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Bolsonaro nega corrupção no governo; Lula diz que MEC 'distribui dinheiro para maus pastores'

Escândalos na Educação foram revelados pelo 'Estadão'; petista foi alvo da Lava Jato, teve ações anuladas na Justiça e chamou Moro de mentiroso

24 set 2022 - 13h45
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CAMPINAS, BRASÍLIA E SÃO PAULO - Ovacionado em comício em Campinas (SP), durante evento de campanha neste sábado, 24, o presidente Jair Bolsonaro disse que completou três anos e oito meses de governo sem corrupção no Brasil. "Isso é obrigação", afirmou o candidato à reeleição pelo PL. Já em São Paulo, o principal rival do mandatário, o petista Luiz Inácio Lula da Silva, citou episódios de suspeitas de corrupção no Ministério da Educação (MEC) revelados por uma série de reportagens do Estadão. "Agora, o MEC não compra mais livros. O MEC distribui dinheiro para os pastores", disse o ex-presidente.

O presidente saiu em defesa própria e do governo. "Acusam-me de tudo, mas não me chamam de corrupto", disse. No entanto, além dos escândalo no MEC que levaram à prisão do ex-ministro Milton Ribeiro, que depois foi solto, com suspeitas de pagamento de atuação de um gabinete paralelo e pedidos de pagamentos de propina em barras de ouro, o UOL mostrou a compra de 51 imóveis pelo clã Bolsonaro com dinheiro vivo. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), inclusive, tentou censurar a publicação, mas não obteve êxito.

"Dizem que eu digo palavrão. Sim, digo palavrão, mas não sou ladrão", afirmou, usando a palavra para se referir a Lula. "Sou um cidadão, sou caipira, sou um capiau do interior de São Paulo, mas não sou ignorante como é esse ladrão", disse, arrancando mais uma vez gritos de "mito, mito" entre os presentes ao comício. Na quinta-feira, 22, no Programa do Ratinho, do SBT, o petista afirmou que o atual chefe do Executivo é "ignorantão", "xucro" e parece um "capiau do interior de São Paulo".

Bolsonaro afirmou que sabe das potencialidades do Brasil e que é um presidente que quer ordem, paz e progresso. "Mas se precisar lutar contra essa quadrilha do Lula, nós lutaremos", disse, ao afirmar pela terceira vez no comício que "povo armado jamais será escravizado". Neste momento, os apoiadores começam a bradar: "Lula, ladrão, seu lugar é na prisão".

Depois de dizer que tem recebido o apoio de motociclistas por todas as partes do País que tem visitado, o chefe do Executivo mencionou que foi acolhido em Garanhuns (PE), com honra de chefe de Estado pelo povo da região - Lula nasceu no local. "Todo o Brasil está conosco. A vitória será no primeiro turno", previu. Pesquisas de intenção de voto, no entanto, apontam o petista à frente, e com possibilidade de vencer ainda na primeira fase da eleição.

Ao final do comício, Bolsonaro comparou as chapas com mais chance de vitória: "Do lado de cá, dois militares, dois soldados que serviram ao Brasil. Do lado de lá, dois ladrões", citou, em referência também ao vice de Lula, Geraldo Alckmin (PSB), ex-tucano e ex-governador de São Paulo. Um, conforme Bolsonaro, roubou o Brasil por 14 anos, e o outro teria roubado a merenda de escolas de São Paulo por oito anos.

O candidato do PL pediu para que seus seguidores ajudassem a convencer conhecidos que ainda estão em dúvida sobre em quem votar, dizendo que basta apresentar o rumo que países tomaram ao seguirem "essa ideologia comunista". "É só mostrar o quanto o Brasil foi saqueado de 2003 a 2015?, disse. O presidente citou o endividamento da Petrobras durante as gestões do PT e cifras que teriam sido "saqueadas" também do Banco do Brasil, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Caixa Econômica Federal.

"Esse é o governo do PT. Esse é Luiz Inácio Lula da Silva, o maior ladrão que passou pela história da humanidade. O nosso povo não merece que esse bandido volte para a cena do crime", afirmou.

Reação de Lula

Em comício com apoiadores no bairro do Grajaú, no extremo sul da capital paulista, Lula tentou associar o governo Bolsonaro à corrupção. "Vocês viram a corrupção do ministro da Educação ajudando maus pastores", afirmou. Para evitar mal-estar com o eleitorado religioso, o candidato ressaltou que a crítica é voltada aos "maus pastores". "A gente respeita a igreja evangélica", disse, na semana que um empresário denunciou pedido de propina dentro do pneu na pasta da Educação, conforme revelou o Estadão.

Lula e Padilha fazem campanha no Grajaú Foto: Divulgação

Foi nos governos do PT, porém, que veio à tona o esquema do petrolão, revelado pela Operação Lava Jato. A Petrobras foi alvo de desvios para beneficiar partidos políticos da base de gestões petistas. Lula foi investigado, condenado e preso, mas as ações foram anuladas, o que restituiu os direitos políticos do ex-presidente. O petista voltou a criticar o ex-juiz Sergio Moro, a quem chamou de mentiroso.

Ao reforçar o discurso de contraposição a Bolsonaro, Lula prometeu desfazer a política armamentista do atual governo. "A gente não vai facilitar mais a compra de arma. A compra de arma, como Bolsonaro está fazendo, é para dar facilidade para o narcotráfico ter acesso a arma. Homem sério, família séria não precisa de arma dentro de casa", disse o petista.

Na pauta econômica, Lula disse ser preciso reduzir a inflação para ajudar as famílias na hora de fazer compras no supermercado. "Não tem coisa mais triste no mundo do que uma mãe ou pai não atender ao desejo de um filho de comer uma bolacha", disse o ex-presidente. "É preciso dizer para vocês: o salário mínimo vai voltar a aumentar todo ano."

Em campanha por uma vitória em primeiro turno, Lula buscou, no comício no Grajaú, reforçar a imagem de "candidato da paz" que adotou na campanha. "Até o dia 2, temos visitar casa por casa, bar por bar, igreja por igreja, fábrica por fábrica, para pedir voto para o 'Lulinha paz e amor'", disse, resgatando mais uma vez o slogan das eleições de 2002, quando precisou fazer aceno ao centro para vencer a disputa presidencial da época, quando foi eleito pela primeira vez.

Estadão
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