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Bolsonaro diz que se não ganhar no primeiro turno, algo de anormal aconteceu

Em entrevista ao SBT, presidente volta a questionar a lisura do processo eleitoral, mesmo após o TSE ceder a exigências das Forças Armadas

18 set 2022 - 22h17
(atualizado às 22h22)
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Boslsonaro no 7 de Setembro
Boslsonaro no 7 de Setembro
Foto: Adriano Machado / Reuters

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que, se não vencer a eleição no primeiro turno com mais de 60% dos votos, "algo de anormal" terá acontecido no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), responsável pela realização do pleito e contabilização do resultado.

A declaração foi dada durante uma entrevista para o SBT em Londres, onde Bolsonaro viajou para o funeral da rainha Elizabeth II. "Pelas minhas andanças pelo Brasil, em especial nos últimos dois meses, se nós não ganharmos no primeiro turno, algo de anormal aconteceu dentro do TSE."

A fala de Bolsonaro questiona a lisura do processo eleitoral mesmo após a Justiça Eleitoral ceder à pressão das Forças Armadas e concordar em fazer um teste de integridade de urnas com participação de eleitores no dia da votação.

O TSE garante que as urnas eletrônicas são seguras e confiáveis. Bolsonaro é candidato à reeleição e, de acordo com a maioria das pesquisas eleitorais divulgadas nos últimos dias, ele está atrás do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, nas intenções de voto para o primeiro turno.

Em outro momento da entrevista, Bolsonaro afirmou que o que garante sua vitória é o "Data Povo", como chama o apoio que recebe nas ruas. "Está bastante dividido, né, muito mais favorável a mim. Eu digo, se eu tiver menos de 60% dos votos, algo de anormal aconteceu no TSE tendo em vista obviamente o Data Povo que você mede pela quantidade de pessoas que não só vão nos meus eventos bem com nos recepcionam ao longo do percurso até chegar ao local do evento."

Orçamento secreto

Durante a entrevista, o presidente reconheceu que o orçamento secreto oculta os verdadeiros beneficiados pelas emendas pagas pelo governo federal. O esquema, relevado pelo Estadão, consiste na liberação de verbas indicadas por deputados e senadores em troca de apoio político no Congresso sem transparência.

Não é possível saber os parlamentares que indicaram os recursos e os critérios usados para a definição. O mecanismo soma R$ 16,5 bilhões neste ano e chegará a R$ 19,4 bilhões em 2023.

"É conhecido como secreto isso porque quem diz para onde vai o dinheiro é o relator-geral do Orçamento, ora um senador ora um deputado federal. Isso tem que ser perguntado para ele, nem eu sei para onde vai esse recurso", disse o presidente.

"Apesar de ser publicado em Diário Oficial da União, você não sabe o nome do parlamentar que mandou esse recurso e para que Estado. O que chega para os ministérios finalísticos é uma importância, 1, 2, 10, 50 ou 200 ou 300 milhões que vai para tal Estado. E você não sabe nada mais além disso", declarou Bolsonaro.

O presidente voltou a afirmar que não tem "nada" a ver com o orçamento secreto e que vetou o mecanismo. Diferente do que diz o presidente, no entanto, o modelo foi criado por meio de um projeto enviado por ele ao Congresso em 2019, após ter vetado uma proposta anterior e o veto ter sido mantido no Legislativo.

Estadão
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