Bolsonaro promete salário mínimo de R$ 1.400, e Lula diz ser fácil prometer
No início do último debate entre candidatos à Presidência, presidente e petista trocaram acusações sobre economia
No último debate entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) antes do 2º turno das eleições, realizado nesta sexta-feira, 28, os candidatos trocaram acusações sobre o reajuste do salário mínimo e os direitos trabalhistas.
Bolsonaro foi quem abriu o debate fazendo a primeira pergunta na dinâmica em que ambos os candidatos discutem ideias por 20 minutos. O presidente quis saber de onde partiu as notícias falsas de que ele cortaria direitos do trabalhador, como férias e 13º, e prometeu salário mínimo de R$ 1.4000 a partir do ano que vem, sem explicar de onde tiraria o dinheiro para o aumento.
O salário mínimo não teve nenhum reajuste acima da inflação ao longo do primeiro mandato do presidente Jair Bolsonaro. A última alta real entrou em vigor em 1º de janeiro de 2019, aprovada pelo governo Temer.
Lula iniciou sua resposta agradecendo a Deus e diz representar a democracia, mulheres vítimas de agressão, trabalhadores, estudantes, o povo negro e quem ama a liberdade. Sobre o reajuste de salário, o petista disse que é "fácil Bolsonaro fazer promessas em época de eleição", e quis saber por que, durante quatro anos, o presidente não concedeu aumento, apenas reposição salarial.
"A verdade é que eu aumentei o salário mínimo em 77%. Você não aumentou, apenas concedeu a inflação. Agora, é fácil chegar e prometer. Quero que diga, claramente, porque durante quatro anos você não aumentou o salário mínimo?", questionou.
Na resposta, Bolsonaro ressaltou que seu governo enfrentou a pandemia de covid-19, inflação e crise. "Ele não responde, não quer explicar a fake news sobre caçar férias, 13º e hora extra", afirmou o presidente. "Mentiroso! Eu nunca falei isso. Você fala isso para influenciar as pessoas mais humildes."
"O povo sabe quem é mentiroso", encerrou Lula na primeira rodada do debate.
Declaração de Guedes inflou debate
A correção do salário mínimo ganhou destaque na reta final da campanha eleitoral de 2022, após o ministro da Economia, Paulo Guedes, ter afirmado que o governo estuda desvincular o reajuste do salário mínimo e de aposentadorias do índice de inflação do ano anterior.
Com a repercussão negativa, Guedes recuou e tentou explicar a afirmação. "É claro que vai ter o aumento do salário mínimo e aposentadorias pelo menos igual à inflação, mas pode ser até que seja mais. Quando se fala em desindexar, as pessoas geralmente pensam que vai ser menos que a inflação, mas pode ser o contrário", disse ele.
Reta final do segundo turno
Assim como no primeiro turno, Lula se manteve numericamente à frente de Bolsonaro em todas as principais pesquisas eleitorais do segundo turno. Segundo o último levantamento do Datafolha, divulgado na quinta-feira, 27, o petista aparecia com 53% dos votos válidos, contra 47% do atual presidente. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos.
No primeiro turno, o ex-presidente alcançou 48,4% dos votos. No total, foram 57.259.504 votos para Lula, 6,1 milhões de votos a mais que o total de votos recebidos por Bolsonaro. O presidente recebeu 51.072.345 votos (43,20% dos votos válidos). O segundo turno será realizado no próximo domingo, 30.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) realiza, a partir das 17h de domingo, o processo de apuração dos votos das Eleições 2022, nas quais serão eleitos 12 governadores, além do novo presidente da República. Todos vão cumprir mandato entre 2023 e 2026.
O Terra fará a cobertura completa das eleições e contará, em sua página principal, com um placar que trará os resultados atualizados, diretamente do TSE. Em parceria com o Poder360, será transmitida uma live com todos os detalhes da votação e também da apuração. A live está prevista para domingo, às 16h.