Bolsonaro diz que manterá todos os ministros e cogita criar mais três pastas se reeleito
O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) adiantou nesta sexta-feira que todos os seus ministros, incluindo o titular da Economia, Paulo Guedes, seguirão no governo em um eventual segundo mandato caso ele seja reeleito, e também disse que estuda criar mais três pastas.
Segundo o presidente, a composição ministerial só não será mantida se algum dos ministros não quiser continuar.
"O Paulo Guedes continua, assim como todos os ministros. A não ser que queiram sair por um motivo qualquer, todos permanecerão", disse Bolsonaro em entrevista a pool de veículos formado por SBT, CNN Brasil, Terra, Nova Brasil, Estadão e Veja.
Inicialmente, estava prevista a realização de um debate entre Bolsonaro e seu adversário no segundo turno da disputa pelo Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas o petista decidiu não comparecer alegando incompatibilidade de agenda.
Apesar de sua antiga promessa de enxugar a máquina pública e reduzir o número de ministérios, Bolsonaro disse que pretende criar mais três pastas caso seja reeleito: Esporte, Pesca e Indústria e Comércio.
Ele descartou convidar seu ex-ministro da Justiça Sergio Moro --que havia se tornado desafeto, mas de quem se aproximou no segundo turno após Moro ter sido eleito senador-- a integrar uma nova gestão.
Questionado sobre as constantes tensões entre o Executivo e o Judiciário, Bolsonaro afirmou que não pretende tomar a iniciativa, como fez no passado, de pedir ao Senado o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que também preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e que tornou-se um dos alvos preferenciais dos ataques de Bolsonaro.
"Eu não pretendo entrar com nenhum pedido de impeachment contra o senhor Alexandre de Moraes", disse o presidente, que voltou a descartar ter intenção de aumentar o número de integrantes do Supremo -- tema que ele já reconheceu no passado ter sido levantado por aliados.
Questionado sobre como pretende assegurar as fontes de recursos para o pagamento do Auxílio Brasil de 600 reais a partir de janeiro de 2023, uma vez que a proposta de Orçamento não contempla esse valor, limitou-se a afirmar que o "Paulo Guedes tem me garantido que o recurso virá" da tributação de lucros e dividendos. A intenção do governo é incluir a medida em uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que poderia ser votada assim que encerradas as eleições presidenciais.
Apesar de o próprio Guedes confirmar que o Executivo estuda uma desvinculação do salário mínimo da inflação por meio de uma PEC, Bolsonaro descartou a possibilidade de mudança na Constituição nesse sentido, por "duvidar" que um só parlamentar vote a favor de uma medida que resulte em prejuízo aos mais vulneráveis.
Mais uma vez perguntado se aceitará o resultado das eleições, após ter colocado em dúvida se reconheceria uma eventual derrota ao questionar sistematicamente a inviolabilidade das urnas eletrônicas e do sistema de votação, Bolsonaro não respondeu diretamente, contentando-se condicionar a aceitação a uma ausência de "anormalidades".
"Em a comissão de transparência, onde se integram as Forças Armadas, nada de anormal apresentar, não tem porque você duvidar do resultado das eleições", disse, citando a comissão criada pelo TSE, que convidou representantes de diversas instituições, inclusive as Forças Armadas.