Bolsonaro não falou para fora da bolha, apesar de cartada sobre salário mínimo, avalia campanha
a avaliação instantânea do debate feita pela campanha --o chamado tracking-- foi positiva para o candidato à reeleição
O presidente Jair Bolsonaro (PL) usou a cartada de prometer aumentar o salário mínimo para R$ 1,4 mil caso reeleito, mas não conseguiu, de maneira geral, falar para fora da bolha bolsonarista no último debate antes do segundo turno da disputa presidencial, disseram fontes da campanha à reeleição.
Segundo uma das fontes, o recado de que vai turbinar o salário mínimo no próximo ano "era o coelho na cartola", após Bolsonaro ter enfrentado dificuldades com informações de que a equipe econômica pretenderia desindexar o reajuste do mínimo do aumento da inflação no próximo ano.
Segundo essa fonte, a avaliação instantânea do debate feita pela campanha --o chamado tracking-- foi positiva para o candidato à reeleição.
Logo após a fala de Bolsonaro sobre o salário mínimo, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), um dos seus coordenadores da campanha, publicou uma imagem de Bolsonaro com o valor prometido nas redes sociais e foi seguido por aliados.
Esse reajuste, entretanto, não consta da peça orçamentária do próximo ano que tramita no Congresso na qual a previsão do mínimo é de 1.302 reais.
As duas fontes consideram que o presidente foi bem em expor o que chamam de mentiras do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante o debate. Apesar disso, segundo uma dessas fontes, o presidente novamente não conseguiu falar para além do seu eleitorado fiel no debate.
"Foi soma zero, não conseguiu virar", disse essa fonte. Bolsonaro aparece entre cinco e seis pontos percentuais atrás de Lula nas pesquisas de intenção de voto para a eleição de domingo.
Uma terceira fonte da campanha disse que Bolsonaro não foi bem nos dois primeiros blocos do debate. Disse que foi muito repetitivo e sem desenvoltura, citando o fato de que ele nunca quis fazer media training. "Quem não treina, não aprende a jogar", afirmou.