Ele era um monstro. Alguns cientistas acreditam que poderia atingir os 20 m de comprimento e a reconstrução de uma mandíbula indica que a boca do animal poderia ter cerca 3 m de largura. O megalodon (Carcharodon megalodon), em suma, era capaz de botar qualquer tubarão-branco (Carcharodon carcharias) para correr. Mas esse gigantesco predador, cujos registros fósseis vão a até cerca de 1,6 milhão de anos atrás, ainda poderia existir nos nossos mares, escondido nas profundezas?
A opinião do professor de biologia Marcelo Rodrigues de Carvalho, da Universidade de São Paulo, é de que certamente não. Carvalho afirma que o que sabemos sobre o megalodon é baseado praticamente apenas em dentes e algumas vértebras, que são as partes do animal que fossilizavam. "Ainda existem muitas coisas a serem descobertas, mas um predador desse porte (ainda existir) é muito difícil", diz o pesquisador.
Carvalho compara a especulação com a descoberta do tubarão-boca-grande (Megachasma pelagios). Este animal também é grande (alcança 6 m) e foi descoberto apenas em 1976, quando um espécime foi visto nadando no Havaí. Ponto a favor dos defensores de que o megalodon ainda existe? Há uma característica bem diferente nos dois casos: o megalodon era um predador, o que indica que, assim como o tubarão-branco, ele precisa viver em águas mais rasas, onde há mais presas. Já o tubarão-boca-grande vive em águas profundas, por isso é dificilmente visto (existem cerca de 50 registros do animal em todo o mundo). Além disso, os lugares onde os fósseis são achados também eram de mar pouco profundo na época em que os dentes e vértebras se fossilizaram.
"Um tubarão daquele tamanho realmente precisaria comer bastante para sobreviver. Um tubarão-branco (espécie bem parecida com o megalodon) pode comer uma vez por semana, uma vez até cada 10 dias, mas quando come, come bastante", diz o pesquisador.
Outra comparação é com o peixe celacanto - do qual se conhecem pelo menos duas espécies: Latimeria chalumnae e Latimeria menadoensis. Este animal pertence a uma linhagem que se acreditava estava extinta havia 65 milhões de anos. Contudo, a espécie é bem menor (com até 1,8 m) e é adaptada a viver em águas profundas.
Carvalho afirma que é difícil acreditar na existência de um megalodon vivo. "Um predador grande vivendo no fundo do mar seria o equivalente a plesiossauro (grupo extinto de répteis marinhos) vivendo no lago Ness. Eu duvido muito deste, mas do megalodon eu duvido mais ainda", diz o pesquisador.
O espadarte, ou peixe serra (Pristis perotteti), é caracterizado pela extensão do rosto que tem entre 13 e 22 dentes de cada lado e que lhe dá nome. O maior exemplar capturado tinha 7 m, mas normalmente esse animal tem 2,4 m (machos) e 3 m (fêmeas). Não apenas a Pristis perotteti, mas todas as espécies de peixe serra do planeta são consideradas "criticamente em perigo" de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês)
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O espadarte pode ser encontrado tanto no litoral como em rios, inclusive na Amazônia. A "serra" fica facilmente presa em redes, o que as torna uma ameaça para este animal, sendo que a retirada do animal geralmente requer seu sacrifício. Ainda é abatido diretamente para a venda da "serra" como souvenir, remédio local e até para o uso dos dentes como esporas em rinhas de galo. A destruição de berçários (áreas costeiras, estuarinas e manguezais) também é uma séria ameaça
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O sagui-de-duas-cores (Saguinus bicolor) pode ser encontrado em uma região próximo de Manaus. É chamado também de sauim-de-coleira, sauim-de-Manaus, sauim-de-duas-cores e sauim. Chega a até 32 cm de comprimento, sem contar a cauda de até 42 cm. São animais diurnos - mais ativos pela manhã - e dormem em emaranhados de cipó, base de folhas de palmeira e, mais raramente, árvores ocas. O desmatamento e a fragmentação são as maiores ameaças
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A perereca-verde (Hylomantis granulosa) foi considerada em risco crítico de extinção por ser conhecida em apenas uma localidade em Recife (PE). Contudo, foram encontradas novas populações no Estado e também em Alagoas. Segundo o ministério, se for encontrada em outros locais, seu status pode ser revisto. Mas isso não quer dizer que o animal não pode desaparecer, sofrendo com poluição, desmatamento, destruição de habitat e desequilíbrio ecológico
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Apenas uma cuíca-de-colete (Caluromysiops irrupta) foi coletada por cientistas no Brasil, em julho de 1964, em Rondônia. Contudo, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente, pode existir uma população maior, já que o animal vive em uma área muito isolada. Tem hábitos noturnos e se alimenta de néctar, dificilmente descendo das árvores
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A guariba-marrom-do-norte (Alouatta guariba guariba), também conhecido como bugio-marrom-do-norte, vive em fragmentos isolados da Mata Atlântica. O ministério aponta cinco motivos para o alto grau de ameaça do animal: intenso processo de destruição da floresta; desmatamento, sobretudo para a implantação de monoculturas exóticas, como o eucalipto; comércio ilegal como animais de estimação; caça ilegal e predatória (principalmente no passado); incêndios florestais
