BA: ato de Aécio Neves no Pelourinho vira grito "Fora PT"
Com um passado fortemente marcado pela tradição escravocrata, o Pelourinho, no centro histórico de Salvador, foi palco, nesta sexta-feira, de um mega ato de campanha do candidato à Presidência pelo PSDB, Aécio Neves. Apesar da intenção de apoio ao tucano, o tom dominante no evento foi a repulsa à adversária de Aécio nas urnas, a presidente Dilma Rousseff, e ao PT - partido não só de Dilma, como do atual governador da Bahia, Jacques Wagner, e seu sucessor eleito no último dia 5, Rui Costa.
Pelos cálculos dos organizadores, cerca de 50 mil pessoas participaram de uma carreata que deixou a praça Castro Alves e seguiu até o Largo do Pelourinho, onde Aécio falou em comício ao lado do prefeito da capital, Antonio Carlos Magalhães Neto, e de políticos como os ex-governadores Paulo Souto e Jutaí Magalhães, além de Antonio Imbassay e Geddel Vieira Lima.
Entre os militantes e simpatizantes, foram repetidos os gritos de “Fora PT” e “Fora Dilma”, e, vez outra, presentes cartazes com a mensagem “Joaquim Barbosa vota Aécio Neves”. O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), entretanto, não declarou voto, ao contrário do que fizera na sucessão presidencial de 2010 - quando admitiu o voto no PT.
Próximo à Casa de Jorge Amado, já no Largo do Pelourinho, um artista plástico que estava em frente a uma loja de artesanato foi vaiado ao mostrar dois adesivos da candidata petista colados no peito. A reportagem tentou falar com ele, mas um grupo de jovens com adesivos tucanos tentou impedir aos gritos de “Xô, petralhas” e “Morre, Bolsa Família”. “Precisamos ser respeitados até nas nossas diferenças, não é?”, questionou Frank Brasil, 52 anos, o artista plástico em questão.
No comício, ACM Neto inflou a multidão aos gritos de “Chega de PT”. Ao final, ressalvou: se Aécio se eleger presidente, o futuro governador “terá todo o apoio e toda a ajuda”, mesmo sendo de um partido rival.
Já Aécio, que mais cedo se reunira publicamente com Marina Silva em São Paulo, em Salvador exibiu a seu lado, de uma entrevista coletiva ao chegar até o comício no Pelourinho, a ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon, que declarou apoio ao tucano.
As duas figuras femininas surgiram quase que na sequência de críticas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de figuras do PT como seu presidente nacional, Rui Falcão, em relação à forma com que o tucano lida com as mulheres - no caso, avaliaram que o senador mineiro teria sido agressivo demais com Dilma em debates e entrevistas.
“Não aceitaremos que nos dividam ao meio entre pardos e negros, entre Sul e Nordeste”, disse o candidato, no carro de som, para depois dizer que seria “o presidente do Nordeste brasileiro” e que o eleitor está “há pouquíssimos dias de libertar o Brasil” - do “jugo petista”, como vem afirmando na campanha de segundo turno.
O tucano se comprometeu a dar sequência a programas sociais vigentes e se disse alvo de uma campanha de “calúnias e infâmias” por parte dos adversários. Em seguida, chamou tanto a Bahia quanto Salvador de “solo sagrado” - a exemplo do que fizera sábado passado em Recife, onde selou o apoio da viúva de Eduardo Campos, Renata Campos.