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Bolsonaro e Lula privilegiam troca de acusações em debate na Globo e deixam propostas de lado

Confronto direto entre o presidente e o ex-presidente antes da votação em segundo turno reforça temática agressiva da campanha; propostas para um futuro governo foram pontuais

29 out 2022 - 00h00
(atualizado às 02h31)
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Lula e Bolsonaro durante debate na TV Globo
Lula e Bolsonaro durante debate na TV Globo
Foto: Sérgio Zalis/Globo

A pouco mais de 24 horas do início da votação em segundo turno, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fizeram na noite desta sexta-feira, 28, o último debate da eleição, na TV Globo. O derradeiro confronto direto entre os presidenciáveis reforçou a temática agressiva da campanha, marcada pela prevalência das acusações mútuas e a carência de propostas. Planos para um futuro governo foram pontuais em discussões que em diversas oportunidades resultou em troca de ofensas.

No primeiro turno, Lula foi o mais votado com 48,4% dos votos. Bolsonaro teve 43,2%. A diferença entre os dois foi de pouco mais de 6,2 milhões de votos. Na maioria das pesquisas de intenção de voto no segundo turno, o petista mantém a liderança por margem apertada.

"Parece que meu adversário está descompensado", alfineta Lula em debate:

Os candidatos iniciaram o debate sem trocarem cumprimentos, olhares e visivelmente tensos.

No primeiro bloco, o candidato do PL levantou o tema salário mínimo, que causou desgaste à campanha do presidente no segundo turno. A informação de que o Ministério da Economia pretendia mudar a fórmula de reajuste do salário mínimo e dos benefícios previdenciários, reduzindo o índice de aumentos, foi bastante explorada pela campanha petista na reta final do segundo turno.

Lula acusou o presidente de não dar nenhum aumento real para o piso salarial no Brasil. Bolsonaro prometeu um valor de R$ 1,4 mil para o ano que vem se reeleito. Atualmente, o piso é de R$ 1,212 mil. "Ele fala para influenciar pessoas mais humildes, em especial algumas regiões do Brasil", disse Bolsonaro.

Bolsonaro cita Auxílio Brasil, Alckmin e chama Lula de "farsante":

"Parece que meu adversário está descompensado. Ele é um samba de uma nota só", respondeu Lula, ao exaltar os programas de distribuição de renda criados durante os governos petistas. "É uma bobagem comparar o Bolsa Família com o Auxílio Brasil, porque era só um dos programas de distribuição de renda", disse, mencionando outros projetos petistas.

A discussão deslizou para o assunto corrupção, com troca de acusações muitas vezes desconexas e repetitivas. Bolsonaro chegou a chamar Lula de bandido, lembrou as condenações (depois anuladas) do petista na Lava Jato. Lula rebateu citando suspeitas que envolvem a família Bolsonaro na compra de imóveis com dinheiro vivo e rachadinhas.

O ex-presidente também dirigiu ataques ao ex-juiz e atual senador eleito Sérgio Moro (União Brasil), que acompanhava Bolsonaro no debate de ontem e foi responsável por sua prisão. "Fui acusado para permitir que você disputasse as eleições, fui julgado por um juiz mentiroso."

"Como jornalista eu não digo coisas da minha cabeça", diz Bonner:

O presidente ironizou a defesa de Lula sobre as condenações na Justiça. "Só foi absolvido se foi pelo (jornalista e mediador do debate) William Bonner", disse o chefe do Executivo. A citação gerou uma manifestação de Bonner, que lembrou que o teor de sua pergunta na sabatina no Jornal Nacional foi com base em decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).

Antigo aliados

Em outro ponto de discussão sem propostas para o País, os dois candidatos citaram o episódio envolvendo o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), que no domingo passado recebeu agentes da Polícia Federal que foram cumprir mandados de prisão com tiros de fuzil e granadas.

Bolsonaro questionou onde estava José Genonio, José Dirceu, Antonio Palocci, ex-ministros e ex-dirigente do PT, que foram alvo do mensalão e Lava Jato. "Lula, cadê o (Antonio) Palocci, cadê o Zé Dirceu, cadê o (Pedro) Barusco, cadê o Paulo Cesar", questionou o atual presidente. Lula respondeu, citando Jefferson. "Ele acabou de esconder Roberto Jefferson, o pistoleiro dele, o homem que atirou na PF", disse o petista.

"O Roberto Jefferson recebia mala de dinheiro para comprar apoio parlamentar. O Roberto Jefferson explodiu o seu governo com o mensalão. Mais de cem pessoas presas", rebateu Bolsonaro, fazendo referência à denúncia do ex-deputado que deflagrou o escândalo no primeiro mandato de Lula. O tema voltou à tona durante o terceiro bloco do debate, quando o petista voltou a mencionar Jefferson, depois de questionar a política de Bolsonaro sobre o aceso a armas de fogo.

"Porque se fosse um negro de uma favela, você tinha mandado matar. Mas agora, como foi o seu amigo Roberto Jefferson, você fez questão de ficar nervoso e dizer 'ele é bandido', mas você sabia que ele era, porque era seu amigo", disse o petista, mencionando o ministro da Justiça Anderson Torres, escalado para interceder em meio às negociações para rendição de Jefferson no domingo.

Após diversas ameaças, Bolsonaro afirma em debate que "joga dentro da Constituição":

No segundo bloco, quando o tema passou a ser respeito pela Constituição, Bolsonaro acusou Lula de apoiar invasões de terra. Depois, de ter apoiado a censura à mídia - ele citou o caso da Jovem Pan, que foi alvo de decisão do Tribunal Superior Eleitoral em razão de ações movidas pela campanha petista. Lula negou a censura. Afirmou que busca a isonomia.

Ao responder à acusação de que incentivava a invasões de terra, Lula disse que defendia a agricultura familiar. O petista, na sequência, leu um trecho de um discurso de Bolsonaro no qual o então deputado defendia pílula de aborto. "O Lula, você é abortista. E defendeu a ideologia de gênero."

"Se você tomou a vacina, Lula, agradeça a mim", diz Bolsonaro:

No bloco seguinte, o petista criticou a condução da pandemia durante o governo Bolsonaro. "Quando ele foi comprar vacina, São Paulo e vários países do mundo já estavam dando a vacina", mencionou o petista. O chefe do Executivo rebateu a fala criticando os gastos do governo Lula em infraestrutura para a Copa do Mundo. "Médicos pelo Brasil, Connect SUS, incorporamos o Farmácia Popular, ampliamos o teste do pezinho", destacou Bolsonaro, exaltando medidas tomadas pelo governo na área da saúde.

Lula ainda criticou a gestão do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, durante a crise da covid. Bolsonaro se esquivou, afirmando que Pazuello foi o deputado mais votado no Rio de Janeiro. "Então, isso é passado", declarou o chefe do Executivo.

Estadão
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