Qual a diferença entre furacão, ciclone, tornado e tufão? Como eles se formam?
Saiba ainda quais foram e onde ocorreram os fenômenos mais destrutivos
Furacão é um ciclone tropical. Trata-se de fenômeno meteorológico caracterizado pela formação de sistema de baixa pressão e grandes tempestades, com ventos de, no mínimo, 118 km/h. Como exemplo, pode-se citar o Sandy, que atingiu os Estados Unidos em 2012 e provocou US$ 20 bilhões em prejuízos.
Diferenças
O furacão é quase igual ao tufão. Na verdade, de acordo com Ernani de Lima Nascimento, doutor em Meteorologia pela Universidade de Oklahoma (EUA) e professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o termo "tufão" se refere ao mesmo fenômeno - só que em outra localização geográfica. Quando ocorre no Oceano Atlântico ou Pacífico Leste, chama-se furacão. No Pacífico Oeste, tufão.
E os dois fenômenos são classificados como ciclones, ambos com baixa pressão e ventos girando em torno de seus centros. Mas os ciclones não se restringem ao furacão e ao tufão. “Existem também os ciclones extratropicais, como aqueles que atingem o litoral sul do Brasil e que trazem com eles as frentes frias que nos atingem com frequência. Esses ciclones extratropicais são completamente diferentes dos ciclones tropicais”, pontua Nascimento.
Mais intenso, o tornado também é uma coluna de ar giratória, que se desloca em uma determinada velocidade em volta de um centro de baixa tensão. Contudo, seu tamanho e sua duração são menores em comparação com os furacões. “Enquanto o furacão é um aglomerado de centenas de tempestades que pode durar vários dias e apresentar um diâmetro de várias centenas de quilômetros, os tornados formam-se a partir da base de uma tempestade e têm diâmetro que raramente ultrapassa os 2 km e duração tipicamente menor que 10, 15 minutos”, destaca o especialista em tempestades. Mesmo assim, embora seja menor e tenha curta duração, o tornado é bem mais destrutivo do que um furacão, e seus ventos podem ultrapassar 500 km/h.
Onde
Estados Unidos, Costa do México, América Central e o chamado Caribe Superior são as regiões que costumam ser mais atingidas pelos furacões, que podem chegar a grandes velocidades e destruir cidades inteiras. Esses locais são propensos a esse fenômeno, pois congregam dois fatores essenciais: a temperatura do oceano nos primeiros 50 metros de profundidade deve estar acima de 26 graus Celsius e os ventos sobre esse oceano aquecido precisam ser fracos.
Formação
Conforme Nascimento, com essas condições, aglomerados de tempestades podem se organizar durante várias horas, extraindo o calor e umidade do oceano até crescer e atingir um estágio em que adquirem um giro herdado do próprio movimento de rotação da Terra. No hemisfério sul, os furacões giram no sentido horário, enquanto que, no hemisfério norte, a tempestade gira no sentido oposto.
Dissipação
Ainda segundo o especialista, furacões, quando adentram um continente, entram em fase de dissipação, porque perdem sua fonte primária de energia, o oceano aquecido. “Enquanto o furacão estiver sobre o oceano aquecido e encontrando um ambiente desprovido de intensas variações do vento com a altura, ele poderá continuar a se intensificar, produzindo pressões cada vez mais baixas no seu centro e ventos cada vez mais fortes em sua superfície”, explica Nascimento.
Intensidade
Levando em consideração a velocidade dos ventos, os furacões são classificados em cinco categorias, conforme a escala Saffir-Simpson, desenvolvida em 1970 pelo engenheiro Herbert Saffir e pelo doutor Robert Simpson. A fim de que o ciclone tropical atinja a classificação de furacão, ele deve apresentar ventos de, no mínimo, 119 km/h, o que o coloca na categoria 1 da escala Saffir-Simpson. Os ventos podem ser bem mais intensos. Quando estão entre 154 km/h e 177 km/h, o furacão é de categoria 2, e alguns danos já podem ser observados. Na categoria 3, os ventos ficam entre 178 km/h e 209 km/h, e danos mais graves podem ocorrer, até mesmo levando a mortes. Já na categoria 4, os ventos atingem entre 210 km/h e 249 km/h. A partir de 250 km/h, o furacão é de categoria 5, considerado extremamente grave e raro. “Esses últimos são maiores e mais energéticos, com grande força destrutiva dos ventos e das intensas chuvas”, salienta o meteorologista Augusto José Pereira Filho, professor do IAG/USP.
No Brasil
A ocorrência de furacões no País não é comum, afinal o Brasil dificilmente combina os dois fatores determinantes para a formação desse fenômeno. “As águas do Atlântico Sul são, em geral, menos aquecidas, e os ventos próximos da superfíce são mais intensos e inibem a formação e organização de furacões”, argumenta o professor do IAG/USP. Entretanto, em março de 2004, o furacão Catarina atingiu o sul do País, nas áreas litorâneas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Com ventos que chegaram a cerca de 180 km/h, o Catarina foi o primeiro furacão observado no Atlântico Sul. “O Catarina foi um caso extraordinário, exatamente por ter sido um fenômeno que evoluiu para a condição de um ciclone tropical trazendo consigo ventos destrutivos típicos de um furacão”, explica Nascimento. Embora seja um fenômeno raro, Pereira Filho alerta que ele pode ocorrer novamente, se houver os “ingredientes” adequados para a sua formação: águas quentes, ventos calmos e manutenção (olho).