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Dallagnol diz não simpatizar com conspiração sobre urnas

Procurador da Operação Lava Jato destacou que o comentário é pessoal e não uma resposta direta à acusação de Jair Bolsonaro (PSL)

17 set 2018 - 22h47
(atualizado em 18/9/2018 às 11h50)
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O procurador Deltan Dallagnol, da força-tarefa da Operação Lava Jato, afirmou nesta segunda-feira, 17, ao ser indagado sobre a fidedignidade das urnas eletrônicas, que não é "simpático a teorias da conspiração" e que não existem evidências para acusar fraude no processo eleitoral. "Eu desconheço resultados de votações que tenham sido significativamente divergentes de pesquisas que possam amparar a conclusão que existam fraudes em urnas eletrônicas hoje", disse Dallagnol, que faz palestra em Ribeirão Preto (SP).

Ele destacou que o comentário é pessoal e não uma resposta direta à acusação feita pelo candidato a presidente nas eleições 2018 Jair Bolsonaro (PSL), que levantou suspeita de fraude sobre o processo e cobrou o voto impresso, projeto que defende como deputado federal. "Essa possibilidade de fraude no segundo turno, talvez até no primeiro, é concreta", afirmou Bolsonaro, em declaração feita pelas redes sociais.

O procurador Deltan Dallagnol é o coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal
O procurador Deltan Dallagnol é o coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal
Foto: Paulo Lopes / Futura Press

Sobre o comentário feito pelo general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército que, em entrevista ao Estado afirmou que "a legitimidade do novo governo pode até ser questionada", Dallagnol ratificou que não iria responder especificamente sobre declarações pessoais, mas emendou: "A não ser que exista evidência de fraude, o resultado das eleições deve ser respeitado."

Para o procurador, não há outro caminho para uma nova Constituição que não seja com o povo representado, mas uma nova Assembleia Nacional Constituinte "no atual momento histórico" é muito problemática. "Quem seriam os formadores dessa nova Assembleia poderiam ser os integrantes da velha política e o risco é que ela sirva de instrumento de reação ao avanço que existiu no combate à corrupção."

Indulto

O procurador da força-tarefa da Lava Jato criticou a proposta de indultos a presos na operação, como defendem lideranças do PT para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - condenado e preso na Operação - caso Fernando Haddad (PT) seja eleito presidente da República. "Lava Jato vai além de figura A ou B, tem impacto sobre diferentes pessoas e a grande mensagem que passa é que a lei deve valer para todos", disse. "Indulto a qualquer dessas pessoas passa a mensagem errada de que a lei deve valer para todos", completou.

O procurador da força-tarefa da Lava Jato criticou a proposta de indultos a presos na operação, como defendem lideranças do PT para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - condenado e preso na Operação - caso Fernando Haddad (PT) seja eleito
O procurador da força-tarefa da Lava Jato criticou a proposta de indultos a presos na operação, como defendem lideranças do PT para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - condenado e preso na Operação - caso Fernando Haddad (PT) seja eleito
Foto: Rodolfo Buhrer / Reuters

Dallagnol criticou a decisão do ministro e agora presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, de suspender a ação penal contra o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, sob alegação que deveria estar sob responsabilidade da Justiça Eleitoral. "Temos vários casos em que existia um sistema de corrupção e nesse sistema o destino da propina era o enriquecimento dos envolvidos e também o financiamento de campanhas eleitorais. Isso poderia gerar a anulação de toda a Lava Jato, porque ela, em tese, seria de competência da Justiça Eleitoral. Essa decisão me preocupa, porque pode gerar a anulação da operação paulatinamente, ao longo dos anos", concluiu o procurador.

Veja também:

PF e MPF explicam razões da 53ª fase da Lava Jato:
Estadão
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