"Ela sabe como matar", diz mãe de menino envenenado sobre madrasta
Polícia investiga Cíntia Mariano Dias Cabral e irá pedir exumação do corpo de Fernanda Carvalho Cabral
Em um intervalo de dois meses, Jane Carvalho Cabral viu a sua vida virar um pesadelo após as suspeitas de que seus filhos, Bruno e Fernanda, foram envenenados pela madrasta, Cíntia Mariano Dias Cabral.
"Dizem que ela tentou se matar, que tomou vários calmantes. Mas, se ela quisesse se matar, teria tomado a dosagem que deu para a minha filha. Tomava chumbinho, botava lá no feijãozinho dela. Ela sabe como matar", desabafou Jane em entrevista ao 'Globo'.
A primogênita de Jane, Fernanda Carvalho Cabral, morreu aos 22 anos, após duas semanas internada no hospital, sem responder aos tratamentos. Dois meses depois, Bruno, de 16 anos, apresentou os mesmos sintomas que a irmã.
"No último domingo, o Bruno foi almoçar na casa do pai, o que era raro de acontecer, até porque ele já tinha um pé atrás com a madrasta. Bruno já era desconfiado com algumas coisas que ela fazia, como sumir com a caderneta do colégio, com o dinheiro da passagem que ele tinha separado, apagar mensagem, só para causar intriga com o pai", contou Jane.
A mãe dos jovens explicou que Cintia serviu o prato de comida para Bruno. Ao começar a comer, ele estranhou o gosto do feijão e "encontrou pedrinhas azuis, do tamanhinho de gergelim, como se tivessem sido trituradas num pilão. Ele perguntou o que era aquilo. Foi quando ela arrancou o prato da mão dele, nervosa, tirou a parte das bolinhas e colocou mais feijão, como se quisesse disfarçar o gosto", disse.
Desconfortável e ressabiado com a situação, ele mandou mensagem à mãe e pediu que fosse buscá-lo. Em casa, Bruno estava apavorado e perguntava o que ele poderia fazer para vomitar: "Quando perguntei o motivo, ele contou a história do feijão, me perguntou se eu sabia que tempero poderia ser aquele, azul. Na mesma hora eu pensei na Fernanda e sugeri que a gente fosse ao laboratório fazer um exame de sangue porque, se tivesse alguma coisa, iria acusar. Mas não fui capaz de imaginar o que estava por vir", relembra Jane.
Em minutos, bruno teve tontura, pequenas convulsões e até metade do corpo paralisado. "Chegando ao hospital, eu já falei com os médicos de que havia uma suspeita de envenenamento por um feijão amargo com pedrinhas miudinhas, suspeitas, azuis. E os médicos fizeram uma lavagem. Na coleta, tinha as tais das pedrinhas azuis. O médico disse que era uma quantidade de chumbo muito grande para qualquer refeição, que não era normal", contou Jane.
Investigação
A Justiça do Rio de Janeiro decretou prisão temporária, com prazo de 30 dias, de Cíntia pela suspeita de envenenar os dois enteados com chumbinho no feijão. A madrasta teria ciúmes da relação dos enteados com o pai.
A polícia irá pedir a exumação do corpo de Fernanda. A suspeita é que ela também tenha sido envenada.