Dilma Rousseff tem dia de celebridade na Expointer
A presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, teve programação de celebridade nesta sexta-feira, durante sua participação na abertura da 37ª Expointer, no Rio Grande do Sul. O evento, realizada no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, região Metropolitana de Porto Alegre, é considerado a mais tradicional feira agropecuária da América Latina.
Dilma, que participou do evento como presidente e não como candidata, fez questão de interagir com o público, e o resultado foi considerado um sucesso pelos petistas: ela provocou bem mais alvoroço do que os adversários Aécio Neves (PSDB) ou Marina Silva (PSB). Aécio visitou a Expointer nesta sexta e fez corpo-a-corpo, mas com público inferior ao de Dilma. Em nenhum momento eles se cruzaram. Marina passou pela exposição na quinta-feira e se encontrou com representantes do agronegócio, mas optou por suspender o corpo-a-corpo que inicialmente estava previsto.
Para a abertura do evento, marcada às 10h, Dilma se atrasou uma hora. Como a chegada de Aécio ao parque de exposições estava prevista para o meio-dia, começaram, ainda antes da abertura, os comentários de que o atraso da petista tinha por objetivo "atrapalhar" ou, no mínimo, atrasar a agenda do tucano. E Aécio também atrasou. Chegou ao prédio onde ocorreu a coletiva de imprensa momentos depois que a presidente, de carrinho elétrico, passava na rua em frente, seguida por uma multidão que tentava a todo o custo se aproximar, tirar fotos, conversar.
A tietagem à Dilma ofuscou as vaias insistentes que ela recebeu durante a cerimônia de abertura de cerca de duas dezenas de integrantes do Sindicato dos Funcionários do Judiciário Federal no RS (Sintrajufe), vinculado a partidos de esquerda como o PSTU. E que permaneceram o tempo inteiro medindo forças com um grupo de militantes que gritavam palavras de apoio à presidente.
Quando a petista saiu do pavilhão oficial, junto aos estrados de metal usados para isolar a área onde ela embarcaria no carro elétrico, centenas de pessoas se acotovelavam. Dilma caminhou até o público e se dirigiu ao menino Murilo, 4 anos. Conversou com o pai, Alexandro de Oliveira, beijou a mão de Murilo. “Ela perguntou quantos anos ele tinha, se estava na escola.” Perguntado se o filho tinha sido trazido pela vontade do pai, Alexandre respondeu: “Sim, mas ele, ele queria ver a Dilma.”
A presidente embarcou no carrinho. Dezenas de seguranças, entre policiais federais, civis e terceirizados, se deram as mãos, tentando fazer um cordão humano para barrar o avanço da massa que gritava: “Dilma, Dilma, Dilma.”
“Ela não caminha, a gatinha”, ironizou, ante a passagem da petista, uma senhora na faixa dos 60 anos, adesivada com a propaganda de Aécio, posicionada ao lado da deputada estadual Silvana Covatti (PP). Ambas integravam o grupo que aguardava para recepcionar Aécio.
Sem pressa, Dilma percorre com o carro elétrico parte das vias do parque. Em determinado momento, pega um suco de abacaxi. Tumulto total. Em quatro ocasiões, enlouquece os seguranças ao sair do carrinho para tirar selfies com quem segue o cortejo.
“Dilma, Dilma, olha aqui atrás, eu sou radialista, de Santiago.”, grita um homem que quase consegue se pendurar na parte traseira do veículo. “Olá radialista de Santiago. Parabéns”, responde Dilma. O carrinho segue, uma mulher chega na lateral e pede para abraçar Dilma. Ela concorda. O homem que acompanha a mulher tira uma foto. Três seguranças que estão naquele lado se olharam, sacodiem a cabeça. “Por favor pessoal, por favor, vamos afastar”. O casal ficou para trás. E comemora.
Quando o veículo estaciona em frente ao pavilhão da agricultura familiar e Dilma desce para visitar os estandes, os seguranças entram em pânico. “Isso não pode, se dá problema não tem nem como tirar ela daqui”, diz um deles para o que estava a seu lado. Ambos tentam abrir espaço em meio à massa de pessoas. Dilma para. Experimenta salame e queijo. Elogia. E ganha produtos de presente. A massa se movimenta compacta até a saída do pavilhão. Dilma retorna ao carro elétrico. O deputado Pepe Vargas (PT), ex-ministro do Desenvolvimento Agrário, que integra a comitiva, comemora. “Tá do c... Não tem igual.”
Dilma se dirige ao local da entrevista coletiva. Parte do público continua a segui-la. A presidente se posiciona, pede licença, usa lenços para enxugar o suor do rosto, toma água. Faz uma mini palestra sobre iniciativas e programas do governo para o agronegócio, a agricultura familiar, o médio agricultor. Estoca os adversários, dizendo que há quem critique os subsídios para o setor produtivo.
Após falar por quase meia hora, informa que ia responder a apenas uma pergunta. A primeira questão foi sobre a inflação. “Como diria o Machado de Assis, em O Alienista, me criticam por ter o cachorro e por não ter o cachorro”, responde. Em seguida, cita os que acusam o governo de deixar a inflação fugir do centro da meta. E aqueles que afirmam que há manipulação de preços. E faz um longo contraponto. Ao final, dá tchau. Os jornalistas protestam. “Estou sem voz, daqui a pouco vai sair um miado”, rebate, sorridente. E vai embora.