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Bolsonaro mantém clima de confronto ao endossar atos contra STF

Presidente participa de protestos em que manifestantes pediram destituição de ministros da Corte, mas evita discursar

1 mai 2022 - 22h10
(atualizado em 2/5/2022 às 07h24)
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Jair Bolsonaro, presidente da República
Jair Bolsonaro, presidente da República
Foto: Foto: Clauber Cleber Caetano/PR

O presidente Jair Bolsonaro endossou neste domingo protestos em que manifestantes estenderam faixas e fizeram discursos com pedidos de destituição de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e em defesa do deputado Daniel Silveira (PTB-RJ). Com isso, apesar de ter evitado citar nominalmente os ministros da Corte, o presidente mantém o clima de confronto com o Judiciário.

Em Brasília, Bolsonaro circulou entre os apoiadores, mas evitou discursar no carro de som estacionado na Praça dos Três Poderes. "Vim cumprimentar o pessoal que está aqui numa manifestação pacífica e em defesa da Constituição, da democracia e da liberdade", disse ele, em transmissão ao vivo em redes sociais.

Em São Paulo, apareceu em um vídeo ao vivo exibido em telão instalado na Avenida Paulista, onde manifestantes se aglomeravam. Na mensagem, Bolsonaro cumprimentou os manifestantes e voltou a citar que os atos eram em defesa "da liberdade".

A preocupação até entre aliados do governo era que o presidente repetisse o tom beligerante de 7 de Setembro do ano passado, quando levantou suspeitas sobre a lisura das eleições e proferiu ofensas a ministros do Supremo. Os atos deste domingo, no entanto, tiveram adesão notadamente menor que o 7 de Setembro e participação mais "tímida" do presidente.

Apesar do endosso aos atos, aliados disseram que Bolsonaro quis fazer um "aceno" ao Judiciário, na tentativa de diminuir a temperatura da crise provocada pela condenação de Silveira pelo Supremo - a 8 anos e 9 meses de prisão por ataques à democracia e por incitar violência física contra ministros da Corte - e posterior perdão concedido a ele pelo presidente. Recentes declarações de Bolsonaro provocaram reação nas cúpulas do Congresso, do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em defesa da democracia.

O que antes era apontado como um possível evento com discurso golpista pela cúpula do Congresso e do Poder Judiciário virou, nas palavras de interlocutores do presidente, uma "manifestação pacífica em defesa da democracia e da liberdade". "É hora de distensionar, isso é bom para a economia, é bom para o Brasil", afirmou o deputado Capitão Augusto (PL-SP), vice-presidente do partido de Bolsonaro.

Para o cientista político Ricardo Ribeiro, sócio da Ponteio Política, Bolsonaro mantém "seu tradicional vaivém nos ataques que faz às instituições". Ribeiro disse que o fato de o presidente ir ao ato em Brasília e participar por vídeo, na Paulista, dá "aval a mensagens golpistas". "Isso mantém a preocupação em relação ao ambiente político e institucional durante o período eleitoral", disse.

O presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), condenou no domingo, pelo Twitter, o que chamou de manifestações "ilegítimas e antidemocráticas". "Além de pretenderem ofuscar a essência da data (Dia do Trabalhador), são anomalias graves que não cabem em tempo algum."

Armado

Pivô do recente embate entre Bolsonaro e o Judiciário, Daniel Silveira esteve em dois atos no Rio e um em São Paulo, ignorando a decisão STF que o proibiu de participar de eventos públicos. A proibição foi decretada pelo ministro Alexandre de Moraes no final de março, na mesma decisão que mandou o deputado voltar a usar tornozeleira eletrônica, o que ele também descumpre.

Em clima de campanha, Silveira posou ao lado de Fabrício Queiroz - investigado no caso das "rachadinhas" no gabinete de Flávio Bolsonaro. Ao defender a "liberdade" em discurso em Copacabana, o parlamentar afirmou estar armado. "Estou armado e sempre vou estar armado. Quem aqui estiver armado, ninguém aqui é bandido não. Aqui todo mundo quer se proteger, quer ser livre", disse. Silveira foi ovacionado como candidato a senador. O deputado, no entanto, continua impedido de disputar as eleições em outubro, segundo Moraes.

Estadão
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