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Volta às aulas tem poucos alunos, dúvida dos pais e protocolos sanitários em Sorocaba

Sorocaba é uma das 128 cidades que tiveram aval do governo do Estado para a retomada de atividades nas escolas; neste primeiro momento, instituições podem dar apenas atividades de reforço e acolhimento emocional

8 set 2020 - 13h05
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SOROCABA - Após quase seis meses de suspensão por causa da pandemia do novo coronavírus, as aulas presenciais foram retomadas de forma tímida e cercadas de cuidados, nesta terça-feira 8, em Sorocaba, interior de São Paulo. Como a rede municipal só volta em 2021 e só algumas escolas estaduais reabriram, o movimento maior nesse primeiro dia de retomada foi nos colégios particulares. Segundo o governo estadual, 128 cidades indicaram aval para retomar atividades presenciais.

A volta às aulas foi autorizada pelo governo estadual, que deixou nas mãos das prefeituras a decisão sobre datas e sobre quais redes retomariam as atividades presenciais. Apenas municípios há 28 dias na fase amarela do plano de reabertura, em que há queda nas infecções pela covid-19, podem reabrir as escolas a partir desta terça para atividades de reforço e acolhimento emocional. Nem todos - a capital paulista é um exemplo - optaram pela reabertura neste mês.

Na escola Viva a Vida, apenas sete alunos tinham entrado no prédio às 9 horas da manhã. Como não havia rigor no horário, a expectativa da diretora Katia Cristina Vergilio Scanavez era de que o número chegasse a 26 até a tarde. Mãe do pequeno Enzo, de 6 anos, a técnica de enfermagem Elizangela Barbosa Pena, conta que passou o fim de semana prolongado muito preocupada com a volta do filho às aulas presenciais. "Passei a noite sem conseguir dormir, pois achava que não era a hora. Estou retornando, não por mim, mas pelo Enzo. Foram quase seis meses dentro de casa, em contato só com adultos. Sou extremamente cuidadosa e medrosa, mas enfim, estamos aqui."

No apartamento em que moram, são só os três - Elizangela, o marido e Enzo. "Deixei de trabalhar para cuidar do Enzo, então não havia pressa no retorno, mas foi pensando nele, mesmo. Acho que ele mudou um pouco desde que deixou de vir às aulas. Ele era muito dócil e ficou menos obediente, mais respondão. Talvez o contato com a escola estivesse fazendo falta." Depois de se certificar de que o filho havia ficado bem, ela combinou com a diretora que ligaria em uma hora e meia. "Se ele quiser ir para casa antes, volto buscá-lo", disse.

O pequeno chegou perguntando de dois coleguinhas, mas eles ainda não tinham retornado. A diretora disse que um deles talvez viesse nas próximas aulas. "Hoje, estamos prevendo a vinda de 26 alunos. Quando paramos, no início da pandemia, eram 80", disse Katia. Ela contou que o retorno foi cuidadosamente preparado. "Fizemos uma pesquisa minuciosa com os pais, pedindo inclusive críticas construtivas. Arrumamos toda a escola, deixamos aberta na sexta e no sábado para que os pais viessem averiguar o que tinha sido feito."

No Colégio Uirapuru, a médica Bianca Calvilho precisou conversar muito para convencer o filho Pedro, de 5 anos, a entrar na escola. O menino cruzava os bracinhos, fincava os pés e resistia. Abaixada ao seu lado, a mãe argumentava até que o pequeno cedeu. "Ele acordou animado, mas aqui na frente deu uma balançadinha. O irmão gêmeo dele, o Guilherme, chegou e entrou rápido." A médica contou que, na semana passada, os dois estiveram na escola para a aula de inglês. "Acho que já estava na hora de voltar, não só pelo meu trabalho, mas pelas atividades que a escola oferece e que eles precisam."

No Colégio Objetivo Portal, a advogada Fabiane Cardoso deixou o filho de dez anos para a aula bilíngue, no período da manhã, mas ele não compareceria para o curso regular, à tarde. "Ficamos em dúvida durante o final de semana, mas decidimos recomeçar com calma. Ele faz o bilíngue agora de manhã, mas por enquanto não volta no regular, que tem mais alunos." Fabiane disse que sua rotina de trabalho não teve influência na decisão. "É mais pela qualidade de vida dele, para ter mais contatos e atividades físicas."

O colégio Mundo Novo também abriu apenas para atividades de acolhimento aos alunos, segundo a analista de recursos humanos Elisangela Araújo. "Estamos com um grupo de alunos do ensino fundamental em atividades de recreação que não contam como aulas. O conteúdo pedagógico continua sendo dado de forma remota." Ela explicou que os alunos vão à escola para outras atividades em horário diferente daquele reservado para as aulas online.

Escolas públicas

Entre as escolas públicas estaduais, apenas algumas, como a E.E. Profa. Ana Cecília Martins, abriram as portas para um número reduzido de alunos. Ainda assim, eles não tiveram aulas. "Foi mais para explicar como é que vai funcionar a partir de agora, com poucos alunos em cada classe, as carteiras distantes umas da outras, com medição de temperatura, álcool gel, sem contato nenhum", disse a estudante Silvia Delgado, de 13 anos.

Na E.E. Antonio Padilha, na região central, uma das mais tradicionais da cidade, o estudante Luan Santos Santana, de 16 anos, era o único aluno presente na manhã desta terça. Mas isso tinha uma explicação: ele é filho do zelador da escola, Dorivaldo Santana, e mora no prédio. "Mesmo estando dentro da escola, só tenho assistido aulas à distância e feito lições pelo celular", disse o adolescente. A administração informou que a escola ainda está sendo preparada para a volta às aulas e que os pais serão avisados.

Na E.E. Fernando Rios, a direção estava apenas cadastrando os pais que querem levar os alunos para aulas presenciais de reforço. A prioridade é para estudantes sem acesso à internet ou com dificuldade para absorver os conteúdos. Só podem comparecer alunos que não estão nos grupos de risco. Além disso, o pai ou responsável deve levar o filho e esperar por ele até o fim da aula.

Sorocaba já completou 28 dias na fase amarela do Plano São Paulo de retomada das atividades. Um decreto assinado no dia 27 de agosto pela prefeitura autorizou o retorno das aulas em escolas das redes estadual e particular. Já as escolas do próprio município ficam fechadas até o fim do ano e só devem retornar com aulas presenciais em 2021.

Estadão
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