A Floresta Amazônica pode ser considerada o 'pulmão do mundo'?
- Camila Soares
Com 7% da superfície total do planeta, a Amazônia abriga cerca de 50% da biodiversidade mundial. Para muitos, é considerada o "pulmão do mundo". Mas podemos considerar essa afirmação correta? De acordo com Antonio Ocimar Manzi, coordenador no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), a resposta é não.
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Segundo ele, a vegetação, que cresce por meio da fotossíntese, captura gás carbônico da atmosfera e libera oxigênio, ao contrário do pulmão que transforma oxigênio da atmosfera em gás carbônico. A Amazônia apresenta uma taxa muito grande de fotossíntese e, por conta disso, foi durante algumas décadas comparada a um grande pulmão "invertido", o "pulmão do mundo". No entanto, o professor explica que a floresta também libera gás carbônico na atmosfera, por respiração das plantas, e no processo de decomposição de troncos, galhos, folhas mortas e animais.
Dividida entre nove estados brasileiros: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do estado do Maranhão, a Amazônia é considerada uma floresta madura e, em termos do balanço de carbono e de outros nutrientes, deveria estar em equilíbrio. Por isso, em princípio, não é correto considerá-la um "pulmão do mundo".
"A concentração de oxigênio é responsável por aproximadamente 21% do volume da atmosfera, enquanto que a concentração de gás carbônico é responsável por menos que 0,04%. Portanto, mesmo que a floresta pudesse retirar todo esse gás carbônico da atmosfera, a concentração de oxigênio da atmosfera pouco mudaria", explica.
Em contrapartida, pesquisas recentes realizadas pelo Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), coordenado pelo Inpa, têm mostrado que a Floresta Amazônica está aumentando a sua biomassa, isto é, ela está retirando mais gás carbônico da atmosfera do que emitindo.
Segundo o pesquisador, a concentração de gás carbônico da atmosfera tem aumentado muito. Isto se deve à utilização de combustíveis fósseis e a substituição de áreas de florestas para a produção agropecuária e construção de barragens. Com isso, a floresta amazônica está contribuindo, como seria esperado pelo chamado "pulmão do mundo invertido", para amenizar os efeitos do aquecimento global.