Bolsonaro desautoriza Mourão em entrevista no Jornal Nacional
Vice havia defendido uma Constituição feita por "notáveis"; 'Ele é general. Mas eu sou o presidente', ressaltou Bolsonaro, numa hipótese de vitória no segundo turno
RIO - O candidato ao Palácio do Planalto pelo PSL, Jair Bolsonaro, disse nesta segunda-feira, 8, que, se eleito, não atuará para substituir a atual Constituição. Em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, ele desautorizou o vice em sua chapa, o general da reserva Hamilton Mourão, que chegou a defender uma nova Carta feita por "notáveis" e admitiu a possibilidade de um "autogolpe" pelo presidente sob determinadas circunstâncias.
"Quando se fala em Constituinte, não podemos admitir isso, até porque não temos autoridade para tal. Vamos ser escravos de nossa Constituição", afirmou. "Nós precisamos sim ter um governo com autoridade e sem autoritarismo. Por isso, nos submetemos ao sufrágio popular."
Ele disse que limitaria a defender mudanças "pontuais" na Constituição, como a redução da maioridade penal, uma de suas bandeiras de campanha. Na entrevista, ele afirmou que Mourão deu uma "canelada" e não tem "tato" político. Bolsonaro ressaltou que seu candidato a vice precisa se adaptar à "realidade" brasileira.
Também em entrevista ao Jornal Nacional, o candidato do PT, Fernando Haddad, disse que o partido reviu sua posição sobre uma nova Constituiente.
Mourão deu uma 'canelada', diz Bolsonaro
O presidenciável disse ainda que não entendeu bem o que Mourão quis dizer ao falar em "autogolpe". "Eu sou capitão e ele é general. Mas eu sou o presidente", ressaltou, numa hipótese de vitória no segundo turno. "Ele foi infeliz deu uma canelada. Eu como presidente jamais autorizaria uma coisa nesse sentido (autogolpe)." Ele ainda afirmou que pretende unir o País se for eleito. Bolsonaro errou ainda o nome de Mourão duas vezes - o chamou de Augusto, em vez de Hamilton.
Em um aceno ao eleitorado no Nordeste, Bolsonaro disse que é uma mentira dizer que ele vai acabar com o Bolsa Família. Ele agradeceu ainda os votos "de lideranças evangélicas, do homem do campo, dos caminhoneiros, de membros das forças armadas e policiais".
Bolsonaro se comprometeu ainda que não pretendem recriar a CPMF e prometeu isentar de pagamento de Imposto de Renda quem ganha até cinco salários mínimos.
No primeiro turno da eleição presidencia, Bolsonaro teve 46% dos votos e Haddad, 29%.