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O cação-bico-doce (Galeorhinus galeus) tem dentes fortemente serrilhados e chega a 175 cm (machos) e 195 cm (fêmeas). Existe uma população que vive no Atlântico, do Rio Grande do Sul à Patagônia, e que migra mais para o norte no inverno, quando é alvo de barcos pesqueiros, sua maior ameaça
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O macaco-prego-de-peito-amarelo (Cebus xanthosternos), também conhecido como macaco-de-bando, coité, piticau, macaco-preto, macaco-mirim e macaco-verdadeiro se diferencia pelo peito amarelo e por tufos pequenos na parte anterior do braço e da cabeça. Vive em área fragmentadas de mata entre o norte de Minas Gerais e o rio São Francisco. Destruição de habitat, desmatamento e caça são as principais ameaças
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O mico-leão-de-cara-preta (Leontopithecus caissara), ou saguizinho, é um pequeno primata que geralmente vive em grupos com cinco indivíduos, normalmente um casal com filhotes. Tem distribuição muito restrita (uma pequena faixa de Mata Atlântica do extremo sul de São Paulo ao extremo norte do Paraná), com população pequena e fragmentada. Diversos fatores ameaçam a espécie, como o turismo desordenado, especulação imobiliária e multiplicação de empreendimentos agrícolas
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O maior animal do planeta também está os mais ameaçados de desaparecer do nosso País. A baleia azul (Balaenoptera musculus) pode alcançar até 30 m (as fêmeas são maiores, sendo que o maior exemplar tinha 33,6 m e o mais pesado com 190 t). Raramente é vista no Brasil, sendo que já ficou décadas sem ser avistada em nossas águas. A caça no passado - que fez a população cair a, segundo estimativas, 0,7% do original -, a pesca acidental, colisão com navios e estão as causas
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O mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus) tem apenas 600 g, mas é considerado um hábil predador, caçando aves e pequenos vertebrados. São conhecidas 10 populações, todas no Estado de São Paulo. É ameaçado principalmente pela destruição e alteração do habitat, desmatamento e outros problemas comuns a pequenas populações, como baixa variabilidade genética
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O peixe-boi-marinho (Trichechus manatus) pode chegar a 4 m e 600 kg. É herbívoro e pode comer até 13% de seu peso corporal por dia. Vive no Atlântico e pode ser encontrado da Flórida, nos Estados Unidos, ao Nordeste brasileiro. Diversas são as ameaças, da pesca com rede de arrasto à perda de habitat. Sofre, por exemplo, com a presença de embarcações nas entradas de estuários - onde as fêmeas costumam dar à luz, o que leva ao encalhe de filhotes órfãos nas praias
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A jararaca-ilhoa (Bothrops insularis) é encontrada na ilha da Queimada, com território de 43 hectares no litoral de São Paulo, principalmente em área de Mata Atlântica. É ativa à noite e durante o dia e os adultos comem pássaros migratórios, enquanto os jovens caçam anfíbios, lagartos e centopeias. Recentes queimadas destruíram parte da vegetação da mata na ilha, que se recupera lentamente. Além disso, esse réptil sofre com a captura ilegal
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A tartaruga-gigante (Dermochelys coriacea), também conhecida como tartaruga-de-couro, tartaruga-de-cerro, tartaruga-de-quilha, careba-mole, careba-gigante, tartaruga-de-leste, é a maior tartaruga marinha e pode atingir 500 kg (há registro de um macho com 1.000 kg). Pode mergulhar até 1 km de profundidade e pode nadar em águas frias, mas sofre com a pesca, poluição e ocupação dos restritos locais de desova no Brasil
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A perereca-de-folhagem-com-perna-reticulada (Phyllomedusa ayeaye), apesar do enorme nome, é minúscula - o macho chega a 37 mm. Vive apenas no Morro do Ferro, em Poços de Caldas (MG), numa altitude de aproximadamente 1,4 mil m. Os machos são territoriais e lutam, se agarrando ao adversário para derrubá-lo do ramo. Conforme o ministério, as maiores ameaças são: perda, descaracterização e fragmentação de habitats, fogo, poluição por agrotóxicos e assoreamento
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A perereca-de-Alcatrazes (Scinax alcatraz ou Hyla catharinae alcatraz) pertence ao grupo perpusillus, que se reproduz apenas em bromélias. Vive na ilha que lhe dá nome e sua distribuição ocorre conforme a distribuição das bromélias, onde também se abriga mesmo fora da época de reprodução. As fêmeas são maiores e alcançam até 28 mm e 1,9 g. Além de ser endêmica a uma pequena ilha, a espécie sofre com exercícios da Marinha que já causaram grandes incêndios
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O muriqui (Brachyteles hypoxanthus), conhecido também como muriqui-do-norte, mono-carvoeiro, mono e miriqui, é encontrado na Mata Atlântica, principalmente na região Sudeste. São conhecidas 12 populações, sendo que nenhuma tem mais que 250 habitantes, a maior parte vive em áreas próximas do homem, o que aumenta o risco de transmissão de doenças. Tem baixa taxa reprodutiva e é ameaçado principalmente pela destruição do habitat
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A Holoaden bradei (aparentemente sem nome popular) foi registrada apenas no alto do Itatiaia e não é vista desde a década de 70, sendo que já pode estar extinta ou viva apenas em áreas de difícil acesso. Não se sabe a causa do desaparecimento, já que vive em uma área de proteção que aparentemente não sofreu alteração