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Após reunião com Lula, petistas admitem desistir por Haddad

Ex-prefeito e candidato derrotado à Presidência em 2018 tem recusado a meses disputar a Prefeitura da capital paulista novamente

28 jan 2020 - 21h14
(atualizado às 21h38)
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O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e o ex-presidente Lula em evento em São Paulo, em 2016
O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e o ex-presidente Lula em evento em São Paulo, em 2016
Foto: Gabriela Biló / Estadão Conteúdo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a cúpula do PT receberam nesta terça-feira, 18, os sete pré-candidatos petistas à Prefeitura de São Paulo e a principal conclusão foi que o único nome de consenso hoje no partido é o do ex-prefeito Fernando Haddad. Segundo relatos, todos os pré-candidatos disseram isso a Lula durante a reunião e se comprometeram a retirar seus nomes da disputa caso o ex-prefeito decida disputar a eleição.

Haddad vem dizendo há meses que não quer voltar a se candidatar à Prefeitura, cargo que ocupou entre 2013 e 2016, e perdeu para João Doria (PSDB) na disputa pela reeleição. Lula chegou a defender que o ex-prefeito fosse candidato este ano. Diante das negativas enfáticas de Haddad, porém, o ex-presidente também tem dito abertamente que ele passou a ser um "nome nacional" depois de ir para o segundo turno contra Jair Bolsonaro em 2018 e, portanto, deve cumprir outros papéis no pleito municipal como viajar o Brasil pedindo votos para os candidatos petistas.

A pressão interna sobre o ex-prefeito, no entanto, deve continuar. No final desta semana, o Diretório Estadual do PT de São Paulo vai se reunir para discutir as eleições municipais e dirigentes avaliam que vão surgir novos apelos para que Haddad mude de ideia.

O principal motivo para a insistência do PT em Haddad é a falta de nomes competitivos para concorrer à principal prefeitura do país. Se colocaram para a disputa o ex-deputado Jilmar Tatto, o vereador Eduardo Suplicy, o ex-secretário Nabil Bonduki, os deputados Alexandre Padilha, Paulo Teixeira e Carlos Zarattini, além de Kika da Silva, militante da base do partido.

Em entrevista recente, Lula disse que todos têm histórico político mas precisam transformar isso em "apoio popular", ou seja, em votos, e defendeu o surgimento de uma "novidade".

Integrantes do PT sondaram vários nomes para ser a "novidade de Lula": o jornalista Juca Kfouri, o filósofo Mário Sérgio Cortella, a produtora dos Racionais MC, Eliana Dias e o advogado Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do grupo Prerrogativas. Até agora nenhum deles se viabilizou.

Prévias

Além do risco de perder a hegemonia da esquerda na principal cidade do Brasil, o PT teme que a disputa leve à fragmentação do partido. Por isso Lula pediu na última reunião da executiva nacional do PT, duas semanas atrás, que não ocorram prévias na capital paulista.

O ex-presidente ouviu dos pré-candidatos e do presidente municipal do PT de São Paulo, Laércio Ribeiro, que isso depende da construção de um nome de consenso. Por enquanto estão mantidas as prévias. O calendário, que previa a escolha do candidato no dia 15 de março, pode atrasar até duas semanas em função da comemoração dos 40 anos do PT, dia 7, no Rio.

Na conversa com o ex-presidente, todos os pré-candidatos se comprometeram a apoiar o vencedor da disputa mas há quem duvide. A bancada petista na Câmara municipal está rachada e o processo de escolha da direção municipal, no qual Tatto exibiu sua força interna no PT de São Paulo, deixou sequelas.

Também ficou acertado que o partido vai realizar pesquisas quantitativas e qualitativas incluindo os nomes de todos pré-candidatos, uma rodada de 18 debates nos diretórios zonais e consultas ao PSOL, PCdoB e à ex-prefeita Marta Suplicy, sem partido, cotada para ser vice.

Na reunião desta terça, Lula voltou a negar que Haddad seja candidato em São Paulo. O próprio ex-prefeito, em sua fala, não deu qualquer sinal de que tenha mudado de ideia. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, incorporou o discurso de Lula e disse na saída da reunião que Haddad é um "nome natural" para disputar a presidência em 2022 caso o ex-presidente permaneça inelegível.

Avaliações internas, porém, mostram que Haddad pode perder terreno rumo a 2022 caso não seja candidato agora. O grupo de Gleisi atropelou os aliados de Haddad na disputa pelos principais cargos da direção petista. O ex-tesoureiro Emídio de Souza ficou sem cargo na Executiva; Márcio Macedo, cotado para substituir Emídio, foi barrado pelo grupo de Gleisi, e o deputado Rui Falcão ficou apenas com uma vaga de vogal.

Além disso começaram a circular boatos de que Lula teria convidado o governador do Maranhão, Flavio Dino (PC do B), para se filiar ao PT. Lula e Dino negaram enfaticamente em suas redes sociais. Aliados de ambos avaliam que o boato pode ser sido plantado para aumentar a pressão sobre Haddad.

Disputas

Segundo relatos, Gleisi disse que o PT precisa reverter a percepção de que nenhum dos sete pré-candidatos tem chance de vitória. Depois da reunião, ela disse que a escolha será entre os nomes colocados, e que a "novidade" foi descartada.

Outra preocupação do partido é reduzir a vantagem de Tatto na disputa interna. Na eleição para o diretório do PT municipal, ele elegeu seu candidato a presidente com quase 70% dos votos. O próprio Tatto, no entanto, tem dito que só a maioria em uma eventual prévia não é suficiente para alavancar sua candidatura. Marta, por exemplo, torce o nariz para a possibilidade de ser vice do ex-deputado.

A final do encontro Gleisi afirmou que o partido irá "submeter as candidaturas à prévia" e defende que haja "consenso". Segundo Gleisi, "a maior preocupação (da pré-campanha) é que o partido saia unido". O deputado federal José Guimarães (PT-CE), coordenador do Grupo de Trabalho Eleitoral do PT, reforçou e disse que os pré-candidatos fizeram um pacto de apoio ao resultado.

Estadão
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