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É possível sobreviver com 2 cabeças e um só corpo? Veja casos

É possível sobreviver com 2 cabeças e um só corpo? Veja casos

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Os médicos de um hospital no interior do Pará ficaram surpresos ao fazer uma ecografia em uma jovem nesta semana e descobrir que ela estava prestes a dar a luz a um "bebê com duas cabeças". Sem a estrutura de um grande centro, o hospital providenciou uma cesariana e assim que possível transferiu para uma maternidade da capital. Mas como duas pessoas podem nascer grudadas? É possível sobreviver com duas cabeças e um só corpo?

Na imagem de 2009, os gêmeos siameses na Indonésia, que morreram cinco dias após o nascimento
Na imagem de 2009, os gêmeos siameses na Indonésia, que morreram cinco dias após o nascimento
Foto: AFP

De acordo com o médico Julio Leite, coordenador do Programa de Monitoramento de Defeitos Congênitos do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o caso paraense pode ser chamado de gemelaridade imperfeita, quando há problemas na divisão das células durante o período de formação do embrião. "No Brasil o registro desse tipo de malformação é de um caso para cada 100 mil habitantes", explica.

A obstetra Nathália Neves Sapper afirma que problema acontece em gêmeos monozigóticos (produto da fecundação de um único óvulo, com posterior formação de dois embriões). "Na divisão das células, quanto mais cedo o ovo se divide em dois, mais perfeitos serão os gêmeos, porque eles possuem estruturas próprias para cada, como a placenta e o saco amniótico. Quando essa divisão ocorre mais tarde, lá pelo oitavo dia da concepção, a gravidez pode se tornar inviável, ou muito raramente, ocorrer a formação de gêmeos unidos", diz a especialista.

Sapper explica que os casos de gemelaridade imperfeita podem ser diagnosticados no primeiro mês de gestação, por meio de uma ecografia. "É importante que a mãe tenha acompanhamento médico, porque são gestações de alto risco". Segundo ela, não tem como tratar o problema durante a gravidez. "Toda gestação de gêmeos é de risco, mas nesses casos é preciso acompanhar todo o processo de formação, para garantir que eles vão se desenvolver".

De acordo com Julio Leite, a união dos gêmeos pela cabeça é chamada de dicéfala e é bem mais rara do que outros casos de gêmeos que nascem com alguma outra parte do corpo grudada. Ele ainda cita casos de gêmeos xipófagos (unidos pelo tórax), onfalópagos (unidos pela barriga) e cefalópagos, que são aqueles ligados pela cabeça. Dependendo do órgão em que eles estão unidos, pode ser feita uma cirurgia de separação, mas o médico explica que é um procedimento delicado, que nem sempre garante a sobrevivência das duas crianças.

É possível sobreviver com duas cabeças e um só corpo

O professor do Hospital de Clínicas diz que a probabilidade de manter uma vida saudável é muito difícil nestes casos. "Normalmente morrem após o parto porque apresentam malformação interna, com problemas cardíacos, de circulação sanguínea, às vezes no próprio cérebro. Quando sobrevivem, a qualidade de vida é praticamente zero", afirma ao destacar que, neste caso, os gêmeos precisam aprender a conviver em harmonia, já que possuem um só corpo.

Quando ocorre de apenas um dos gêmeos sobreviver, pode ser feita uma cirurgia para separar a cabeça, mas o procedimento é de alto risco. A obstetra Nathália Neves Sapper afirma que quando os dois sobrevivem, existe uma interação de ambos com o corpo. "Normalmente ocorre de apenas um deles ter o controle dos movimentos do corpo, mas pode acontecer também de ser dividido, cada um controla um lado. Não tem como precisar, depende de cada caso".

Ela cita como exemplo o caso de duas gêmeas americanas que há 21 anos vivem nesta situação. Abigail Loraine Hensel e Brittany Lee Hensel já foram notícias em jornais de todo o mundo ao contar como aprenderam a conviver com um só corpo. "São duas pessoas que dividem a mesma estrutura, os mesmos órgãos vitais, podem ocorrer várias complicações, mas não é impossível", explica a médica ao descartar a possibilidade de cirurgia. "Assim como no caso das americanas, se esses bebês do Pará sobreviverem, terão que aprender a conviver com essa dificuldade. Nos gêmeos que compartilham um órgão vital, como o coração e o cérebro, não tem como separar", afirma a obstetra.

Fonte: Terra
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