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Todo o ouro do mundo caberia em uma sala?

Especialistas divergem, mas muitos acreditam que metal caberia em recinto com paredes de 20 metros de comprimento

1 abr 2013 - 07h04
(atualizado às 11h04)
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Se um supervilão quisesse roubar todo o estoque de ouro do mundo, a tarefa não seria tão difícil como se suporia. Cálculos anteriores, como o citado recentemente pelo megainvestidor americano Warren Buffet, sugerem que o ouro no mundo poderia caber em uma sala de 20 m de cada lado.

Os cálculos obviamente não consideram o ouro ainda embaixo da terra, mas apenas o que foi explorado e hoje está fundido em barras, em joias ou cobrindo antigos monumentos mundo afora. Buffet não mencionou qual seria a altura do tal cubo dourado, mas os números da pesquisa anual sobre ouro da consultoria Thomson Reuters nos dão uma estimativa mais precisa.

Seriam 171,3 mil toneladas de ouro no mundo - ou seja, caberiam em uma sala quadrada com paredes de 20,7 metros de comprimento e 9,8 metros de altura. Mas as estimativas variam bastante, vão de 155 mil toneladas a 2,5 milhões de toneladas.

Números superestimados

Os números são conflitantes porque o ouro vem sendo explorado há cerca de 6 mil anos, diz o historiador Timothy Green. As primeiras moedas de ouro foram cunhadas em 550 a.C. pelo rei Creso, da Lídia, que ficava no que é hoje o sul Turquia. Não demorou muito para ser aceita por mercadores do Mediterrâneo.

A Thomson Reuters calcula que até 1492, ano em que Colombo aportou na América, cerca de 12,8 mil toneladas de ouro já haviam sido extraídas. O investidor James Turk, especialista na comercialização de ouro, diz que os números são superestimados.

Ele diz que até a Idade Média as técnicas de mineração eram muito primitivas e calcula em 297 toneladas o montante explorado até a viagem de Colombo. Turk, fundador da Gold Money, empresa que comercializa o metal, estima que haja hoje no mundo 155,2 mil toneladas - 10% a menos do que o calculado pela Thompson Reuters, uma diferença que vale US$ 950 bilhões.

Números subestimados

Jan Skoyles, da Real Asset Company discorda e diz que os números são subestimados.

"Só na tumba de Tutancâmon, o seu esquife pesa 1,5 tonelada de ouro. Imagine então o ouro de outras tumbas que foram saqueadas", argumenta.

Skoyles diz ainda que os cálculos totais são equivocados e diz que a China, por exemplo, nunca deixou claro quanto de ouro possui. Em países como a Colômbia, "há muita mineração ilegal", diz.

O Gold Standard Institute, por sua vez, fala em 2,5 milhões de toneladas. Mas a instituição reconhece que os cálculos se baseiam em indícios frágeis e são de alguma forma especulativos.

E o ouro embaixo da terra?

De acordo com o US Geological Survey, há cerca de 52 mil toneladas de ouro ainda para ser explorado. Até hoje, a maior parte do ouro já extraído da terra vem sendo reciclado - peças fundidas e ganhando novo uso.

"Todo o ouro já extraído ainda existe. Isso significa que se você tem um relógio de ouro, parte desse ouro pode ter sido extraído pelos romanos há 2 mil anos", diz James Turk.

Mas não será assim no futuro. Hoje parte do ouro explorado vai para a industria de tecnologia, usado em circuitos e chips. Segundo o British Geological Survey, essa demanda representa 12% da atual produção mundial.

Como são quantidades muito pequenas usadas em cada equipamento, esse ouro já não será reciclado. Ou seja, pela primeira vez na história estamos "consumindo" e não apenas usando e estocando o ouro.

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