele não envolve necessariamente o uso do que a gente chama de 'exames complementares em medicina'", explica o psiquiatra Daniel Segenreich.

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade é uma doença crônica que inclui dificuldade de atenção, hiperatividade e impulsividade. Durante a avaliação, o especialista leva em conta não só os sintomas, mas os prejuízos que esses sintomas acarretam na vida do indivíduo. 

Por exemplo, todos somos um pouco desatentos, distraídos ou agitados em algum momento da vida, mas não significa que esses sintomas nos façam ter um diagnóstico de TDAH. 

Daniel Segenreich
Daniel Segenreich
Foto: Foto: Arquivo pessoal

18 sinais e sintomas

Entre os itens de critérios clínicos está a lista com 18 sinais e sintomas do TDAH, avaliados de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Os critérios mensuram níveis de desatenção, hiperatividade e impulsividade. 

Segundo Segenreich, o especialista deve cruzar as respostas com dados sobre frequência e intensidade dos sintomas para chegar ou não a um diagnóstico. No entanto, já existem testes genéticos e genômicos que indicam a presença de variantes ligadas ao TDAH.

O médico geneticista Gustavo Guida pondera que o chamado "painel multigênico e exoma" não consegue, sozinho, sustentar o diagnóstico do transtorno.

"Como a maior parte dos diagnósticos em saúde mental, nenhum exame sozinho faz diagnóstico, e nenhum questionário, aplicado sem conhecimento, é suficiente. O diagnóstico deve ser realizado por um profissional capacitado para isso, utilizando os instrumentos validados, observando as limitações de idade, contexto, a presença de outras situações e diagnósticos", explica.

Por outro lado, o teste de farmácia pode ajudar no manejo do paciente, principalmente em casos de politerapia ou histórico de eventos adversos, para que se identifique os melhores medicamentos a serem receitados.

Segurança dos pacientes

A neuropiscóloga Iane Kestelman, presidente da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), recomenda que quem apresentar sintomas que caracterizam o TDAH deve procurar um especialista para obter o diagnóstico correto. Pesquisadora do assunto há mais de 20 anos, Iane ressalta que a medida é essencial para segurança do próprio paciente, uma vez que os profissionais devem responder ao conselho de classe sobre os diagnósticos feitos e os tratamentos recomendados. 

"Se o paciente tiver alguma consequência daquilo que eu fiz, eu vou responder juridicamente por isso. A pergunta é: dentro desse espaço das redes sociais, onde todo mundo faz diagnóstico e faz tratamento sem ser especialista, quem responde por essas pessoas?", destaca. "Quem responde pelas consequências gravíssimas que podem existir para todas elas?".

Iane Kestelman, neuropsicóloga, presidente voluntária da ABDA,
Iane Kestelman, neuropsicóloga, presidente voluntária da ABDA,
Foto: Foto: Arquivo pessoal

A presidente da ABDA alerta ainda para o fato de os produtores de conteúdo, que aplicam esses diagnósticos no TikTok, se aproveitam do desespero e da falta de conhecimento dos pais e responsáveis para lucrar. Embora muitos desses influenciadores não tenham formação técnica na área da saúde, eles até comercializam "metodologias milagrosas" e apostilas para "tratar" o TDAH.

"A sociedade é livre, as pessoas têm escolhas, e evidentemente não somos nós que vamos dizer o que pode ou não pode ser oferecido na internet. Isso não é o meu papel, especialmente numa sociedade  democrática. No entanto, é nosso papel mostrar que através dessa profusão de pessoas que falam o dia inteiro sobre TDAH, estão banalizando o diagnóstico e transformando isso em algo simples e rentável, fazendo falsas promessas", alerta Iane.

Fonte: Redação Terra
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