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Bolsonaro defende agenda pró-mercado, mas não detalha propostas em debate

Pré-candidato defendeu a redução do Estado, menor número de ministérios e maior poder da iniciativa privada na economia

4 jul 2018 - 13h48
(atualizado às 15h12)
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BRASÍLIA - Com um discurso pró-mercado, mas sem detalhes, o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) foi interrompido por aplausos diversas vezes no debate com pré-candidatos ao Planalto promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em Brasília nesta quarta-feira, 4. O deputado defendeu uma agenda liberal com a ampliação do poder da iniciativa privada na economia, mas não conseguiu dar detalhes de nenhuma de suas propostas. Aos empresários, repetiu ideias como a de colocar militares ministérios e anunciou que já tem o apoio de 110 deputados.

Em seu discurso, Bolsonaro usou expressão que ficou famosa na boca do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. "Queremos dar a grande sinalização de que nós podemos fazer o Brasil grande", disse. Nos Estados Unidos, o presidente republicano repetia que era possível "Fazer a América grande de novo".

Para o pré-candidato, o Brasil está "praticamente insolvente" diante do comprometimento do orçamento com despesas obrigatórias. Com esse diagnóstico, Bolsonaro defendeu a redução do tamanho do Estado e a discussão da reforma da Previdência, mas criticou a proposta do também presidenciável Henrique Meirelles. "É um remendo novo em calça velha", disse.

Mesmo ao ser questionado sobre as propostas para temas importantes para a plateia formada por empresários - como iniciativas para aumentar a competitividade da indústria ou ampliar acordos internacionais, o pré-candidato deu respostas genéricas e não forneceu detalhes. "Será que a gente precisa entender de tudo? Quem botou o Brasil nessa situação caótica foram os economistas", disse. "O presidente é como um técnico. Ele não vai jogar bola", completou.

Sobre comércio exterior, por exemplo, o deputado disse que procurará novos parceiros comerciais, como Israel, e comentou que o Mercosul "passou a ser uma arma para que o Brasil integre o Bolivarismo". Ao comentar a entrada da Venezuela no grupo, o pré-candidato disse que a ex-presidente Dilma Rousseff "tomava decisões com base na inteligência de Cuba e Venezuela".

Um dos poucos detalhes fornecidos por Bolsonaro foi sobre a intenção de reduzir os ministérios para número próximo de 15. Um dos que passariam por fusão seria o da Agricultura com o do Meio Ambiente. Nesse ministério mais enxuto, vários escolhidos seriam militares. "Vou botar alguns generais em alguns ministérios. Qual é o problema? Governos anteriores colocavam terroristas e corruptos e ninguém falava nada", disse.

Além da defesa, o pré-candidato disse que poderia colocar militares no ministério dos Transportes e na Ciência e Tecnologia. "Tenho falado com Marcos Pontes, o nossos astronauta, para ir para lá", disse.

Críticas

Bolsonaro disse ainda que, quanto mais críticas recebe, mais provável é sua vitória no primeiro turno. "Acho que a gente tem tudo para ganhar no primeiro turno", disse, ao comentar que vai participar "de todos os debates". "Estou ansioso por esse dia", disse, ao comentar sobre a possibilidade de um debate na TV Globo. "Vamos conversar porque afinal de conta eles (TV Globo) precisam do governo", disse.

Ao ser questionado por alguns dos industriais, Bolsonaro disse ser contra o sistema de cotas raciais na educação. "Sou contra cota. Somos iguais, somos competentes", disse. "Os senhores podem errar comigo, com os outros já erraram".

Estadão
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